Uma reunião como muitas devem ocorrer, todos os dias, em Pouso Alegre, Poços de Caldas, Itajubá, Lavras, Passos e por aí a fora.
Latente foi a impressão de descaso com a opinião e a inteligência dos eleitores. Com tantos assuntos de relevância para rechear a pauta, perderam-se momentos preciosos com ataques pessoais. Enquanto se esperavam palavras de seriedade, o que se viu foram piadinhas de mau gosto e um cinismo de amedrontar.
O plenário estava lotado. Se bem que pouco mais de 30 pessoas são o suficiente para lotar o espaço que se denomina “Casa do Povo”... O secretariado municipal, assessores, funcionários públicos, a imprensa e uma meia dúzia de “cidadãos comuns” tomavam as cadeiras, o corredor e a ante-sala.
A democracia possibilita a participação popular. Mas é entristecedor verificar a ignorância da grande maioria que, neste quesito, encontra excepcionais representantes nas casas legislativa e executiva.
Presenciei munícipes perguntando a guardas municipais se “poderiam assistir à reunião”. Fiquei estupefato! Aquela casa não teria qualquer sentido se não fosse para o povo e pelo povo (?)...
A reunião começou normalmente, com afagos e piadinhas para quebrar um possível clima de tensão entre executivo e legislativo. Os vereadores, divididos em dois blocos, separavam-se à direita/direita e à esquerda/esquerda da mesa diretora.
De início, argüiram os vereadores que formam o bloco governista. Considerações a respeito do destino do VEC (Varginha Esporte Clube), sobre o CMAS (Conselho Municipal de Assistência Social), a Usina de Biodiesel, a situação da Zona Rural e a utilização de granito em obras públicas foram realizadas com a paz e a tranqüilidade esperada. E com alguns belos exemplos de despreparo.
O caldo somente ameaçou entornar, quando um dos vereadores questionou à presidência da mesa quanto à ordem que fora dada à palavra, deixando o bloco de oposição com a possibilidade de travar debate final com o prefeito, já sem o aparte de seus correligionários.
Com alguns questionamentos e esclarecimentos, a conversa continuou sem maiores “calores”. Até então, o que os presentes observaram, foi um desfiar de esclarecimentos – estes sim – de forte interesse para a vida de nossa comunidade. Mesmo alguns dos oposicionistas, dada sua timidez intelectual, ainda tiveram boa capacidade de levantar questões relevantes, voltando à questão do biodiesel, CMAS, licença para um canal de televisão evangélico, utilização da imprensa pública (Rádio Melodia e TV Princesa) para divulgação do trabalho da Câmara, plano de carreira do funcionalismo (especialmente na área de educação), a participação da Primeira Dama na administração municipal e a situação do Hospital Regional e da saúde como um todo – tema que, oportunamente, recebeu requerimento do Vereador Fernando Guedes, para uma discussão apartada, devido à sua importância e abrangência.
A partir de então, a “pancadaria” rolou solta. E as palavras tão utilizadas pelos representantes do povo, tais como respeito, consideração, nobreza, excelência, etc., perderam completamente o sentido. O que se observou, foi uma seqüência de discursos recheados de cinismo e acusações. Um triste espetáculo! Esta é a verdade!
Ao invés de aproveitar o espaço para uma discussão sadia, onde muitas dúvidas poderiam ser esclarecidas, o que se viu foi uma enxurrada de denúncias não comprovadas, mas que levantam fortes dúvidas quanto à moral de nossos representantes.
Dois representantes do PP, os vereadores Leandro Acayaba e Maryvone Mansur Bíscaro, literalmente “riparam” a administração municipal; do Prefeito aos Secretários, que inclusive estariam em uma tarde de “folga”, conforme entendimento do Vereador Leandro.
O “ponto alto” da reunião foi o ferrenho debate entre o Prefeito e o Vereador Leandro Acayaba. Este, levantando suspeitas quanto à suposta participação do Prefeito Municipal na “Operação Rotterdam”. Aquele, denunciando uma suposta e irregular aposentadoria paga pelos cofres do município ao pai do vereador, o ex-Senador biônico, Morvan Acayaba e também alegando que algumas das ações judiciais movidas contra a sua pessoa, teriam sido julgadas pelo irmão do Vereador, o Juiz de Direito que leva o mesmo nome do pai.
Segundo o Vereador, haveria uma gravação de escutas telefônicas do Prefeito, pela Polícia Federal, com referências ao caso sobre o Porto Seco do Sul de Minas. Já o Prefeito, acusa o pai do Vereador, por receber “imoralmente” uma aposentadoria ilegal do município, há 14 anos e alega ainda que algumas ações movidas contra si e julgadas pelo irmão do Vereador, o Juiz Morvan Acayaba de Rezende, teriam sido “reformadas” em instâncias superiores.
Em sua troca de farpas, Mauro Teixeira intimou Leandro Acayaba a acompanhá-lo à Delegacia da Polícia Federal, para tomar conhecimento de seu possível envolvimento com o “Caso Rotterdam”, do qual não teria qualquer ciência. Já Leandro, bastante exaltado, clamava à mesa pelo respeito aos seus familiares, acusados pelo Prefeito.
Acusações graves, de ambos os lados, e que merecem investigação. E uma sombra de dúvida erguida frente à população.
Fica aqui um gosto de decepção... O que deveria ser espaço para discussão, tornou-se espaço para denúncias. Deixamos de conhecer belas obras do governo municipal e seus desdobramentos em progresso, riqueza e alegria para o nosso povo. Deixamos de captar informações sobre o relevante trabalho de nossos edis, que ali estão para transformar em ações os anseios da comunidade.
Fica a impressão de que tudo não passou de um teatro pré-eleitoreiro...
Por isto, fica o convite: - Vamos participar? Não como candidatos, se for este o caso, mas como cidadãos interessados e conscientes! Ou tomamos as rédeas pelas mãos, ou estaremos sempre assim, reféns daquilo com o que não concordamos; à mercê da ironia e do egocentrismo de nossos “ditos” representantes.
E pra finalizar, uma cobrança: Queremos, sim, saber o resultado das acusações ali levadas. Se forem verdadeiras, que a pena seja imposta aos culpados. Se forem mentirosas, que a justiça caia sobre os caluniadores.
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