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'A luta é muito difícil', afirma varginhense Érika Tobias no Dia Internacional contra a Discriminação Racial

Iago Almeida | 22/03/2021 - 11:17:38

Foi celebrado neste domingo, 21 de março, o Dia Internacional contra a Discriminação Racial, uma importante data que reforça a luta contra o preconceito racial em todo o mundo. A luta contra a discriminação racial só começou a se intensificar no Brasil após a Constituição Federal de 1988, que incluía o crime de racismo como inafiançável e imprescritível.

 
A eliminação de qualquer tipo de discriminação é um dos pontos centrais da Declaração Universal das Nações Unidas: “Discriminação Racial significa qualquer distinção, exclusão, restrição ou preferência baseada na raça, cor, ascendência, origem étnica ou nacional com a finalidade ou o efeito de impedir ou dificultar o reconhecimento e exercício, em bases de igualdade, aos direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos político, econômico, social, cultural ou qualquer outra área da vida pública” (Artigo I da Declaração das Nações Unidas sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial).
 
Infelizmente, ainda hoje o preconceito e discriminação racial são latentes em várias partes do mundo, inclusive no Brasil. Quando se fala em “combate a discriminação racial” significa acabar com todos os tipos de intolerâncias relacionadas com a etnia ou cor de pele do indivíduo, seja ele negro, branco, índio, oriental...
 
Em entrevista exclusiva ao Varginha Online, Érika Tobias falou sobre a importância da data e sobre o trabalho que desempenha em Varginha, na busca pela igualdade e pelo extermínio do racismo. Agora, Érika é líder de Diversidade no Grupo Unis, cargo que assumiu no começo deste ano. 
 
 
"O trabalho de diversidade é muito amplo e aberto. Vamos trabalhar com colaboradores, alunos e empresas com a ideia de empoderar para transformar. A diversidade é bem ampla, queremos trabalhar sobre tudo, inclusive com o envolvimento com a comunidade", afirmou. 
 
Érika, além de Líder da Diversidade no Unis, é membro do Parlamento das Mulheres na Câmara de Varginha; membro do Compir (Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial); secretária do Projeto Capoeira Nova Visão e mãe do Isaías. Confira entrevista completa: 
 
O Dia Internacional contra a Discriminação Racial é celebrado anualmente em 21 de março. Esta é uma importante data que reforça a luta contra o preconceito. Como você vê essa luta mundial, nacional e aqui em Varginha? 
 
Varginha apesar de ser uma cidade que cada dia, mas se torna referência para o Sul de Minas em aspecto financeiro, as pessoas saem de suas cidades para construir uma vida economicamente melhor aqui, falo isso, pois a história da minha família é totalmente parecida. Meus pais saíram de Boa Esperança para morarem aqui em Varginha, então percebemos quando andamos nas ruas, escolas, igrejas, a diversidade de pessoas que temos em nossa cidade, mas não percebemos essas diversidades no mercado de trabalho, na política e até locais restrito como bares, restaurantes. Infelizmente Varginha ainda esta muito naturalizada a falta de oportunidade para um grupo grande de pessoas.  Mas não é só Varginha. As estatísticas de desigualdade social não mentem, são dados e dados que nos provam o tamanho que o Brasil é atrasado em questão de desigualdade. Hoje muito é falado sobre o racismo estrutural, ou seja, a historia nos fez chegar ao caos que a sociedade vive hoje é um reparo grande. Quando falamos em Discriminação Racial estamos dizendo sobre qualquer tipo de distinção, exclusão, restrição ou preferencial baseada na raça, ascendência, cor, origem nacional ou étnica, com a finalidade ou efeito de dificultar ou impedir o reconhecimento e/ ou exercício, em bases de igualdade, aos direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos social, politico, econômico, cultural ou qualquer área da vida publica , previsto na lei nº 12.288, de 20 de julho de 2010
 
Você notou alguma mudança significativa durante a pandemia? Viu aumento ou diminuição no número de casos de preconceito?  
 
Sim, além da crise na saúde e os efeitos financeiros, também existem as consequências sociais na nossa sociedade, o desemprego, no mercado de trabalho os pretos e pardos foram os mais prejudicados. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam dados de pretos e pardos que apontam mais de 56% da população foram os mais prejudicados. "Sempre que saem os relatórios, os indicadores sociais relacionados à população negra dão conta de uma condição pior. A crise não traz uma nova causa, um novo motivo em si mesmo. Mas ela escancara mais essa precarização a qual está submetida, historicamente, a população negra", afirmou o diretor do Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades, Daniel Teixeira. 
 
 
Você sempre esteve na linha de frente, quando o assunto é luta pelos direitos. Como você resume seus trabalhos por onde tem passado e o que você busca, como negra, mostrar à população sobre a importância dessa luta? 
 
Eu fico muito feliz, quando fala em linha de frente, mas não sinto assim, aqui em Varginha temos referências de pessoas e grupos que lutam nessa causa, a única diferença são mais os eventos, mas todos tiveram a colaboração de vários grupos como Preta Infoco, Roda Preta, COMPIR e diversas pessoas. E a minha família que realmente é que se destaca nessa minha luta, eles que não medem esforços para essa luta diária. Eu luto muito pelos meus direitos e tento ajudar aqueles sofrem preconceitos. A luta é muito difícil, mais resumo o meu trabalho como uma fonte de esperança para os menos favorecidos. Como mulher negra busco mostrar a população de Varginha a importância de sermos todos iguais numa cidade onde temos tanta diversidade. Quero muito que a população realmente lute por um mundo com a igualdade racial, um mundo aonde todos sejam antirracista.
 
Como você vê as leis e a movimentação dos políticos e autoridades a cerca da luta contra a discriminação racial? O que mais poderia ser feito? 
 
Acredito muito que existem alguns políticos que realmente estão lutando e dando espaço para essa luta contra a discriminação racial, que é uma luta de todos. Mas ainda vejo como o Brasil é atrasado nessas questões, cito o caso aqui em Varginha mesmo, quando nos falamos na questão politica, nunca tivemos uma mulher negra como vereadora, em questão de mulheres temos uma vereadora mulher, cito esse caso pois é a experiência que eu presenciei por ter sido candidata a vereadora. O que poderia ser feito é uma pergunta bem ampla, mas o poder publico, docentes gestões escolar, empresas, precisam estar atentos ao papel essencial que cumprem na formação dos cidadãos contra a discriminação social.
 
O que você, como líder e representante de muitos negros, busca sempre mostrar a sociedade varginhense? 
 
Que somos fortes, livres, que nossa cor e raça são lindas, que somos empoderados e que não precisamos nunca nos diminuir e abaixar a cabeça. Amo ser Negra. Viva a diversidade. Viva o amor entre todos nós. Viva a igualdade racial. 
 

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