-O tempo está seco. O inverno se aproxima e o ar fica carregado, poluído. Sentimos o cansaço em nossos membros fragilizados que buscam a sobrevivência em uma vida insana, surreal, sobrecarregada, tensa, paulistana. 

Em 1713 foi fixada uma multa de 6000 réis aos habitantes que deixassem seus porcos soltos na rua. Em 1730 foi edificada a igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos. Em 1744, na Rua do Carmo, o Convento de Santa Tereza foi um dos primeiros locais a contar com água canalizada na cidade de São Paulo. 

-Veja, em 2013 já não há porcos nas ruas mas a cidade está imunda. As administrações não dão conta do recado e a população não colabora. Por todo lado lixo, sacos plásticos rasgados por mendigos à procura de alimento... 

- 400 anos depois, a Capital, outrora um vilarejo, cidade tímida incrustada em altitudes da Mata Atlântica, tornou-se sinônimo de caos. Insegurança, assaltos a mão armada, transito caótico, desvios de verba pública, pessoas tensas e imaturas, dívidas e mais dívidas, despesas e mais despesas...

-A urbe outrora elegante perde o seu charme. Sente-se moderna, se autoproclama cidade de primeiro mundo, é rica, tem opções de lazer para todos os gostos, e bolsos, porém é desumana, inóspita, dura para com os migrantes e imigrantes e pouco bela. 

- Entretanto São Paulo surpreende. A cidade é um mosaico cultural riquíssimo, sua culinária apresenta sabores de vários rincões de todo o mundo e nesta cidade as pessoas são sedentas de felicidade e de bem estar e por isso buscam preservar sua identidade e nunca se desfazem de suas origens, de seus passados. 

- Amo São Paulo, me sinto integrado quando perambulo por suas ruas, entro em seus templos, visito seus espaços culturais, passeio por seus parques ou ainda me perco na multidão de suas ruas comerciais onde impera o bom senso na negociação ou no escambo. -Entretanto São Paulo é maltratada por quem a habita. Seus córregos estão ou soterrados ou contaminados. Há ruas onde os habitantes de seus imóveis não conseguem dormir pelo excesso de ruídos. 

O Centro Histórico, em final de semanas é “depósito” de mendigos e de meliantes e as autoridades estão fazendo vista grossa ao assunto pois desejam angariar votos para as eleições próximas e assim se manterem de forma longeva no poder. 

- Tem solução? 

- Tem, a população é a única responsável pelos desmandos da cidade. Por ser inculta não sabe exigir, não sabe sugerir, não colabora, não exerce sua cidadania e é omissa. Portanto a única solução seria uma campanha de conscientização dos paulistanos para que sua cidade-mãe seja adotada e respeitada por todos. 

Fábio Brito