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A pandemia escancara nossas desigualdades

Da redação | 28/09/2020 - 12:43:42
Em meio a esta pandemia do novo coronavírus, com mais de 4.600.000 de infectados e 140000 mortos, só no Brasil,  ficou ainda mais visível a questão das desigualdades sociais. Basta ver que 1% da população dos mais ricos do mundo detêm mais que o dobro da riqueza de 6,9 bilhões de pessoas, segundo relatório global da Organização Não Governamental Oxfam, divulgado em janeiro deste ano. Os bilionários do mundo, que somavam apenas 2.153 indivíduos, detinham quase 60% da população mundial. Seis brasileiros concentram a mesma riqueza que a metade da população mais pobre. Ainda segundo o estudo, o Brasil tem a segunda maior concentração de renda do mundo, perdendo apenas para o Catar. 
   
A partir de 2015, mais de 1 milhão de brasileiros passou a viver em condição extrema. Hoje já são 13,5 milhões de miseráveis no Brasil. Políticas dos governos de Michel Temer e Jair Bolsonaro contribuíram para os piores níveis dos últimos anos. O número de pessoas que vivem com renda inferior a R$ 145,00 mensais equivale  à população de países como Portugal, Grécia e Bélgica.
   
A base para definir linha de pobreza, segundo o Banco Mundial, é o valor de US$ 5,5/dia (R$ 22,00). E o Brasil tem 25,3% da população nessa condição, ou seja, 52,5 milhões, conforme o IBGE. Outros 6,5%, 13,5 milhões estão na linha de pobreza extrema, US$ 1,9 ( R$ 7,00/dia), conforme o Banco Mundial. E o rendimento médio da população preta ou parda representa metade do que recebem os brancos. Militares se indignaram com a afirmação de Gilmar Mendes de que o Exército se alia ao genocídio. Mas fica tão latente diante do fosso que separa ricos e pobres. 
   
Outra informação que corrobora a desigualdade: a Associação de Medicina Intensiva Brasileira revela que a mortalidade de pacientes de Covid 19 de UTIs públicas chega a 38,4%, quase o dobro das privadas, 19,5%. Tais dados ilustram a discrepância das realidades vivenciadas nestes tempos de pandemia pelas diferentes camadas sociais. O ministro da Economia, Paulo Guedes,  afirmou naquela reunião fatídica de 22 de abril que 40 milhões de testes seriam comprados por mês. Até hoje nada mais se falou ou foi feito. 
   
O que vemos também no noticiário nacional, ou mesmo no nosso entorno, é a dificuldade do distanciamento entre pessoas de uma mesma família, pois vivem em pequenas casas, casebres, palafitas, e são muitos membros. Outros não podem deixar de trabalhar, para não faltar comida na mesa, visto na família ter muitos desempregados, crianças fora das escolas e creches, quando as têm.
 
Como disse um grande articulista brasileiro, seria muito bom que os ricos ficassem mais ricos, os três maiores bancos do país tivessem mais dividendos, mas a desigualdade não fosse gritante e os do andar de baixo (palavras minhas) tivessem e ganhassem o suficiente para viver com dignidade. Fica a pergunta: por que onerar o assalariado, que paga impostos incompatíveis com sua renda? Por que não desonerar a folha de pagamento neste momento de dificuldade? Enfim, por que nenhum governante conseguiu, até hoje, taxar grandes fortunas? Dessa forma seria menor o ônus da União; poder-se-ia investir mais em educação, saúde e infraestrutura, sem déficit orçamentário. É vergonhoso saber que mais de metade da população não tem acesso a tratamento de esgoto e de água. Nossas escolhas políticas têm sido trágicas. Infeliz Brasil, infeliz povo brasileiro.
 
Vanilda Marques Porfírio
Jornalista e ambientalista, integrante do Movimento pela Paz e Não Violência
 

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