Ser jogador de futebol profissional, atuar em grandes estádios e vestir a amarelinha da seleção é o sonho de muitos jovens, que ainda bem novos buscam oportunidades de ingressar no esporte. O sonho do varginhense Ronald Mateus da Silva, o Roninho, não era diferente, mas ele viu com bons olhos outra oportunidade: a de se tornar atleta profissional de futsal.
Atualmente, o atleta de 33 anos defende o MFC Prodexim, da Ucrânia e coleciona títulos, premiações individuais, participações em campeonatos importantes, além de constantes convocações para a seleção de futsal da Geórgia, país pelo qual se naturalizou em 2012 e que disputará a UEFA Futsal EURO 2022, que terá início ainda este ano.
O garoto Ronald e o início da trajetória
Ronald nasceu em 4 de abril de 1987, foi criado no bairro Vila Barcelona, em Varginha (MG) e tem mais uma história onde podemos notar a paixão pelo esporte. Roninho sempre fazia questão de estar com os amigos jogando várias partidas de futebol na quadra do bairro.
O garoto treinou, aprimorou as habilidades e teve a primeira oportunidade no Vasco da Gama (RJ) aos 13 anos. Mas o zelo da mãe, a senhora Cleuza Maria Guedes da Silva, não permitiu, já que ele ainda era muito novo para morar sozinho na capital fluminense.
O garoto voltou para casa e alguns anos depois começou a treinar futsal, incentivado pelo professor Ewadson Rosa, onde pegou gosto pelo estilo rápido de jogo e viu que ali era o lugar ideal. Neste tempo, começou a trabalhar de servente para ajudar em casa, foi quando teve que aprender a conciliar a rotina de trabalho com os treinamentos, já que o sonho ainda persistia.
“Chegou um tempo em que tive que começar a trabalhar, porque tinha que ajudar minha família. Trabalhei como servente por alguns anos, mas nunca desisti do meu sonho e da fé de que o meu dia iria chegar”, disse o jogador.
Nova oportunidade no Vasco e a profissionalização no futsal
Roninho sempre foi destaque, chamava a atenção pela habilidade que tinha nas quadras. Em 2007 surgiu a oportunidade de voltar ao Vasco e fazer testes no time de futsal do clube e mesmo já com 20 anos, a esperança de conseguir alcançar o objetivo era grande.
Roninho foi aprovado e assinou o primeiro contrato profissional para jogar a LNF - Liga Nacional de Futsal. Ele ficou por um ano no clube carioca, única equipe brasileira em que atuou, depois disso, despontou para o futsal e deu o pontapé inicial na carreira europeia.
Roninho com a equipe de futsal do Vasco em 2008. Foto: Arquivo Pessoal
Carreira em países da Europa
Logo após completar um ano no Vasco, Roninho recebeu um convite para jogar na Europa. Claudinho, ex-jogador de futsal com passagens por clubes europeus e que também é varginhense, convidou o jogador para atuar pelo Iberia Star, da Geórgia.
Ele aceitou o convite e ficou no time por quatro anos, tempo suficiente para deixar o nome gravado na história do clube. Foi também neste tempo que conheceu a esposa, a georgiana Ketevan Sikharulidze, com quem já está a 12 anos.
“Foi o país onde eu conheci minha esposa e juntos estamos a 12 anos. Lá foram quatro títulos e uma classificação para a semifinal da Champions League, o único time [do país] a chegar entre os 4 melhores da europa”, conta.
Roninho ainda passou por Uragan, da Ucrânia; Sporting Paris, da França; Stalitsa, da Bielorrússia; Al Garafha, do Catar; Ael Futsal, do Chipre e hoje está no Prodexim, da Ucrânia. São quatro anos no clube com quatro títulos nacionais seguidos! É o único time do país a se tornar tetracampeão de forma consecutiva.
“O que mais me marcou foi a temporada 2018 onde fomos campeões ucranianos e fui eleito o melhor jogador. Nesse mesmo ano foi quando meu pai faleceu e isso está marcado em minha memória. Foi dedicado a ele essas conquistas!”, relata o jogador.
Na temporada 2019/20 o time foi campeão invicto e na temporada anterior Roninho foi eleito o melhor jogador da temporada. Títulos e conquistas dedicados ao pai, o senhor Francisco Neves da Silva, que faleceu em dezembro de 2018 e que era um grande incentivador e apoiador do filho.
Naturalização européia
Quando estava na terceira temporada pelo Iberia Star, o presidente do clube convidou Roninho a se naturalizar georgiano - se tornar cidadão do país -, para que não fosse contado como estrangeiro, já que na liga do país há um limite. O atleta aceitou e como já era destaque no país, logo teve o nome lembrado nas convocações da seleção da Geórgia, país com cerca de 3,7 milhões de habitantes.
Roninho celebrando um título com colegas da seleção georgiana. Foto: Reprodução
