Coluna | Boca Maldita
Dacio Helene Júnior
Cronista. Sou inconformado com todos os desmandos políticos e odeio profundamente os causadores. Quero que o diabo os tenha em sua infinita desgraça!
Santa Guilhotina
10/04/2006
A mídia tem mostrado sem descanso o quanto somos vergonhosamente roubados pelos políticos que deveriam nos defender e proteger...

Na França do século XVIII, ainda sob o domínio de políticos inescrupulosos foi criada a mais conhecida “máquina de matar”.

O alarde correu por toda Paris. Que fossem a Place de Grève para assistir uma execução com uma nova máquina. Os bairros patriotas mobilizaram sua gente para vê-la ser experimentada num ladrão comum, um tal de Pelletier. Era o dia 25 de abril de 1792 quando a multidão começou a aglomerar-se em frente ao patíbulo. Sobre ele, lá em cima, coberto com um pano cheio de breu, estava o assustador artefato.

Comentou-se que Samsom, o carrasco oficial da cidade, havia se exercitado antes em vários repolhos. A multidão calou-se. Traziam o condenado. A cabeça dele havia sido tosada para que os cabelos do pescoço não criassem embaraços ao assustador fio da lâmina. O verdugo estendeu o desgraçado numa prancha, amarrado e soltou a alavanca que prendia a lâmina. O aço, com traçado diagonal, deslizou velozmente pelas guias com a precisão esperada e confirmou a expectativa. A cabeça foi separada do corpo com tal facilidade que passou a impressão de que a ele, nunca estivera presa! A multidão exclamou uníssona, fascinada pelo espetáculo e pelo horror.

Mais tarde, com a sucessão das execuções, requintes macabros foram aparecendo, como a cabeça do condenado sendo exposta ao público, suspensa pelos cabelos e ainda recebendo tapas em suas faces, imaginando ainda ser possível impor humilhação ao decapitado...

Ler um texto como esse causa um certo desconforto, não é mesmo?

- Você acha que o dinheiro roubado do povo brasileiro não mata ninguém? Mata muito mais que a guilhotina matou na Revolução Francesa. Só que silenciosamente. Todos os dias, todas as horas. Não para nunca! Você não vê a lâmina descendo nem a cabeça sendo separada do corpo... Nem o sangue esguichando... Daí, sua postura de indiferença! Criminosa indiferença!

Fala-se tanto em cobrar impostos de infelizes que mal dão conta de sobreviver, mas não vejo a mesma determinação em punir ladrões e manipuladores incompetentes do que já foi arrecadado...

- Sabe porquê? Quanto mais em caixa, maiores as possibilidades! Tão elementar e antigo quanto aquele hábito de “fazer coco agachado”.

Meia dúzia de “vagabundos” que roubam milhares de reais que poderiam estar em leitos, medicamentos, UTIs, remuneração de profissionais, educação e segurança estão ceifando vidas de inocentes e crianças esquecidas pelo social. Esquecidas uma ova! Roubadas! Assassinadas! - E o que faz o governo?? Alega falta de recursos, quando na realidade falta coragem, vergonha na cara, competência, dignidade ou quem sabe, talvez até mesmo, uma guilhotina.

"Repleta teu cesto divino com cabeças de tiranos.../Santa Guilhotina, protetora dos patriotas,/Rogai por nós./Santa Guilhotina, calafrio dos aristocratas,/Protegei-nos!"

Prece revolucionária, 1792-1794. Paris, França.

Porque podem miseráveis morrer à espera de socorro em um pronto atendimento médico e crápulas não podem ter a cabeça separada do corpo em praça pública? A dor dos pais que imploram pelo filho agonizando em seus braços é menor que a dor da família do “crápula decapitado”? - É menor? Responda!

Porque podem ser mantidos os sobreviventes do lixo, da seca, e não podem ser eliminados do solo nacional aqueles senhores que se aproveitam do “cargo e da imunidade parlamentares” para praticar o impraticável e justificar o injustificável? Não bastasse isso, ainda dançam sobre os escombros da mediocridade...

Quando se “abate” um tipo assim, não se matou ninguém... Salvaram-se muitos! Isso sim!

Eu me recuso a pagar impostos para alimentar tipos como esses, caso venham a ser detidos em presídios, ação da qual duvido! Não são apenas ladrões. São assassinos potencialmente perigosos!

Engraçado com a caverna esconde menos que terno e a gravata. Como a caneta mata mais que a metralhadora. Como o título faz sangrar mais que a simplicidade.

Engraçado e triste é constatar que a nobreza de caráter há muito abandonou os corredores suntuosos do poder, se é que algum dia esteve presente...

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