Coluna | Periscópio
Wender Reis
Pedagogo e Orientador Social, curioso observador de tudo que causa espanto no mundo.
Greve: o mundo real
31/03/2017
No mundo ideal, os trabalhadores brasileiros têm todos os seus direitos respeitados por lei. A carga horária é justa, as condições de trabalho são excelentes, com ótimos recursos para todos, existem programas efetivos de prevenção da saúde coletiva, não há assédio moral em nenhuma esfera, os trabalhadores do setor privado têm efetiva participação nos lucros, os servidores públicos exercem suas funções com vistas a priorizar a sociedade e não a burocracia pública. 

No mundo ideal, a escola pública é a melhor do país. É bem equipada, dispõe de bibliotecas e laboratórios magníficos, os professores e professoras têm suporte para participar de programas de formação continuada, a comunidade respeita e valoriza os seus profissionais. 

No mundo, que é real no Brasil, existem muitas pessoas que trabalham em condições análogas à escravidão, no nosso mundo, que é bem real, com medo de perder o emprego, caso não o façam, muitos trabalhadores vão além de suas cargas horárias sem receber nada a mais por isso, nesse mesmo mundo, uma realidade clara e límpida aponta que se trata de um país recordista em afastamentos do trabalho por questões de saúde, especialmente estresse, que aumenta a cada ano. É neste mundo que as relações de chefia-funcionário se estabelecem através da lógica “pago seu salário, tenho direito irrestrito sobre você”. 

No mundo real brasileiro, os professores e professoras não são ídolos, as escolas não são clubes de futebol europeu. As condições de trabalho são constantemente precarizadas. A violência é lugar comum dentro das salas de aulas. O ritmo de trabalho está cada vez mais alucinante: aumento exigências, metas e etc. E os professores, dia após dia, mais desvalorizados, cumprindo propostas que se quer foram ouvidos para implementar.

É neste mundo real que precisamos lutar, é para este mundo que precisamos acordar.

Neste mundo, existe uma proposta de reforma a nossa previdência que afeta direta e dolorosamente o direito sagrado a aposentadoria de milhões de brasileiros que não vivem em um mundo ideal, que sabem o quanto é perniciosa a relação patrão-empregado nesse país. 

No mundo real, para que consigamos efetivar qualquer conquista sempre foi preciso muita luta. Vale lembrar que nem uma vírgula existente no contracheque de qualquer trabalhador foi ação benemérita de governo algum.

Para encerrar, vale um questionamento, que cada um deve fazer a si mesmo: no mundo real, se fôssemos nós a tentar mudar as regalias que os poderosos da política e do empresariado têm, conseguiríamos obter êxito?

 

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