Coluna | Periscópio
Wender Reis
Pedagogo e Orientador Social, curioso observador de tudo que causa espanto no mundo.
Efeito
16/11/2016
Repara aquele dominó brasileiro. Aquele patriota entusiasmado pelo impeachment de Dilma Rousseff, o mesmo que elegeu João Dória e Crivella. Aquele dominó que bateu panela, ergueu bandeira vestido com sua camisa da seleção CBF e cantou combativo o hino nacional. O dominó que pede o fim do bolsa família, o fim das cotas, que pede cadeia para adolescentes, que dá razão a polícia por exterminar diariamente negros e pobres nas periferias país afora. Que acha que se a mulher está usando roupas curtas está pedindo para ser estuprada. Que pensa que as religiões de matriz africana são coisas do diabo. Esse mesmo dominó foi complacente com Eduardo Cunha, esse mesmo dominó é conivente com um governo ilegítimo que toma como medida de recuperação da economia uma Proposta de Emenda à Constituição que desresponsabiliza o Estado ante suas maiores responsabilidades: saúde e educação. 

Esse dominó acabou de tomar o poder na América, lugar de onde surgem os comandos para que os dominós do mundo se movimentem. Esse mesmo dominó promoveu estragos catastróficos na Grécia. Esse mesmo dominó vem ganhando força em países como Alemanha e França. Esse mesmo dominó, para quem tem memória curta, promoveu guerras e genocídios mundo afora. Pensamentos dessa matriz ideológica sustentaram o holocausto. E se tem uma coisa que podemos aprender com a história é que as guerras nunca terminam, os tabuleiros apenas voltam a se organizar para mais uma... e mais uma... e mais uma...

Agora que aconteceu, vamos adiante. Vamos pensar as reações desses dominós enfileirados, onde se toca o primeiro e todos vão caindo até o último. Vamos pensar o tabuleiro. 

Não é incomum a lucidez assumir feições maníacas e o mesmo acontecer com a alienação. Seria ingenuidade pensar e mesmo sugerir que basta pulverizar Bolsonaros e afins do nosso círculo de convivência e isso harmonizaria o mundo. Eles não desaparecem. Eles estão aí, no ponto de ônibus, no banco da praça, na fila do caixa do supermercado. O desafio é oxigenar a nossa bolha virtual feliz onde todos somos artistas e harmonizados com os pensamentos de um novo tempo e um novo mundo, afinal, isso resolve alguma coisa? Não. É passada a hora de romper nossas fronteiras pessoais e observar esses comportamentos, sem querer cometer suicídio ou quebrar o computador. O clubismo no qual nos metemos em redes sociais, essa seletividade extrema tem nos enfileirado como dominós e não como pessoas. 

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