Inspirado em estudos de cientistas de diferentes países, o Reality Nascentes da Crise, em mais uma etapa, abordou experiências entre os Andes e a Amazônia boliviana buscando materializar por meio de videodocumentário o que a ciência apresenta em gráficos e teses acadêmicas
O Reality Nascentes da Crise chega à segunda fase da quarta etapa com a divulgação do filme que apresenta a experiência do jornalista e ambientalista Diego Gazola ao percorrer cerca de 2 mil km na região boliviana em que ocorre a transição entre a Amazônia, o Chaco e a Cordilheira do Andes. O videodocumentário ilustra de forma visual, o que a ciência, em geral, apresenta por meio de textos e gráficos.
Geografia dos Andes próximo à cidade de La Paz, ainda na transição com a Amazônia
Essa etapa foi dividida em duas fases.
No primeiro filme, lançado no início do ano, foi abordado o entorno do Parque Nacional Amboró, na região da Amazônia mais ao sul da América do Sul. O local está na mesma latitude média de Brasília e é conhecido como o cotovelo dos Andes. A produção abordou ainda Potosí, onde está localizado o Cerro Rico, de onde no período colonial foi retirado pelos espanhóis, a maior parte da prata do continente. Sincronicamente a cidade está na mesma latitude média do trecho entre Ouro Preto e Diamantina, palco da exploração do ouro no Brasil colonial português e onde recentemente ocorreram as tragédias de Brumadinho e Mariana. Além disto, o viajante explorou os locais onde brotam as nascentes amazônicas mais ao sul do continente: Sucre, Cochabamba, Villa Tunari e Buena Vista. Em alguns pontos, a diferença de altitude no caminho dos Andes para a Amazônia chega a 3.500 metros em poucos quilômetros percorridos.
Já o novo videodocumentário, todo produzido utilizando o celular, é o resultado da expedição de 2018. Nesta segunda fase da quarta etapa o Reality partiu novamente de Santa Cruz de la Sierra, porém seguindo em direção ao norte, para a região amazônica do Beni. Ali se encontram centenas de lagoas artificiais enigmáticas conhecidas como de Moxos, que teriam sido arquitetadas há milhares de anos. Os rios Mamoré e Beni estão entre os principais que formam o rio Madeira, o corpo d’água que em Rondônia, por meio de seus períodos de cheia, potencialmente reflete a umidade que deixa de migrar para o centro-sul da América do Sul, onde as secas estão cada vez mais severas.
Ainda para essa produção, o Reality cruzou a considerada mais intransitável entre as estradas bolivianas. O documentário expõe também a transição entre a Amazônia e os Andes na região de La Paz e ainda a foz do Lago Titicaca e visitando o berço de uma das civilizações mais antigas do continente, a de Tihuanaco. O filme (14'56”) está disponível diretamente no link:
https://youtu.be/6D-Nz9Rzbd4
“Compactuo na linha de pesquisa de alguns cientistas que abordam a influência da Amazônia na regulação do clima de grande parte da América do Sul. Também sigo a linha de pensamento que associa um gradativo e acelerado processo de desertificação em partes da região sudeste e centro-oeste do Brasil em função do desmatamento e do avanço da fronteira agropecuária sobre a Amazônia”, explica Gazola.
As principais fontes de pesquisas que balizaram a condução do projeto na Bolívia são as dos cientistas Antônio Donato Nobre (INPE) do Brasil, do chileno Pablo A. García Chevesiche (University of Arizona) dos Estados Unidos e de Jhan Carlo Espinoza (IGP) do Peru.
Os posts publicados em tempo real durante o trabalho de campo podem ser consultados pela hashtag #nascentesdacrise nas mídias sociais Instagram e Facebook.
Sobre os Documentários Anteriores
A primeira etapa produzida entre o Acre e o Peru em setembro de 2014 é balizada no conteúdo do relatório 'O Futuro Climático da Amazônia' do cientista Antonio Donato Nobre (INPE). Segundo o estudo, a umidade amazônica “faz uma curva” ao se chocar com a Cordilheira dos Andes naquela região e desce o continente banhando a parte centro-sul da América do Sul, principalmente durante o verão hemisférico. O documentário apresenta três rotas que conectam os Andes à Amazônia: a estrada de terra pelo Parque Nacional del Manu, a rodovia asfaltada Interoceânica e o rio Urubamba que conecta Machu Picchu à Grande Floresta.
Já a segunda etapa abordou a foz do rio da Prata na fronteira entre o Uruguai e a Argentina e foi produzida em dezembro de 2016. Ali se encontra a segunda maior desembocadura de água doce da América do Sul. A região recebe praticamente a totalidade das águas “exportadas” pela Amazônia por meio dos “rios voadores” e são drenadas através de centenas de rios do centro-sul da América do Sul. O documentário apresenta ainda duas das dezenas de comunidades que vivem ilhas no meio do rio da Prata, assim como a visita a Dolores, cidade que foi devastada pelo mais impactante tornado já registrado no continente.
Na terceira etapa, em abril de 2017, foi pesquisado o deserto mais árido do planeta. Localizado no norte do Chile, o Atacama está na mesma latitude média da cidade de São Paulo e de praticamente toda a região sudeste do Brasil. Nessa mesma latitude, na altura do Trópico de Capricórnio, estão outros grandes desertos do Hemisfério Sul como o Central da Austrália na Oceania e o Kalahari que compreende parte da Namíbia, Botswana, África do Sul e Angola na África. O documentário expõe reflexões sobre o gradativo desmatamento, e o desconhecido e quase silencioso processo de desertificação do centro-sul da América do Sul.
A quinta etapa também está dividida em duas fases em territórios do Paraguai, Argentina e Bolívia.
A primeira fase da quinta etapa teve seu Reality produzida em fevereiro de 2019, entre Asunción no Paraguai e Córdoba na Argentina. O entorno do rio Paraguai e rio Paraná concentram as tempestades mais severas do Planeta, segundo a revista científica Nature. Nesta região os sistemas de chuvas estão correlacionados entre o fluxo de vapor que desce desde a Amazônia em paralelo à Cordilheira dos Andes e às frentes frias e secas que se deslocam desde o sul do continente. Esse filme se encontra em edição e será disponibilizado em breve.
Já a segunda fase da quinta etapa do Reality está prevista para acontecer no segundo semestre de 2019.
Sobre o Viajante e Produtor
Durante os últimos 13 anos, Diego Gazola viajou para todos os Estados brasileiros realizando pesquisas de conteúdo para guias de turismo da editora Empresa das Artes e para a Muda de Ideia.
Em 2014 foi apresentador do Reality Expedición RCN Brasil 2014 para a TV colombiana RCN Televisión. Durante a expedição, que seguiu de Bogotá até o Rio de Janeiro, teve a oportunidade de compartilhar as diversas curiosidades deste roteiro de quase dez mil quilômetros rumo à Copa do Mundo. Naquela ocasião cruzou por terra pela primeira vez uma transição entre os Andes e a Amazônia.
Participou das Conferências das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas: na Dinamarca (COP15), no México (COP16), África do Sul (COP17), Brasil (Rio+20) e França (COP21). Durante o Fórum Mundial da Água em Brasília realizou uma palestra sobre o projeto Nascentes da Crise.