O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) confirmou nesta sexta-feira (16/05) a detecção do primeiro foco de influenza aviária de alta patogenicidade (IAAP) em um matrizeiro de aves comerciais no Brasil. O caso foi identificado no município de Montenegro, no estado do Rio Grande do Sul. Esta ocorrência, inédita em sistema de avicultura comercial no país, já impacta a exportação de aves, com a suspensão das vendas para a China por questões contratuais, conforme informado pelo próprio ministério.
Em nota oficial, o Mapa reiterou que a doença não representa risco de transmissão para humanos através do consumo de carne de aves ou ovos. O órgão frisou que "a população brasileira e mundial pode se manter tranquila em relação à segurança dos produtos inspecionados, não havendo qualquer restrição ao seu consumo". O ministério complementou que o risco de infecções em humanos pelo vírus da gripe aviária é considerado baixo, ocorrendo na maioria dos casos apenas em tratadores ou profissionais com contato intenso com aves infectadas.
Diante da detecção, o Mapa informou que medidas de contenção e erradicação do foco foram prontamente adotadas, conforme previsto no plano nacional de contingência. Essa ação visa não apenas combater o foco específico, mas também garantir a manutenção da capacidade produtiva do setor, assegurando o abastecimento e a segurança alimentar da população. O ministério também comunicou oficialmente a ocorrência a entes das cadeias produtivas, à Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), aos Ministérios da Saúde e do Meio Ambiente, além dos parceiros comerciais do Brasil, destacando que o Serviço Veterinário brasileiro está preparado. Desde 2006, casos de IAAP têm sido mais frequentes na Ásia, África e norte da Europa.
A confirmação deste foco em uma granja comercial no Rio Grande do Sul deve impactar o volume de exportações do Brasil nos próximos meses. Levantamento preliminar da consultoria Safras & Mercado estima que entre 15% a 20% das vendas mensais de carne de frango podem ser afetadas, já que o estado, o terceiro maior exportador do país, teve suas vendas suspensas. A União Europeia e a China, um importador crucial, já interromperam a compra de carne de frango brasileira. Estima-se que o estado gaúcho enfrente prejuízos significativos. O analista Fernando Iglesias, da Safras & Mercado, destaca que a China importa mais de 40 mil toneladas mensais do RS, representando mais de 10% das exportações totais brasileiras. Ele aponta que isso pode resultar em maior disponibilidade de produto no mercado doméstico, com potencial para recuo das cotações. Iglesias acrescenta que, apesar da gravidade, acordos comerciais podem permitir que países como Japão e do Oriente Médio restrinjam compras apenas do RS ou áreas afetadas, mantendo outras regiões do Brasil abertas. O RS também exporta volumes relevantes para Emirados Árabes (cerca de 8,37 mil toneladas/mês), Arábia Saudita (7,6 mil t/mês) e Japão (2,16 mil t/mês).
O ministro Carlos Fávaro, em declaração nesta sexta-feira (16/05), reiterou que, embora o Rio Grande do Sul esteja temporariamente suspenso das exportações para alguns destinos, cumprindo protocolos sanitários, o restante do Brasil "continua com o fluxo comercial normal". Ele confirmou que foi decretada emergência zoossanitária por 60 dias em Montenegro, abrangendo um raio de dez quilômetros ao redor do estabelecimento afetado. Esta área de restrição pode ser ajustada futuramente pela Secretaria de Defesa Agropecuária do Mapa.
