Coluna | Fatos e Versões
Rodrigo Silva Fernandes
Advogado e articulista político do Jornal Gazeta de Varginha. Escreve todas as quartas e sextas.
Incompetência do Demutran?; Dividindo a conta; Próximas etapas; Instituições e o poder municipal
03/07/2020

“Filhotismo político”

No mundo político nacional existem várias “modalidades” de chegada e manutenção na política. O chamado “político raiz”, originado do líder popular que ganha espaço por seus feitos e ideias na comunidade ou no seu segmento classista e naturalmente é consagrado líder da sua região ou cidade e se elege vereador, prefeito etc e segue carreira, tem perdido espaço para outro tipo de político, que a coluna chama de “político Nutella”, que basicamente vem a ser o político que chegou ao posto não apenas por sua própria liderança, mérito ou esforço, mas teve grande ajuda política do sobrenome, dinheiro, religião, etc. Dentre os muitos tipos de político Nutella, temos uma “espécie conhecida”, principalmente no meio Legislativo como sendo o “filhotismo político”. Que vem a ser o político que venceu as eleições, basicamente, porque é filho de alguém que teria as aptidões do político raiz. Aqueles que ganham votos em razão do sobrenome, parentela de algum famoso ou outro político com mais vivencia eleitoral. O que é um erro, pois o “parente de alguém muito bom, não é obrigatoriamente bom também”. Sem falar que honestidade e competência não se passam por hereditariedade, infelizmente! Cada ser humano é único, e embora influenciável pela família, cada qual escolhe seu destino, caráter e personalidade. Neste sentido, uma rápida olhada nas Legislaturas atuais e passadas do Legislativo municipal, estadual e federal, vemos políticos experientes que para não perder o poder político familiar, elegem seus filhos, sobrinhos e demais parentes em seus lugares. A coluna não recrimina o “filhotismo político”, mas acredita que o eleito precisa ser merecedor do voto e não apenas ser filho ou sobrinho de alguém que eventualmente mereça! O filho do ex-prefeito, do ex-deputado, do pastor e vereador, por exemplo, merecem o voto do eleitor apenas pela parentela que possuem? Fica ai a dica, pois, ninguém chega ao poder sozinho e o eleitor precisa ser responsável por suas atitudes eleitorais que impactam na vida de todos durante 4 anos. No caso do “filhotismo político”, se o eleitor deixar e não souber votar, o domínio das mesmas famílias no poder eternizam de geração em geração!

Incompetência do Demutran?

As avenidas dos Imigrantes, Dr. José Bíscaro, Dr. Módena e muitas outras já passaram do tempo de serem transformadas em mão única! Será que o Departamento Municipal de Trânsito – Demutran, não atenta para tal situação? Em alguns momentos do dia estas avenidas ficam intransitáveis, repletas de veículos pequenos e caminhões, pedestres, todos em situação de risco devido a falta de planejamento público para dimensionar a capacidade destas vias públicas! Será que vamos esperar mais acidentes, mortes e prejuízos para começar a planejar o desenvolvimento viário de Varginha? Claro que a mudança de direção de avenidas principais como as citadas pela coluna demanda tempo, recursos e planejamentos. Todavia, nada disso está sendo feito pelo Departamento Municipal de Trânsito – Demutran, criado e pago especificamente para isso, planejar o trânsito urbano! Onde estão os técnicos, os estudos, os investimentos, as alternativas, os projetos? Varginha cresce desordenada em razão da falta de um Plano Diretor, mas pena ainda mais pela falta de competência de seus órgãos públicos. O Demutran é um desses maus exemplos! Infelizmente!

BR 491 e Trevo da Fernão Dias, até quando vai o descaso?

O Legislativo municipal encaminhou uma indicação ao Departamento de Edificações e Estradas de Rodagem de Minas Gerais – DEER/MG e ao Superintendente Regional do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes – DNIT para que sejam realizados estudos e providências necessárias para reparos na pavimentação do trecho às margens da Rodovia BR-381 – Fernão Dias, no acesso a Varginha.

A presidente da Câmara de Varginha, Zilda Silva, disse que já recebeu reivindicações de munícipes, sobretudo caminhoneiros, muito preocupados com a situação do trecho que já dura mais de três meses, dizendo que a qualquer momento podem acontecer acidentes graves no local. “O asfalto afundou, aparecendo uma grande rachadura. Com o movimento dos veículos, o piso continuou a ceder, sendo interditado posteriormente. Assim, os condutores reclamam que precisam rodar cerca de catorze quilômetros a mais para fazer o retorno e chegar em Varginha”, explicou. Além disso, outro grande problema que envolve aquela estrada está na paralisação da obra de duplicação da BR 491, que liga Varginha a Rodovia Fernão D ias. A obra foi paralisada há cerca de dois anos e diversos acidentes já ocorreram. O buraco fruto da reclamação do Legislativo é apenas mais um problema do asfalto no trecho duplicado, que possui menos de dois anos. Onde está a garantia da empreiteira do DER que fez a obra? Porque a empresa que fez o trevo e forneceu o asfalto não foram acionadas para reparar?

Dividindo a conta

A reforma da Previdência Social feita pelo Governo Federal no Congresso foi um importante avanço na modernização da gestão e saúde das contas públicas em âmbito federal. A medida alterou as alíquotas de desconto em folha dos servidores federais, passando de 11% para 14% o valor descontado para a previdência. Com a medida, a previdência social dos servidores públicos federais (alguns poucos milhões de servidores) vai deixar de consumir bilhões de reais em impostos anualmente de todos os brasileiros, e agora serão destinados a Saúde, Segurança e Educação, por exemplo! O déficit da previdência federal, bem como da estadual está na casa dos bilhões anualmente! Em Minas Gerais, o rombo é de R$ 20 bilhões ano! Ou seja, o que se desconta dos servidores públicos estaduais ativos todos os anos não dá para pagar os cerca de 300 mil servidores públicos estaduais aposentados. Sendo necessário que os 21 milhões de mineiros que pagam impostos vejam recursos da saúde, educação, etc, sendo utilizados para pagar pensões e aposentadorias. Em Minas o governador Zema já enviou a reforma da previdência estadual para a ALMG, com os mesmos números do governo federal, aumentando a alíquota de desconto dos servidores da ativa de 11% para 14%. Mesmo com a pressão dos servidores públicos estaduais, a previsão do governo é de que a reforma da previdência estadual seja aprovada em dois meses. Em Varginha o governo municipal foi rápido e, juntamente com o Legislativo, aprovou a mudança da alíquota de descontos aos servidores públicos municipais, de 11% para 14%. A medida indigesta aos servidores não é das mais amargas tendo em vista que recentemente os servidores tiveram reajuste salarial, mesmo com a economia em crise, antes ainda da pandemia que assola o Brasil. Cabe aos servidores públicos municipais, estaduais e federais não reclamarem do aumento do desconto, afinal, vivem hoje uma tranquila realidade de recebimento onde poucos estão conseguindo manter seu padrão econômico. Ademais, compete a todos nós cidadãos, sejam servidores públicos ou não, cobrar dos governos para que saibam gastar os recursos públicos com sabedoria e honestidade! Do contrário, vamos continuar dividindo a conta sempre, mas com a certeza de que a parte mais leve desta conta fica com os servidores públicos, o que sabemos não ser justo com os cerca de 250 milhões de brasileiros.

Perguntar não ofende

Quanto custa a eleição de vereador? Quantos dos atuais membros do Legislativo vão conseguir se reeleger? Quanto custa um vereador aos cofres públicos municipais? Porque o Legislativo tem orçamento tão grande se devolve recursos todos os anos?

O lançamento da candidatura de Zacarias Piva a prefeito de Varginha foi um ato de coragem do PSL e do candidato! Será que o PSDB, PSB e PSD vão fazer o mesmo? E quanto ao PP, não lançou candidatura própria por falta de coragem do candidato?

O Democratas de Varginha tem candidato a vice-prefeito e coragem para entrar na chapa majoritária destas eleições. Numa briga repleta de covardes, os poucos valentes não vão chamar o “pequeno Democrata” para a “pancadaria” municipal?

Numa eleição pra prefeito sem Serginho Japonês, Carlos Costa e Leonardo Ciacci como cabeças de chapa, os votos destes líderes migram para qual candidato? Porque o eleitor é capaz de apoiar um nome pra prefeito e desprezar o mesmo nome pra vice?

Próximas etapas

A definição da chapa governista para as eleições municipais foi a grande primeira etapa das negociações político/eleitorais da cidade. Vencida essa etapa com a “batida de martelo” da criação da chapa Verdi/Ciacci, a próxima grande etapa é a definição da chapa do maior partido da oposição: PT. A pergunta é: Geisa Teixeira é candidata a prefeita? Vai vir a Varginha pedir votos para si ou para outro nome do partido? Essa informação é fundamental para definição de diversos outros partidos, visto que a ex-deputada aparece bem colocada nas pesquisas e o PT, mesmo desmoralizado por conta dos escândalos de corrupção, ainda é um dos maiores partidos do Brasil com gordo valor de fundo partidário e muito tempo de rádio e TV, sem falar na militância de esquerda que nas pesquisas dica entre 20% a 30%. Vale ainda destacar que outros partidos na cidade estão se estruturando e conversando sobre as eleições, na esperança de construir uma terceira via política na cidade, que pode vir do MDB, PSD, PSB ou do PSL. No caso do PSL, o partido ainda possui o maior tempo de rádio e TV além de ser o detentor do maior fundo partidário do Brasil. O vereador Zacarias Piva, nome do PSL para a disputa municipal, recebeu nesta semana em Varginha o deputado federal Charles Evangelista (PSL), que vem a ser o “padrinho político” de Piva, assegurando ao candidato municipal a legenda e recurso partidário para que o PSL seja “protagonista” nestas eleições em Varginha. O parlamentar federal veio a cidade para “lançar extraoficialmente” ao mundo político o nome de Piva para as eleições de 2020. Mesmo o PSL ainda não tendo nome de vice, o lançamento de Piva, finca bandeira no solo eleitoral local e mostra força para angariar parceiros. O PSL estaria em conversas com o PSB, que também tem candidato a prefeito em Varginha (e ainda melhor avaliado que o nome do PSL). Todavia, a intransigência do PSL de não abrir mão da cabeça de chapa impede que novas legendas se aproximem de Piva. Neste diapasão, o PSB e MDB que possuem boa convivência podem vir a fechar algo, ainda mais agora que a chapa governista está fechada. MDB que mantinha conversas com o Avantes do prefeito Vérdi Melo, agora conversa com PT e com o PSB. Quem ainda não disse a que veio foi o PSD, que possui uma pequena mas eficiente estrutura na região, além do deputado federal Diego Andrade, que é medalhão do PSD nacional e o coordenador da bancada mineira na Câmara dos Deputados. Ou seja, o candidato a prefeito apoiado por Diego Andrade tem a certeza de receber parte do fundo partidário, além de possuir canais exclusivos de acesso ao governo federal e estadual. Trocando em miúdos, a escolha da chapa governista foi o estopim da corrida eleitoral e não o fim das negociações. O prefeito e seu candidato a vice fecharam seu arco de apoios e dificilmente mais alguém se juntará ao grupo. O que teremos agora é a formação das demais forças políticas locais. Em breve teremos a decisão final de Geisa Teixeira se vem ou não para a disputa municipal. Depois disso, o arranjo final que contará com a definição de PSD, PSB, MDB e o azarão PSL e seu vice ainda desconhecido! A conferir.

Instituições e o poder municipal

Mesmo que não tenhamos notícias específicas de algumas instituições locais regularmente, muitas delas estão sempre envolvidas nas grandes decisões da cidade. Seja pela sua importância ou capilaridade, algumas instituições e setores produtivos locais representam enorme força política, econômica e transformadora em Varginha. Talvez por isso, tais instituições sempre possuem nomes públicos ou articuladores de bastidores que sempre defendem seus interesses em eventos como eleições municipais, por exemplo. Podemos destacar instituições como a Associação Médica de Varginha, Associação Comercial, Cooperativa dos Cafeicultores, Igrejas Católica e Evangélicas dentre outras que possuem grande prestígio na cidade e certamente terão representantes e ou defensores junto aos candidatos e certamente aos eleitos em Varginha em 2020. No Brasil o lobby não é regulamentado, o que não significa que não exista, pelo contrário!

 

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