Coluna | Expressão
Fabricio Serafim
34, é economista e ativista social em Varginha-MG, escreve às quintas-feiras neste espaço, no jornal Correio do Sul (Varginha) e no Jornal do Estado (Pouso Alegre).
Só de Sacanagem: -Mulher, negra, lutadora e inconformada!
30/08/2007
Na voz da Ana Carolina, já foi um sucesso. Mas tenho que confessar: Fiquei emocionado ao ouvir o texto “Só de Sacanagem” da boca de sua autora, Elisa Lucinda. Atriz, jornalista, poeta, mulher, capixaba e negra. Brasileira como tantos milhões de outros. Lutadora, otimista, quase utópica, com um projeto – já aceito pelo governo estadual do Espírito Santo - de levar poesia à escola pública, mostrando aos alunos uma forma musical e nada rebuscada de contar histórias... Levando arte e esperança aos seus pequenos conterrâneos.

Meu artigo de hoje, tenho que confessar, é uma cópia! Uma cópia de algo que vale e deve ser divulgado! Uma homenagem àqueles que ainda têm a capacidade de indignação! Uma homenagem àqueles que pagam limpo aos que devem e recebem limpo do freguês. Uma homenagem a quem teima em ser honesto. Nem muito honesto, nem pouco honesto. Honesto. E ponto!

Só de Sacanagem

(texto de Elisa Lucinda, 49 anos, nascida em Vitória-ES, negra, atriz, jornalista e poeta)

Meu coração está aos pulos!

Quantas vezes minha esperança será posta à prova?

Por quantas provas terá ela que passar? Tudo isso que está aí no ar, malas, cuecas que voam entupidas de dinheiro, do meu, do nosso dinheiro que reservamos duramente para educar os meninos mais pobres que nós, para cuidar gratuitamente da saúde deles e dos seus pais, esse dinheiro viaja na bagagem da impunidade e eu não posso mais.

Quantas vezes, meu amigo, meu rapaz, minha confiança vai ser posta à prova?

Quantas vezes minha esperança vai esperar no cais?

É certo que tempos difíceis existem para aperfeiçoar o aprendiz, mas não é certo que a mentira dos maus brasileiros venha quebrar no nosso nariz.

Meu coração está no escuro, a luz é simples, regada ao conselho simples de meu pai, minha mãe, minha avó e os justos que os precederam: "Não roubarás", "Devolva o lápis do coleguinha", "Esse apontador não é seu, minha filha". Ao invés disso, tanta coisa nojenta e torpe tenho tido que escutar.

Até habeas corpus preventivo, coisa da qual nunca tinha visto falar e sobre a qual minha pobre lógica ainda insiste: esse é o tipo de benefício que só ao culpado interessará.

Pois bem, se mexeram comigo, com a velha e fiel fé do meu povo sofrido, então agora eu vou sacanear: mais honesta ainda vou ficar. Só de sacanagem!

Dirão: "Deixa de ser boba, desde Cabral que aqui todo mundo rouba" e vou dizer: "Não importa, será esse o meu carnaval, vou confiar mais e outra vez. Eu, meu irmão, meu filho e meus amigos, vamos pagar limpo a quem a gente deve e receber limpo do nosso freguês. Com o tempo a gente consegue ser livre, ético e o escambau."

Dirão: "É inútil, todo o mundo aqui é corrupto, desde o primeiro homem que veio de Portugal". Eu direi: Não admito, minha esperança é imortal. Eu repito, ouviram? Imortal! Sei que não dá para mudar o começo mas, se a gente quiser, vai dar para mudar o final!

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