O milionário mundo do futebol sofre com a paralisação causada pela pandemia do coronavírus. Um estudo da consultoria KPMG divulgado no final de março, aponta que as principais ligas nacionais da Europa (Inglaterra, Espanha, Itália, Alemanha e França) podem ter um impacto do equivalente a R$ 20 bilhões se os campeonatos não puderem ser retomados.
Há quem veja na crise, porém, um freio de arrumação. O treinador italiano Carlo Ancelotti acredita que a pandemia antecipou o estouro da bolha econômica do futebol. “Em breve, os direitos de TV valerão menos, jogadores e treinadores ganharão a metade, ingressos custarão menos, porque as pessoas terão menos dinheiro”, disse ao jornal Corriere dello Sport.
O estudo da KPMG aponta que apenas a Premier League, que organiza o Campeonato Inglês, pode sentir no bolso um impacto de R$ 6,7 bilhões. Cerca de 62% desse valor (R$ 4,2 bilhões) se deve às transmissões de televisão pelo mundo afora, cujos valores são fixados de acordo com a quantidade de jogos exibidos pelos canais. No entanto, a interrupção do calendário gera um ciclo de perdas imenso e com reflexo até mesmo em receitas menores, como as vendas de comida nos estádios.
Ainda não há uma confirmação oficial, mas as indicações dos últimos dias apontam para uma retomada do calendário no dia 9 de junho. Na última segunda-feira (27), Arsenal, West Ham e Brighton abriram seus centros de treinamento para que os jogadores pudessem treinar.
O plano de recomeço do futebol inglês foi chamado de Project Restart e prevê que os clubes voltem a treinar completamente no dia 18 de maio. As partidas começariam então depois de três semanas de pré-temporada para concluir as dez rodadas remanescentes do campeonato inglês. Todos os jogos aconteceriam com portões fechados e em estádios aprovados previamente.
Durante
entrevista concedida ao time do site de
aposta esportiva online Betway, o treinador do Manchester City, Pep Guardiola, diz não haver sentido em jogos sem a presença da torcida. “Estamos aqui pelo público! Claro, se fosse só um jogo, ou dois jogos, eu entenderia, mas se for por mais tempo… A razão para você ser um jornalista é escrever para as pessoas. Eu jogo, nós jogamos para as pessoas. Se as pessoas não podem estar lá, qual o sentido? Não tem sentido!”, diz Guardiola.
Outra preocupação dos clubes ingleses é com a data-limite de 30 de junho, quando termina a temporada europeia. Segundo o portal Distinct Athete, vários clubes estão preocupados com o fato de que o término após o final de junho irá causar problemas contratuais, já que vários jogadores têm vínculos com os clubes até essa data.
A maioria entende que a principal questão agora é concluir a temporada 2019/2020, uma vez que o cancelamento do campeonato traria prejuízo ainda maiores do que eventuais custos processuais envolvendo vínculos de atletas. Além disso, a orientação da FIFA também dá uma certa tranquilidade aos clubes quanto a extensão dos contratos.
Já há discussões sobre um acordo coletivo para lidar com a questão dos contratos de jogadores, tendo a orientação da FIFA como base. A entidade aconselha que os contratos sejam estendidos até o momento em que a temporada realmente termine no país.
Em função da pandemia e dessa dificuldade contratual a FIFA inclusive mudou regras na sua "janela de transferências". Ela não irá mais abrir dia primeiro de julho, como acontece normalmente.
Uma reunião com os principais times da liga acontecerá nesta sexta-feira (01) e deve definir os próximos passos para o retorno, mas este deve ser apenas o primeiro de uma série de encontros para decidir pontos para essa retomada.
