Galo de Três Corações sofre sem jogar no Elias Arbex, troca de treinadores duas vezes e acaba voltando ao Módulo 2 apenas dois anos após o acesso
Um semestre praticamente perdido. Assim foi o Campeonato Mineiro do Tricordiano. Jogando quase sempre longe de casa, com duas trocas de técnicos e problemas com os tribunais, o Galo de Três Corações foi rebaixado com uma rodada de antecedência, sem conseguir nenhuma vitória, e volta ao Módulo 2 apenas dois anos após ter obtido o acesso. A queda foi sacramentada na noite desta segunda-feira (3), após o Democrata GV vencer o América TO por 1 a 0. Para se manter vivo, o Tricordiano precisava que o time de Governador Valadares não pontuasse, o que não aconteceu.
Quando o ano começou, a expectativa era enorme. Pelé como presidente de honra. Edinho como treinador. Brandão, repatriado, para comandar o ataque. Dinélson na armação das jogadas. Sem contar que os torcedores esperavam que o time tivesse um ano mais tranquilo, após as polêmicas de 2016. Mas pouco mais de dois meses após o início do campeonato, os sentimentos da torcida variam entre frustração, tristeza e melancolia.
O Tricordiano ainda tem um jogo para fazer no Estadual. Enfrenta o América TO na última rodada. Com as duas equipes já rebaixadas, a partida não tem nenhum valor prático para o campeonato, serve apenas para determinar que vai ficar em último lugar, na lanterna. Mas como as coisas chegaram a esse ponto?
A resposta para essa pergunta começa olhando o Mineiro de 2016. Após diversas polêmicas, o Galo terminou o ano carregando a punição da perda de dois mandos de campo e com o Elias Arbex interditado. Ou seja, dos cinco jogos que a equipe teria em casa, dois já seriam longe de Três Corações.
A primeira oportunidade de jogar no estádio foi na 6ª rodada, contra a URT, mas sem laudos técnicos, a partida foi realizada com os portões fechados. Depois disso, contra o Atlético-MG, o jogo foi transferido para Divinópolis e, por fim, contra a Caldense, para Nova Serrana. O Tricordiano termina o campeonato, portanto, sem jogar em casa diante da sua torcida.
Além disso, outra questão continua rondando o clube: os problemas com os tribunais. O Tricordiano foi punido por duas vezes na competição - chegando a ser suspenso do Mineiro. Apesar de recorrer e conseguir reverter as decisões, os problemas com a justiça parecem sempre estar sempre em pauta no clube.
Outro ponto importante na campanha foi a troca de treinadores. Edson Cholbi, Edinho, filho do Rei Pelé, participou da escolha de atletas e montagem do elenco, mas deixou o clube após duas derrotas nas primeiras rodadas. Paulo Foiani assumiu em seu lugar e conduziu a equipe nas sete rodadas seguintes, somando cinco empates e perdendo os jogos contra Atlético-MG e América-MG, sendo demitido logo depois.
A diretoria resolveu então fazer uma aposta inusitada. Trouxe Marcelo Buarque para comandar o time nas rodadas finais. A ideia era que o treinador pudesse ter alguma vantagem por já ter enfrentado a Caldense e conhecer de perto o elenco do América TO, de onde havia acabado de sair. Mas já era tarde. O técnico acabou sendo derrotado pela Veterana e não conseguiu evitar a queda. Na soma, dez jogos, com cinco empates e cinco derrotas.
Com o clube voltando ao Módulo 2, talvez seja a hora de parar, dar uma respirada e refletir: o que deve ser feito diferente? O que é preciso para que a equipe possa ter tranquilidade para trabalhar? Como deve ser feito o trabalho de recuperação para 2018? Talvez só respondendo essas perguntas, o Tricordiano possa se reorganizar para conseguir o acesso de volta no ano que vem.