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Sindicato avalia impacto econômico causado pelo novo Decreto Municipal em Varginha

Iago Almeida | 20/01/2021 - 16:54:33

Em entrevista exclusiva ao Varginha Online, empresários de Varginha citam preocupações com seus negócios após redução do faturamento 

O Sindicato Empresarial de Hospedagem e Alimentação de Varginha – SEHAV, preocupado com o impacto econômico do novo Decreto Municipal de Varginha, sob o nº 10.207, publicado no dia 13 de janeiro de 2021, realizou uma pesquisa para avaliar os danos causados nesta última semana, foram entrevistadas 48 empresários ou gestores do seguimento de restaurantes, bares, pizzarias, lanchonetes e cervejarias. 
 
O setor de alimentação fora do lar foi um dos mais duramente atingidos pela pandemia do coronavírus, entre todos os setores da economia do país, e está entre aquelas atividades que enfrentam os maiores obstáculos na retomada. Segundo a pesquisa, 86% dos negócios estão faturando menos do que antes. "Uma realidade mais dramática se comparada às demais atividades econômicas", afirmou André Yuki, presidente do sindicato. O levantamento aponta ainda que as empresas de alimentação fora do lar demitiram proporcionalmente mais de 12% do que os demais setores (9%). 
 
O levantamento, realizado entre os dias 17 e 19 de janeiro, revelou que 82,86% tiveram perda de faturamento, sendo que 54,28% dos entrevistados tiveram uma queda superior a 40% na primeira semana do Decreto Municipal, uma situação dramática, em algumas empresas estão faturando menos da metade do que registravam antes do decreto. 
 
Referente ao quadro de funcionários, 32% mantiveram as vagas intactas, 68% reduziram o quadro de funcionários de alguma forma, com demissões ou redução de freelancer. Além disso, 20% dos estabelecimentos oferecem música ao vivo como atração, sendo que 90% acabaram de suspender o serviço devido a restrição de horário até às 22 horas, "medida necessária para evitar mais prejuízos, pois o pagamento do cachê dos músicos geralmente é pela quantidade de “couverts” ou ingressos da noite", explicou o presidente.
 
Ainda de acordo com o levantamento, 86% dos negócios está faturando menos do que antes do início da crise, sendo que 68,57% das empresas possuem alguma pendência financeira em atraso, sendo a maior os tributos com 45,71% , financiamentos bancários (34,29%), locação de imóveis (17,14%), fornecedores (14,29%) e 5,71% apontam salários de funcionários em atraso. 
 
Para André Yuki, "o nível de endividamento, a dificuldade de faturamento e de acesso a crédito são as principais dificuldades dos empresários, o setor de alimentação e da hotelaria precisará de apoio diferenciado, em caso do município um refiz para que o CPF  ou CNPJ não seja negativado ou fique com restrições, motivo principal apresentado pelas instituições financeiras para não aprovação de algum empréstimo e descontos ou isenção no IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) pelo município nestes próximos anos", enfatizou.
 
O estudo mostrou ainda, em caso de um lockdown – fechamento do comércio não essencial, 89% dos empresários confirmam alta dificuldade e 12% uma grande probabilidade de fechar o negócio de vez.     
 
Yuki conclui que "o setor não suporta mais sansões, a recuperação econômica do setor será lenta e difícil, o apelo nosso que todos colaborem com as medidas de segurança contra o Covid-19 até que a vacina seja disponibilizada para a grande maioria da população. A utilização de máscaras, distanciamento social e higiene frequente das mãos continua sendo a melhor forma de prevenção", completou.
 
Outros números da pesquisa
 
Ainda que o segmento de entregas de comida por aplicativo tenha tido um aumento significativo de demanda durante o isolamento social, em Varginha apenas 80% dos bares e restaurantes oferecem este meio de serviço de delivery ou take away. 
 
Crédito segue sendo um gargalo. A taxa de insucesso em empréstimos se manteve, mas com grandes variações pelos tipos de estabelecimento. Na média do setor, apenas 20% das empresas que buscaram crédito conseguiram, efetivamente, obter os recursos desde o início da pandemia 
 
O que dizem os empresários
 
Conversamos com alguns proprietários do ramo, em Varginha, que relataram as dificuldades encontradas diante o novo decreto, frente a pandemia. Confira:
 
Rodrigo Carneiro Ferreira - Miolos Botequim
 
Segundo o proprietário do Miolos Botequim, são várias as dificuldades encontradas, pois ele tem de um investimento muito alto, onde o retorno esperado não é o encontrado, devido a pandemia. "Iniciei minhas atividades no novo local apenas com delivery, acumulando dívidas. Consegui me desdobrar até o fim do ano, onde as coisas pareciam estar melhorando um pouco, mas o início desse ano foi devastador com esse retrocesso no horário de atendimento", contou ele.
 
"Só na noite do último sábado, que tive o salão cheio pela metade (isso já com a capacidade baixa) e ainda após as 21h eu tive q negar 11 mesas de sentar e consumir, por conta desse horário. São 2 horas que creio eu que não irão fazer diferença na diminuição de casos, mas 2 horas cruciais no nosso atendimento noturno", completou. 
 
"Tive q cortar funcionários, interromper atrações de música ao vivo, continuar pagando os salários cheios com menos horas trabalhadas, e ainda sim, não está sendo possível pagar as contas mensais. É a primeira vez em 5 anos e meio de bar, que não consigo pagar por completo os salários dos funcionários", afirmou.
 
Além disso, o empresário afirma que acesso ao crédito é 'impossível'. Segundo ele, o Pronampe que era pra ajudar, seria um trampolim pra quem já tem dinheiro, fazer mais dinheiro. "Quando eu tentei contratá-lo, o correspondente do banco não aceitou meu cadastro pois disse que as contas deveriam estar em dia, CNPJ não poderia estar negativado. Daí por estar devendo alguns meses de imposto eu não poderia pegar. Daí qual o sentido nisso? Se eu estivesse com tudo em dia, pra eu pegaria o empréstimo? Pra investir então né... pra fazer mais dinheiro. Eu preciso do empréstimo pra poder matar algumas dívidas, e respirar novamente. Não faz sentido algum", lamentou.
 
Rodrigo afirmou estar lidando com isso na pressão, no fluxo, tentando de alguma forma segurar as pontas, criar ideias novas, mas que, infelizmente, a maioria das ideias exige algum investimento inicial, o que acaba travando toda a cadeia. "Voltei com o delivery ontem pra ajudar nas vendas, e ontem meu motoboy teve a moto roubada na porta do bar. Fora isso são ações promocionais, onde a gente se prostitui de alguma forma pra conseguir alguma coisa. Para as próximas semanas eu tenho esperança (uma esperança apenas minha, não das notícias) que algo melhore, que algo mude, porque mais um tempo assim e não sei até quando conseguiremos segurar as portas abertas", encerrou ele.
 
Ricardo Petrin - Pinga com Torresmo
 
Segundo o proprietário do Pinga com Torresmo, o ramo é o que está passando por maiores dificuldades nesta pandemia e está sendo muito difícil passar por esses momentos. "Desde o começo da pandemia, nós ficamos parados por um período, depois voltamos, mas mesmo assim o nosso faturamento está em torno de 50% do que era e com tendências agora, nesta segunda onda, de piorar", afirmou.
 
Desde a semana passada, segundo o empresário, o faturamento que era 50% menor, já caiu novamente em mais 50%, ou seja, ele está com 25% do faturamento, o que está tornando praticamente impossível a viabilização do negócio. "Nós estamos sendo os mais cobrados de toda cadeia. Qualquer atitude que for tomada agora pelo poder público de restrição, de fechamento, vai complicar mais ainda a nossa situação", contou.
 
Ele afirmou ainda que houve redução no quadro de colaboradores, sendo quatro desligados, e agora ainda corre o risco de mais dois serem dispensados. "O nosso mês de dezembro, que seria nosso mês de maior faturamento, foi um mês bem devagar, que nós não tivemos as confraternizações, que todo ano tem. o mais interessante é isso, nós não tivemos as confraternizações, mas eu tive várias entregas e deliveries, para comemorações. E a gente chegava nas casas, onde estavam acontecendo essas confraternizações, estava todo mundo se reunindo, como se nada tivesse acontecendo, e no nosso estabelecimento, vazio", enfatizou.
 
"Nós não somos responsáveis pelo aumento da onda de internações, do Covid, pelo contrário, aqui tomamos todas as nossas medidas de segurança. Nós temos uma responsabilidade muito grande com a equipe. Nós voltamos a funcionar em junho, e de lá pra cá, aconteceram as eleições, as confraternizações e o restaurante está tranquilo, vazio, com todas as normas de segurança. Se tem um lugar seguro, é aqui dentro", afirmou Ricardo.
 
Na última semana, após a redução de horário, Ricardo afirmou que piorou o faturamento. "Mais cedo eu levando os funcionários em casa, a gente observa que nas casas estão tendo festas, até com luz de boate. E nós aqui, onde todas as medidas de segurança são tomadas, vazias. Então estamos passando por um momento muito difícil. Eu espero que pra próxima semana, que não aconteça o pior, que seria o fechamento e espero que seja revista essa medida de fechar às 22h, porque se não será praticamente difícil da gente continuar com as nossas atividades", encerrou o empresário.
 

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