A menos que o usuário o oculte, todos os sites e plataformas que ele visitar terão acesso ao seu endereço IP. Basta pesquisar “meu IP” no Google para verificar isso. Milhares de páginas aparecerão com a promessa de mostrar todos os dígitos do seu IP em segundos. E o pior de tudo, algumas ainda se oferecerão para revelar mais detalhes sobre esse endereço virtual.
O problema disso? Sua privacidade e segurança podem estar em risco.
O que é endereço IP?
A sigla IP vem de Internet Protocol (ou protocolo de internet), nome dado ao conjunto de regras que regem o tráfego de dados na rede. O endereço IP, por sua vez, é o código usado para identificar o seu dispositivo na internet. Essa identificação é importante para que outros aparelhos e servidores possam reconhecê-lo e trocar informações com ele.
As páginas da web que você visita também possuem endereços IP, então, numa versão simplificada das coisas, esses endereços servem como um meio de estabelecer uma conexão entre dois dispositivos ou páginas para a troca de dados.
Assim, sendo essencial para o bom funcionamento da rede, é fácil de entender por que o seu endereço IP é exposto a praticamente todo mundo. A questão é o que as pessoas podem fazer com essa informação.
O que o IP revela sobre você?
Como mencionado, seu endereço IP é, em termos gerais, um número que identifica você na internet e, como tal, ele pode ser usado para diversas finalidades. Em situações normais, ele é o responsável por fazer com que serviços básicos, como sua navegação na internet e a transmissão de suas séries favoritas na Netflix, funcionem como esperado.
No entanto, quando nas mãos de pessoas erradas, o IP pode ser usado de outras maneiras, causando desde inconveniências menores até problemas mais graves. Abaixo estão algumas possibilidades.
1 – Spam personalizado
Uma das estratégias modernas de marketing é manter rastreadores em certas páginas da web para gravar o seu IP e enviar anúncios baseados na sua navegação. Assim, caso você leia muitos artigos sobre determinada banda musical, comerciais direcionados àquele grupo ou mesmo àquele estilo de música particular serão provavelmente encaminhados à sua telinha.
2 – Localização geográfica
Ao pesquisar um endereço IP, é possível descobrir a cidade de onde o usuário está acessando a rede. Com um pouco mais de dedicação, não é impossível que os criminosos também encontrem o endereço real do usuário e o vigiem por meio das redes sociais para planejar assaltos ou roubos.
3 – Restrições geográficas
A sua geolocalização também tem impacto no fornecimento de alguns serviços na rede, como por exemplo as plataformas de streaming. De posse de seu endereço IP, muitas companhias usam essa informação para limitar seu acesso a determinados conteúdos e páginas. É por isso que o catálogo da Netflix, por exemplo, é diferente dependendo do país em que você se encontra.
4 – Ataques DoS ou DDoS
Um dos piores problemas que pode ocorrer com a exposição do seu IP a estranhos são os ataques de DoS e DDoS. Para quem não conhece os termos: em resumo, esses ataques são usados para impedir que o usuário acesse alguns recursos da rede, como certas páginas ou plataformas. Um exemplo comum de como isso pode ocorrer é por meio do bombardeamento do endereço IP com solicitações de servidor, o que o deixa sobrecarregado e impossibilitado de trabalhar normalmente.
Como funciona o rastreio do IP?
Para entender o funcionamento do rastreio do IP, primeiro deve-se ter em mente a lógica geral da internet. De início, os dispositivos e sites se conectam usando seus IPs, reconhecendo-se mutuamente, de modo que um saiba para onde enviar a informação solicitada pelo outro. É nesse “reconhecimento mútuo” que ocorre o rastreio do IP.
Para exemplificar, ao visitar uma página, sua rede envia uma solicitação com seu endereço IP ao servidor do site. Então, esse servidor aceita o pedido, tem acesso ao seu endereço IP e, por meio dele, encaminha a resposta que foi solicitada, isto é, as informações do que compõe o site para que o usuário possa visualizá-lo.
Com isso, a página, o servidor e seu provedor de internet podem relacionar seu endereço IP com o site visitado. Desses três, apenas o seu provedor mantém um registro dessa relação. Mas, em tese, um terceiro qualquer, sem nenhuma ligação com os polos mencionados anteriormente, não tem acesso a esses dados.
O problema ocorre quando seu provedor compartilha esses registros com outras pessoas. É quando o rastreio do IP viola sua privacidade.
Cookies e impressão digital online (fingerprinting)
Por fim, um esclarecimento final se faz pertinente. Quando se fala em privacidade online, há uma enorme confusão sobre o que são cookies e impressão digital online, e sua relação com o endereço IP. Abaixo, uma breve explicação sobre cada um.
Cookies vs Endereço IP
Os
cookies são pequenos arquivos de textos, em geral armazenados no próprio navegador, que contêm dados sobre o usuário e suas atividades de navegação, como o endereço IP. Basicamente, existem dois tipos de cookies, os próprios dos sites visitados, que ajudam a aprimorar a experiência do usuário, e os terceirizados, também conhecidos como cookies rastreadores. Esses últimos juntam dados sobre sua navegação e vendem, em geral, a empresas de marketing.
Como contêm muito mais informações sobre o usuário, os cookies são potencialmente mais perigosos que o mero endereço IP.
Impressão digital online vs Endereço IP
O fingerprinting (ou “impressão digital online”) é uma prática de rastreamento baseada em scripts próprios que as páginas possuem em segundo plano para coletar diversos dados sobre o usuário, como tipo de navegador, fuso horário e preferência de configuração. Com o conjunto dessas informações, um “perfil exclusivo” do usuário é montado de modo que ele possa ser identificado em qualquer plataforma que ele utilize na web, apenas pela comparação com esse conjunto de características coletadas.
Ao contrário dos cookies, o fingerprinting ocorre na surdina, possivelmente expondo muito mais sua privacidade. Por isso, ele também pode ser mais danoso que o IP.
