![]() Mesmo com todos os esforços para coibir, o acúmulo de lixo é enorme |
![]() Parte do grupo de idealizadores do Projeto NavegaSP |
![]() Segundo o artista Eduardo Srur, ao término da exposição o material será transformado em mochilas |
![]() Condutor da embarcação |
![]() Crianças incentivadas a expressar o seu olhar sobre o rio |
![]() Durante o passeio, foram sorteados guias da Empresa das Artes |
- Que loucura!
- Por quê? Você achou interessante?
- Passear pelo rio Tietê em uma tarde de domingo? Nem pensar! Infelizmente, esta porção de águas na cidade de São Paulo está morta! E o cheiro? Deve ser insuportável!
![]() Projeto Navega São Paulo já transportou mais de 3 mil pessoas, entre estudantes e público em geral |
- Quanto preconceito e ignorância, meu amigo! Estamos todos engajados no salvamento do rio...
- De que forma? Diariamente, ali são despejadas toneladas de detritos, sujeiras, esgoto e objetos de todo tipo, descartados pela população. E os córregos que desembocam no Tietê acabam sendo os condutores dessa porcaria toda, agravando ainda mais a situação das sofridas e poluídas águas do nosso grande rio...
![]() Ônibus transportam os viajantes até o terminal de embarque |
- Pois é! Voltemos ao passeio. Neste último domingo, 6 de abril, navegamos pelo Tietê entre sacos de lixo, lodo, cheiro forte, e afligidos por uma garoa fina e constante, para admirar as esculturas de garrafas expostas ao longo das margens, entre as pontes do Limão e da Casa Verde. Cada uma daquelas imensas garrafas de plástico, medindo 10 metros, atiçava um pouco mais a nossa curiosidade visual...
- Interessante! Quem teve essa idéia de jerico?
![]() Antes da partida, uma palestra sobre normas de conduta e segurança |
- Idéia de jerico?! Vejo que você não está a par do trabalho do artista Eduardo Srur, que, de maneira inteligente e criativa, nos leva a admirá-lo e a ter uma maior – e real – consciência da morte lenta e gradativa do rio.
- Estava apenas brincando, provocando você. Também concordo que é um desastre a falta de consideração e de respeito para com os nossos rios. E o Tietê é uma das vítimas do despreparo do brasileiro em conviver em harmonia com a natureza. A poucos quilômetros de São Paulo, em Salesópolis, encontramos a sua nascente. Aos poucos o rio vai-se formando, se avolumando de forma generosa. Até num passado recente, ele foi vital para a formação e desenvolvimento de arraiais e povoados que, mais tarde, se tornaram grandes cidades ao longo de seu curso de 1.100 quilômetros dentro do Estado de São Paulo.
![]() “O rio Tietê fede”, título do desenho de Victor B. | ![]() A previsão é de que 1.500.000 pessoas assistam à intervenção diariamente |
- Felizmente temos pessoas engajadas, como o Douglas Parisi, que numa parceria com o Instituto Itaú Cultural nos leva a passear e navegar pelo Tietê, lembrando-nos de seu passado sadio e incutindo-nos sonhos com o seu futuro em águas saudáveis.
- Como no rio Tâmisa, em Londres, né?
![]() "PETS, 2008" intervenção urbana com 20 infláveis monumentais em forma de garrafas pet coloridas | ![]() |
- Sem dúvida! Deixe-me citar para você parte do texto de Cauê Alves, curador da exposição Quase Líquido, que começou no dia 27 de março e que ocorrerá até o dia 25 de maio, em São Paulo: “Basta olhar para o Rio Tietê na altura da marginal. Um rio que possui uma consistência gelatinosa e cuja matéria orgânica acumulada em seu fundo atrapalha o fluxo. A densidade atual do rio talvez seja um modo de caracterizar parte do mundo contemporâneo e de nosso atraso, um símbolo de nosso estágio de modernização. Uma modernidade contraditória, que não é plenamente líquida, que não engata e que só a duras penas se realiza. Ao mesmo tempo em que São Paulo possui um dos piores trânsitos do mundo, e se locomover de automóvel na cidade exige paciência, nela há uma grande circulação de motos e um dos mais intensos tráfegos de helicópteros do planeta”.
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