Hoje mesmo, enquanto escrevo este artigo, estou em Maria da Fé, uma linda cidadezinha. A mais fria do estado. E espero comprovar esta fama, já que lá fora, cai uma chuva torrencial, o que deve fazer os termômetros despencarem.
Muitas destas cidades, como dizem por aí, só mudam de nome e de endereço. Em comum, lindas praças, geralmente muito bem cuidadas, onde aposentados passam as horas a “prosear” e onde os adolescentes namoram, à luz do dia, sem algo mais importante a fazer; imponentes igrejas, de construção suntuosa e decoração interna peculiar; casarões antigos, avarandados e com janelões pintados de azul, branco ou amarelo; ruas de paralelepípedo, cavaleiros e charreteiros andando pelas ruas; comércio de artesanato e doces, restaurantes com fogão a lenha, comida sempre saborosa e, o melhor: Um povo muito, muito hospitaleiro!
Andradas e Caldas, com seus vinhos e doces. Pouso Alto, Itanhandu, Itamonte e Passa Quatro, nas “Terras Altas da Mantiqueira”, com deliciosas pousadas e clima ameno. Areado, Alterosa, Conceição da Aparecida e Monte Belo, com sua arte em madeira, seus doces decorados e seus canaviais a perder de vista. Borda da Mata, Ouro Fino e Monte Sião, repletas de confecções de roupas de lã, linha, malha e pijamas. Carmo de Minas, Jesuânia, Olímpio Noronha, Cristina, Pedralva, Heliodora, Natércia, com suas ruas traçadas em torno da matriz e fazendas centenárias em seus arredores. Não é à toa que, andando por estas cidades, não é raro encontrar no comércio e nas ruas, forasteiros, vindos do Rio e de São Paulo, buscando a tão sonhada “qualidade de vida”, acolhidos – sempre - como filhos, nas terras sul mineiras.
O sul de Minas é um paraíso! E, como nos textos bíblicos, o caminho que leva ao paraíso não é fácil. Ou como diria uma personagem de um programa humorístico, os caminhos são duros, são cascudos...
Chupa essa manga: Em diversos trechos, o asfalto quase inexiste! Entre Lambari e Carmo de Minas, a estrada está em petição de miséria! Entre Cristina e Maria da Fé, uma região montanhosa, com muitas curvas, crateras dominam o cenário, colocando em risco as vidas daqueles que por ali se aventuram. Entre Machado e Poços de Caldas, passando por Campestre e Bandeira do Sul, a obra de “tapa buraco” deixou a pista com sobressaltos que mais se assemelham a “quebra-molas”. A situação não é diferente no trecho que liga Paraguaçu a Alfenas.
Cabem aqui algumas perguntas: E os turistas? Para onde vão? Preferirão eles enfrentar este verdadeiro “rali das alterosas” ou seguirão para as estâncias paulistas, com estradas duplicadas, asfalto atapetado e sinalização impecável? E os doentes, que dependem destes caminhos para conseguir tratamento em cidades vizinhas, com um pouco mais de estrutura hospitalar, a exemplo de Varginha, Pouso Alegre, Poços de Caldas, Alfenas, Lavras e Itajubá? Podem eles sacolejar em ambulâncias ou peruas das prefeituras, agravando seu estado de saúde? E os trabalhadores, que cortam estas rodovias, buscando e levando produtos e serviços? Podem estar à mercê da sorte, arriscando suas vidas?
Vamos reconhecer! Algumas obras estão em execução. Mas serão suficientes? Vale lembrar que o tempo da seca está no fim. Com a chegada “das águas”,
todos sabemos o que acontecerá, não é? Mais buracos, crateras e desmoronamentos de pistas voltarão a acontecer. E as vidas de nossos cidadãos e dos turistas que nos prestigiam, voltam a depender da boa vontade de nossos políticos...
E é para eles, que vai o meu recado hoje:
- O sul e o sudoeste de Minas Gerais, somados, têm 2,4 milhões de habitantes; PIB de mais de R$ 16 bilhões, segundo o IBGE e um eleitorado capaz de eleger dezenas de deputados, estaduais e federais; capaz de desequilibrar uma eleição para o Senado ou para o Governo Estadual!
Cuidado, senhores! Ou vocês cuidam de nós ou cuidaremos nós de esquecê-los, quando chegar a hora da urna!
Vamos fazer com que o caminho que leva ao paraíso seja menos penoso... Estamos de olho! E, repetindo o chavão: Chupa essa manga!
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