Coluna | Em Pauta
Renan Lenzi
Jornalista, formado em Gestão Pública (Unicesumar), concluinte do curso de graduação em matemática (UFSJ) e graduando em Engenharia Civil (Unis). Foi assessor parlamentar. Atuou como repórter do jornal Gazeta de Varginha e do Jornal O tempo de Betim.
Uma triste experiência de vida
17/10/2014
No espaço de hoje falarei sobre uma experiência pessoal. Na quarta-feira (8), juntamente com minha noiva, procuramos um veterinário da cidade para o socorro de um gato de estimação da família. Jovem, com apenas 3 anos, apresentou emagrecimento repentino com diarréia e vômitos. O veterinário que o atendeu deu o diagnóstico de rinotraqueíte, uma doença viral que ataca o sistema respiratório dos felinos.  Ele mesmo apurou que o gato estava com febre e levantando sua pele, que não tinha elasticidade para retornar, que ele estava desidratado. Receitou então antibióticos, vitaminas, antitérmico e soro para serem administrados via oral. Todos, obviamente, para serem comprados com agilidade em seu pet shop – junto com a clínica. Mesmo com a nossa insistência para que ele recebesse o soro venoso, afirmou por mais de uma vez que ele não poderia receber soro na veia, teria que ser ingerido. Aplicou-lhe duas injeções e nos mandou para casa. 

Quem já lidou com gatos sabe da dificuldade de administrar a eles medicamentos via oral. Com paladar e olfato muito apurados, os gatos são bastante seletivos com o quê consomem. Mesmo assim, com paciência, carinho e cuidado os medicamentos receitados foram dados. O soro oral oferecido durante toda a noite e madrugada. Mas, ele piorava. Com miados de dor e medo, por vezes tentava se esconder. E os vômitos e diarréia foram aumentando.

Apesar de na receita do referido veterinário estar estampado com destaque o atendimento 24 horas, com três telefones celulares, o profissional não atendeu a nenhuma ligação. Atendendo apenas, com voz de sono, no início da manhã. Quando recebeu nosso pedido de ajuda, informou: “Me leve ele após 9h, quando a clinica abre”. E com a nossa insistência pela urgência, declarou: “Não adianta levar agora, eu não tenho soro, vou ter que ver se consigo algum fornecedor para me entregar”.  Foi aí que tivemos consciência do quê estava acontecendo. Na verdade, não é que ele não podia injetar o soro, é que ele não o tinha. 

Conseguimos então que ele fosse atendido de imediato na Clínica Veterinária Bom Pastor, onde recebeu a atenção devida, cuidados e foi internado com agilidade. Lá, sob os cuidados do Dr. Aristeu e da Dra. Andreza, ficou internado de quinta-feira a domingo, recebendo nossas visitas e todo o carinho e tratamento de profissionais competentes e humanos. No domingo fomos informados de que seu quadro clínico piorara muito.  A diarréia e vômito continuaram e impediam que ele fosse reidratado. Ele estava indo embora, depois de ter lutado muito pela vida, um verdadeiro guerreirinho. Se esforçou, fez sua parte, não parou de comer, de tentar se movimentar e interagir. Aquela pequena estrelinha estava se apagando, nos despedimos com grande tristeza, sem deixar de dizer a ele o quanto ele era amado e especial. Foi por causa do seu jeito carinhoso e das brincadeiras dele que eu, particularmente, me encantei pelos gatos.

Pois bem, na verdade ele havia tido uma infecção intestinal que foi agravada, e muito, pela demora em ter acesso ao soro e medicamento correto. 

Este fato assusta e revolta porque nos faz refletir sobre a ganância humana. Se o primeiro veterinário procurado tivesse sido honesto, talvez o animal estaria vivo. Procuramos por um profissional, que cursou uma faculdade, fez um juramento de cuidado, ética e profissionalismo para o exercício de sua profissão, atua no mercado, lida com vidas e sentimentos e deveria priorizar por salvá-las. Ao contrário, o que vivenciamos foi lidar com uma pessoa que se preocupou apenas em ganhar dinheiro. Visou o lucro com a consulta e venda de remédios. Poderia ter sido sincero e informado que não tinha o soro e então teríamos continuado procurando atendimento em outras clínicas. Aliás, o fato de não ter em sua clínica o soro, material essencial, denota sua falta de organização até mesmo com seu estoque e fornecedores. 

Se ele não tinha um item básico e preferiu mentir que ele não era necessário mostrou aí sua falta de caráter e responsabilidade. Pode ser que faça o mesmo prescrevendo medicamentos errados, apenas para vendê-los. Aliás, como também possivelmente pode ter errado no diagnóstico.  

Quando o procuramos posteriormente para questionar sua desonestidade e falta de profissionalismo, de inicio negou a atitude, a assumindo pouco depois. E informou que se quiséssemos, devolveria o dinheiro dos medicamentos prescritos. Mostrando, mais uma vez, que sua preocupação maior é o dinheiro. 

Infelizmente, até o termino de averiguação do Conselho Regional de Medicina Veterinária e por questões judiciais, não posso divulgar o nome do veterinário que errou conosco e com o gato. Mas assim que me for permitido o farei, para evitar que outras famílias e animais sejam vitimas deste tipo de atitude antiética. Estou certo de que a Deus nenhuma atitude e intenção passa despercebido e que o lucro que ele achou que teria, custando a vida de um ser, poderá ser perdido juntamente com a sua credibilidade. Não devolveremos os medicamentos, eles serão doados oportunamente. No mais, nos resta a saudade e desejar que esta pessoa tenha mais consciência e responsabilidade.  E também o agradecimento àqueles que posteriormente cuidaram dele de verdade e fizeram o melhor que podiam. 

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