As sete maiores casas noturnas de VArginha estão irregulares no quesito segurança e oferecem risco de morte aos freqüentadores. Foi o que concluiu uma equipe do Corpo de Bombeiros, após vistoria no último final de semana. De acordo com o aspirante Luiz Fernando Marangon, que comandou a operação, a situação é crítica em todos os locais fiscalizados, exigindo providências urgentes. Segundo o bombeiro, tragédias como a do Canecão Mineiro, em Belo Horizonte, que pegou fogo em 24 de novembro de 2001, matando várias pessoas, ou a registrada em uma boate na Argentina, no Reveillon, com dezenas de vítimas, podem se repetir na cidade, a qualquer momento. "Se o circo pegar fogo e não houver para onde correr, só restará chorar as perdas".
As irregularidades mais graves, segundo o aspirante, estão nas saídas de emergência, usadas em caso de incêndio ou tumulto. "As portas, quando existem, ou estão trancadas, ou possuem abertura para dentro. Há também aquelas que dão para locais que não comportam um grande fluxo de pessoas. Encontramos casos em que a porta de saída de emergência dá para um beco utilizado para armazenar botijões de gás e caixas de som. Outras dão para escadas estreitas, sem corrimão, em curva, sem vazão adequada". Ainda de acordo com o aspirante, falta iluminação de emergência e sinalização em todos os estabelecimentos.
Além do comprometimento das saídas de emergência e das escadas, que são verdadeiras armadilhas, as casas noturnas de Varginha cometem muitas outras infrações, como falta de piso antiderrapante nas saídas e corrimão inadequado. Há fiação elétrica exposta e os tetos foram feitos com material de alta combustão.
A vistoria foi feita a pedido do Ministério Público, que ainda ontem receberia o relatório dos bombeiros. O aspirante Marangon acredita que os locais com problemas mais sérios sejam interditados até que os proprietários ou responsáveis tomem as providências. "O Corpo de Bombeiros só pode interditar um estabelecimento desde que o risco seja iminente. Nos demais casos, deve ter também o respaldo do Ministério Público ou da prefeitura".
A Corporação aguarda, agora, novas instruções do Ministério Público para agir, interditando e cobrando adequações nos locais visitados. Quem não se adequar no tempo determinado, poderá ser notificado, pagar multas ou perder o alvará de funcionamento do estabelecimento. O rigor das exigências, lembra o bombeiro, visa a proteção dos freqüentadores. "Nossa função é trabalhar para proteger o patrimônio, e, principalmente, a vida. Se não há um trabalho e um rigor preventivos, as conseqüências podem ser muito graves e incontornáveis", disse o aspirante Marangon. Segundo ele, a vistoria continua nos próximos dias, mas não revelou data.
Matéria Publicada no Jornal Hoje em Dia