As pessoas se relacionam conosco exatamente da forma como permitimos. Esta é uma constatação difícil de ser aceita porque ficamos nos questionando e tentando justificar o nosso sofrimento no comportamento dos outros em relação a nós. É a velha história de responsabilizar alguém pelo que nos acontece, pois fica mais fácil e cômodo. Se colocamos como causa de nossas insatisfações, as injustiças que cometem contra nós, nos abstemos de encontrar a verdadeira causa, e assim, optamos pelo comodismo.

A partir do momento que nos colocamos como donos de nosso destino, passamos a ter responsabilidade por tudo o que nos acontece, mas, infelizmente, não fomos culturalmente preparados para isso. Ser responsável por algo implica assumir nossas falhas, em ter que tomar posição, optar e em muitas vezes se ver recomeçando.

Sabemos que recomeçar dá trabalho e amedronta. Fomos condicionados a temer o desconhecido, a nos apegar ao que acreditamos possuir, mesmo quando constatamos que o que temos é pouco, que está aquém do que realmente merecemos e desejamos.

Amargamos uma vida insatisfatória por anos e anos, simplesmente pela nossa baixa autoestima, que nos torna covardes e medrosos. E assim passamos a vida morrendo um pouco a cada dia, antecipando a morte real, que um dia virá, mas que somente será entendida a partir da consciência espiritual e da qualidade de vida que nos impomos no hoje.

Impomos a nós mesmos uma negação que anula nossa capacidade de tornarmos merecedores de algo melhor do que o pior que nos impusemos. Interessante que isto ocorre mesmo quando vislumbramos a possibilidade de uma mudança positiva, mas que muitas vezes fica reprimida e é ignorada pela nossa falta de coragem.

Passamos pela vida manifestando comportamentos repetitivos, de uma incrível semelhança que nos aproxima dos animais irracionais, que agem puramente pelo instinto, com a diferença de que esses seres ditos “sem consciência”, pelo menos seguem uma lógica de sobrevivência, enquanto nós “os racionais” preferimos persistir contrariando o verdadeiro desejo interior de satisfação e felicidade.

Procuramos o que desejamos e precisamos. Isto é fato concreto. Ninguém persiste em uma situação se de alguma forma não encontra satisfação nela, mesmo que esta “satisfação” contrarie a lógica do bom senso, sendo até mesmo desprezível do ponto de vista da evolução humana.

A questão é encontrar em nós uma explicação para este incontido desejo de sofrer, contaminando a tal ponto nosso inconsciente que nos torna incapazes de libertar-nos de situações que provocam desprazer.

A solução deste problema deve ser buscada a partir de um exame de consciência, um olhar para o nosso interior e uma imediata e firme decisão de assumir o controle da própria vida, procurando descobrir as mensagens que emitimos ao mundo e que acabam retornando para nós em forma de sofrimento.

A conquista de algo bom para nossas vidas começa a partir de um desejo, um sonho. Da mesma forma, se adotamos um comportamento esperando sempre o pior, o insucesso, o sofrimento, é isto que receberemos.  Assim como os objetos são usados para a função a qual se destinam, as pessoas também são tratadas da maneira que elas se posicionam e se dispõem a serem tratadas por seus semelhantes. A vida é sempre de dentro para fora, portanto se interiormente nos sentimos desprezíveis, será exatamente esta imagem que passaremos para a sociedade e é assim que seremos tratados pelas pessoas que se relacionam conosco.

Por outro lado, se interiormente nos sentirmos dignos e nos valorizarmos enquanto seres humanos, consequentemente passaremos essa imagem ao mundo, conduzindo nossas vidas para realmente sermos respeitados e valorizados!