Coluna | Fatos e Versões
Rodrigo Silva Fernandes
Advogado e articulista político do Jornal Gazeta de Varginha. Escreve todas as quartas e sextas.
Entrevista com o ex-prefeito Eduardo Corujinha - PT
16/01/2013
A Coluna Fatos e Versões conversou com o ex-prefeito Eduardo Corujinha, no último dia 21 de dezembro, quando ainda era prefeito. Foi uma das últimas entrevistas do petista como prefeito. O político esteve na sede da Gazeta com a ex-secretária de governo Paula Andréa Direne, e falou sobre os mais diversos assuntos, respondendo a questões que foram selecionadas entre as diversas perguntas dos leitores de Fatos e Versões, enviadas por e-mail à Coluna. Veja abaixo a entrevista completa.

01 - Prefeito, nestes quatro anos o PT de Varginha viveu dois ápices políticos. Um de vitória contra 14 partidos, o governador, e dois deputados em 2008, quando o senhor se elegeu, e outro agora em 2012, quando com o apoio de dois deputados federais, um senador, vários ministros e da presidente Dilma o PT perdeu a eleição em Varginha. Como o senhor analisa estas duas eleições, 2008 e 2012? E a que se deve ou a quem se deve esta derrota de 2012? Existem culpados?

Corujinha – Não há culpados em processos eleitorais! Existe é a comemoração da democracia! Após o período eleitoral, com a vitória do Antônio Silva, fui a primeira pessoa a ligar pra ele e desejar boa sorte, assim como eu voltei a fazer na diplomação (dos eleitos). Mas não vejo nenhum culpado (pela derrota do PT em 2012) quem entra numa eleição entra pra ganhar ou para perder, a população que escolhe! O PT encabeçou um projeto social, sempre priorizando os mais fracos e mais humildes, dai a vitória em 2008, que você citou e agora esta derrota (em 2012), estávamos indo para um quarto mandato! Mas é importante, numa cidade com o tamanho e a importância de Varginha, existir a alternância de poderes. Até mesmo porque existiu esta alternância em 2001, foi uma experiência que a população viveu!

Acho que foi importante para o povo, saudável, salutar (a alternância de poder), hoje eu falo desta forma, com muita tranqüilidade. Lógico que nos gostaríamos de continuar esse projeto (de administração petista a frente da cidade), até porque muito se captou (em investimentos públicos federais e estaduais), graças a nossa administração e nossos apoios que você citou, deputados, ministros e tudo o mais. Acho que esse é o nosso legado, mesmo que tenhamos um resultado negativo na disputa eleitoral, há recursos garantidos para a próxima administração, graças a este trabalho e apoios que devem ser direcionados para a população.

02 - Prefeito, ainda hoje existem aqueles que afirmam que este governo não foi seu, e sim do PT. Nestes quatro anos, quem governou Varginha? O senhor, o PT, ou seu grupo de secretários mais próximos? E qual será o legado político e social que estes quatro anos de governo deixam para a cidade?

Corujinha - É natural que existam comentários neste sentido, eu respeito. Mas é obvio que nestes anos a bola da vez era o partido que mais fez nas políticas sociais. E nesse sentido me considero, juntamente com a nossa equipe, não só do Partido dos Trabalhadores, mas todos os partidos coligados, numa administração que foi feita junto com o povo. Não vejo verdade nesses comentários (que diziam que o PT ou secretários tinham o comando e não o prefeito que administrava), acho uma maldade, leviandade nesse tipo de fala, nestes boatos, até porque somos todos seres humanos, e minha forma de governo sempre foi distribuída, com o grupo, com os secretários, todos tinham autonomia, lógico que a decisão final sempre era do prefeito. Foram minhas! (as decisões), não ia abrir mão desta prerrogativa, até para que não aja maldade sobre a autonomia do governo.

03 – Prefeito, muitos cortes e ajustes econômicos e saneadores foram feitos após o resultado eleitoral. Porque isso não foi realizado antes das eleições? Quando o governo tomou conhecimento da situação financeira difícil do Executivo e porque a população não foi informada antes?

Corujinha – O Brasil está passando por reflexos de uma crise mundial e isso vem ocorrendo desde 2008/2009. Logicamente que a Prefeitura de Varginha, ai eu dou um conselho à equipe de transição (novo governo), que hoje a prefeitura tem um orçamento, um tamanho diferente do que era antes de 2001 (quando Antônio Silva era prefeito – segundo mandato). Hoje a Prefeitura de Varginha, com seu orçamento, seus desafios é muito, muito, muito maior! Mas como toda prefeitura sobre com diminuições de receitas e expectativas e nós em nenhum momento diminuímos a prestação de serviço (público do Executivo municipal) principalmente na área social, leia-se saúde.

A Lei de Responsabilidade Fiscal, que não existia antes de 2001, exige do gestor público as adequações na questão de fechamento de mandato. Isso é muito importante, nós estamos fazendo isso com muito rigor. Todos me conhecem, jamais teria o desejo de fazer cortes, como o ticket por exemplo, sem uma justificativa para isso! E comparada com outras prefeituras do Brasil, que estão deixando de pagar o 13 salário, e o próprio salário, eu desafio pessoas a ver se isso esta acontecendo na nossa gestão. Agradeço aos servidores públicos pela compreensão e os chamo a reflexão, pois em nenhum momento, em que pesem as crises que ocorrem em todas as prefeituras, deixamos de cumprir nossas metas salariais, 13 salário. O que é uma obrigação, mas tenho acompanhado outras prefeituras e muitas não estão cumprindo por conta das dificuldades (financeiras).

Tivemos sim prioridades neste momento pós-eleitoral, tivemos que fazer cortes, mas não foram por represaria, mas para que também pudéssemos concluir obras importantes ainda neste mandato, sem fazer estardalhaço! Por exemplo, recentemente inauguramos a UTI Neo Natal, novo espaço onde dobramos o número de leitos, entregamos o prédio do SAMU para o consórcio que vai assumir o serviço, estamos entregando as câmeras de vídeo-monitoramento, que já estão sendo utilizadas pela Guarda Municipal. As pessoas podem andar pela cidade e ver o posteamento com as câmeras, isso é muito importante! Estamos entregando hoje também (as novas obras do) velório municipal, para que as pessoas possam ter mais dignidade (nos sepultamentos). Esses exemplos de ações também tem que ser divulgadas, porque queremos mostrar que a nossa administração, mesmo com todas as dificuldades, esta deixando um legado de mais dignidade (para o povo). E queremos concluir nossa obra (mandato) dentro da (lei de) responsabilidade fiscal.

Nosso legado esta ai! Aumentamos o nível de exigência da população, principalmente a mais carente, que precisa dos postos de saúde, dos hospitais. Na inauguração da UTI Neo Natal vários médicos testemunharam essa evolução (melhoria do serviço) e investimentos nos últimos 12 anos. (Manter a continuidade das melhorias) É o maior desafio da próxima gestão, não só de Varginha como de todos (os outros municípios). Estamos terminando nosso mandato com a cabeça em pé, sabendo de tudo de bom que fizemos para nossa população, sabemos dos desafios, mas fizemos e vamos continuar desejando o melhor para a população!

04 – Prefeito, o novo governo vem anunciando que o Executivo está desorganizado e que herdará uma grande dívida de sua gestão. Qual a real situação financeira do Executivo? Quanto a prefeitura deve? Quanto o senhor deixará de dívidas e créditos a receber? Quais obras de destaque o senhor deixa conveniada junto aos governos estadual e federal?

Corujinha - É natural que depois de um processo eleitoral, onde se tornou público todos os anseios e dificuldades de se administrar uma cidade como Varginha, quero deixar claro que tenho orgulho de ter administrado Varginha, nossa cidade é hoje a melhor cidade e mais importante cidade do Sul de Minas, e tem seus desafios. Lógico o meu papel, neste processo que estamos vivendo agora (período de transição) é de ser a pessoa que mais pode ajudar a próxima administração, abrindo as portas para a equipe de transição do governo futuro, que inclusive foram bem recebidos! (os membros da equipe de transição) Tiveram todas as facilitações em termos de informações necessárias. Meu desprendimento me permite desejar boa sorte e sucesso a nova administração, o que fiz imediatamente após a disputa eleitoral. Participei de todos os momentos junto com a equipe de transição, os recebendo, participei da diplomação cumprimentando todos os eleitos, o prefeito, vice e vereadores. Inclusive fizemos dois vereadores do Partido dos Trabalhadores, mais cinco vereadores alinhados ao nosso projeto político. Então, sete dos vereadores que defendem as nossas causas foram eleitos, isso é motivo de comemoração!

Quero deixar claro também que a equipe de transição que manifestou algumas informações (sobre a gestão petista), quero refuta-las de forma veemente, principalmente na questão das dívidas junto ao Instituto de Previdência dos Servidores Públicos Municipais de Varginha – IMPREV. Esse débito, essa dívida (apontada pela equipe de transição) não é minha. Mas vem desde o início do IMPREV, com empréstimos feitos pelo próprio prefeito Antônio Silva, que entendo que fez com a melhor das boas intenções, mas que naquele momento, não havia Lei de Responsabilidade Fiscal, que permitiam ao governo ter algumas alternativas (em situações econômicas difíceis) como isso que ocorreu. Então quero deixar claro que eu em nenhum momento (do governo petista) adquiri esse montante de dívida (do IMPREV) e acho que ser prefeito é assumir o ônus e o bônus das administrações anteriores. Lógico que no período eleitoral isso foi extremamente debatido por todos os candidatos, mas a informação correta é essa: que nós (governo do PT) encaminhamos um projeto de Lei para a Câmara, já a algum tempo, em março de 2012, sugerindo um projeto de parcelamento (para pagamento das dívidas do Executivo com o IMPREV), que nós chamamos de projeto de segregação de massas, é um termo técnico! Mas se fossemos aposentar agora, amanhã, todos os 3 mil funcionários da prefeitura talvez tivéssemos as dificuldades que estão falando por ai, mas isso (aposentadoria e pagamento de pensão dos servidores) é pra daqui 30 ou 40 anos. Tenho certeza que no próximo governo isso (o projeto de segregação de massas que tramita na Câmara) será apreciado no Legislativo para facilitar (a gestão da dívida) para o próximo governo. Em nenhum momento este débito (junto ao IMPREV) foi feito por mim, mas acho que o débito tem que ser pago, de forma parcelada, em 10, 20 ou 30 anos, pois esse é o projeto (que tramita na Câmara).

A equipe de transição foi extremamente bem recebida pela nossa administração, para que tivessem condições de tomar ciência da gestão, inclusive dos convênios (vinda de recursos) que estou deixando. Quero deixar claro que contesto essa informação (dada pela equipe de transição) de uma dívida de cento e tantos milhões e do Instituto de Previdência, isso não é real, não é uma dívida feita por mim, refere-se a administrações passadas. Em nenhum momento nos pegamos empréstimos, como foi feito em outras épocas, antes de 2001. Mas o prefeito também precisa assumir todas estas ações (de governos anteriores) e não só o bônus, mas o ônus também!

Nosso papel foi de encaminhar, como encaminhamos desde março, para a Câmara o projeto de lei para o parcelamento (da dívida do IMPREV) de uma forma tranquila, saudável e que o gestor possa administrar de forma tranquila, pagando a dívida de forma parcelada, mas isso não foi aprovado pela Câmara, tenho certeza que precisará ser encaminhado novamente, para solucionar essa questão do IMPREV.

Vejo também que no balanço final da equipe de transição, não citaram em nenhum momento recursos da ordem de R$ 102 milhões em investimentos em todas as áreas de governo, graças a convênios do nosso governo com órgãos do governo federal e estadual. Os maiores recursos estão ligados a área de saúde. Como médico e secretário de saúde que fui, priorizei a área de saúde! E grandes obras nesta área serão concluídas nesta próxima gestão: exemplo, o projeto do SAMU, que envolve o custeio dos hospitais. Já agora com a visita de autoridades do Ministério da Saúde, (que aconteceram no final de dezembro 2012) foram liberados valores em torno de Hum milhão de reais por mês, que serão distribuídos para a UPA, Hospitais Bom Pastor e Regional, isso não existia! Mas agora em um ano estes recursos somarão em torno de 40 a 60 milhões de reais, associados a outros investimentos. Por exemplo, nas creches, nas unidades de saúde (Policlínicas), vejam que teremos mais seis policlínicas com recursos garantidos, que serão licitadas agora (neste novo governo). Além dos exemplos na parte de habitação que são muitos. Naturalmente, todos estes convênios precisam ser monitorados, mas já há garantia do acesso aos recursos, muitos já estão na conta da prefeitura, e outros estão em processo de assinatura, mas estão prontos. Para se chegar a este estágio não é uma coisa simples, precisou de articulação (política) por um, dois, três anos e isso deixamos de legado para o próximo governo, além de também ter aumentado o nível de exigência da nossa população. A população observou que estas obras e conquistas são para melhorar a qualidade de vida de todos nós!

05 – Prefeito, dizem que o governo do saudoso Mauro Teixeira, do qual o senhor participou e depois sucedeu também herdou dívidas e que o senhor também herdou muitas dívidas do governo de Mauro Teixeira. Das dívidas e problemas administrativos vividos hoje pela Prefeitura de Varginha, quais o PT herdou a 12 anos atrás, quais o senhor herdou de Mauro Teixeira e quais o senhor deixa para o próximo prefeito?

Corujinha - Bem, como eu já disse, ser prefeito e dar continuidade a gestão independente de quem foi o prefeito (anterior) e ter coragem de assumir o ônus e o bônus de qualquer gestão (anterior). Da mesma forma que você diz em relação as dívidas, dificuldades, enfim “abacaxis” etc, as dívidas referentes ao IMPREV é algo que transcende uma gestão e talvez uma duas, três, quatro (gestões) vão estar tendo a necessidade de estar corrigindo esta distorção, que não foi iniciada por nós (PT). Quero enfatizar isso! Essa é uma preocupação da população, uma coisa muito técnica. Foi coisa que o Mauro (Teixeira) assumiu, e que eu também assumi. E outros prefeitos também vão assumir. (Mas existem dificuldades) Que fazem parte do dia-dia de uma gestão! Tem momentos que as vezes independem do seu desejo, que envolvem cobranças do Ministério Público, existem questões que envolvem muito a judicialização da saúde, são ações que talvez as pessoas não saibam quando se diz: “ah deixou uma determinada dívida!”. Mas quero deixar claro que, como médico e priorizando a área de saúde, nunca se investiu tanto dentro dos hospitais, principalmente no Hospital Regional, que não é competência municipal, mas os recursos que as vezes podem extrapolar a questão orçamentária a população pode ter certeza que esta dentro dos hospitais, muitas vezes sob judicialização do Ministério Público. Que nos achamos legítimas, mas são importantes (serem expostas) para mostrar as dificuldades e dinamismos de uma administração pública.

06 – Prefeito, este pleito eleitoral foi muito duro e disputado. Muitas promessas foram feitas por seu adversário, que venceu as eleições. No seu entendimento, de tudo que foi dito e prometido, o que o senhor acredita que NÃO poderá ser cumprido? E qual será o seu papel e do PT nestes próximos quatro anos?

Corujinha - Tive a oportunidade, e isso é público e notório, não tem problema comentar sobre isso, que depois da disputa eleitoral, procurei o prefeito Antônio Silva, só eu e ele, e fizemos um balanço muito interessante sobre a vida de um prefeito. A família de um prefeito, as preocupações, as expectativas e angústias de um prefeito, principalmente de uma cidade como Varginha. Quero nesta pergunta entender que muito é prometido no período eleitoral, e nós também prometemos, no anseio de acharmos que isso era importante para a cidade em determinado projeto. Lógico que isso, (prometer e realizar) é um desafio, pois a classe política hoje, muitas vezes é questionada por promessas, as vezes fantasiosas, mas que eu desejo que isso (as promessas eleitorais de Antônio Silva) sejam cumpridas, acho que principalmente na área de saúde é um desafio muito grande (cumprir as promessas feitas).

Já o que foi prometido na área de saúde, por estar na prefeitura a 12 anos, acho que não serão cumpridas. Não por incompetência (do novo governo), mas sim pelas dificuldades, problemas e surpresas que sempre aparecem e não estão relacionadas ao desejo do prefeito.

Sobre o papel do PT ou o nosso papel e dos vereadores, não só do PT mas todos os vereadores da base de apoio ao governo, (petista) logicamente vamos ter um papel de fiscalização. O papel de trabalhar junto aos conselhos comunitários. O papel do nosso partido e nosso estilo de governo sempre esteve relacionado a participação popular. Então o conselho municipal de saúde, esporte, educação, da juventude, que nomeei recentemente, entre outros, fazem parte desta fiscalização. Através dela (fiscalização ao novo governo) é que o nosso partido e os demais que nos apoiaram vão cobrar (melhorias), pois essa é nossa função bem como da população.

07 – Prefeito, muito se especula sobre seu destino político e profissional. O que o senhor vai fazer daqui pra frente? O senhor continua na política? Será candidato no futuro? Quem serão os novos líderes e metas do PT em Varginha?

Corujinha - Quero deixar claro que sou médico, tenho orgulho de trabalhar na área de saúde e a minha pretensão é continuar minha carreira na área de saúde e nesse sentido estou muito tranquilo. Há uma expectativa muito grande nesse sentido (voltar à medicina), mas vou terminar o mandato, ate dia 31 (de dezembro de 2012 – a entrevista foi gravada dia 21 de dezembro de 2012) com toda a dedicação exclusiva ao governo. É natural que após terminar o mandato vou retomar as minhas atividades profissionais na área de saúde, disso não tenho dúvidas, pois vivo disso (medicina) e trabalho exclusivamente com isso.

Então, política é passado para o Senhor? Página virada em sua vida?

Não pensei nisso ainda, até por conta de estar dedicado exclusivamente a terminar o mandato. É natural que estas perguntas (sobre meu futuro profissional) sujam, mas, ainda não pensei nisso. (Se continuará na política). As pessoas podem achar que estou escondendo informação, mas não pensei nisso ainda em nenhum momento.

Vou priorizar minha carreira como médico, do ponto de vista profissional. No ponto de vista político, deixo para o futuro, ainda vou refletir sobre isso. O futuro a Deus pertence!

Os novos líderes (da oposição) serão discutidos internamente nos partidos, não é o momento agora de levantarmos estes nomes, ainda precisa haver uma sedimentação deste processo pós-eleitoral.

08 – Prefeito, antes de terminar seu mandato, alguns partidos e lideranças políticas que apoiavam sua administração já manifestaram oficialmente o apoio ao novo governo. Alguns que estavam ao seu lado, já nas eleições, resolveram apoiar outros candidatos. Como o senhor vê este quadro? Quais as lições políticas e de vida que o senhor aprendeu nestes quatro anos?

Corujinha - Sobre essa opção de termos ou não o apoio (de lideranças e partidos) é natural, faz parte do ser humano, é nesse momento que a gente conhece as pessoas. Eu me apego muito nesta questão de fidelidade, mas entendo que o processo político é democrático e as pessoas optam conforme suas conveniências. Se elas (conveniências) são pessoais, ai é um problema, a meu ver temos que trabalhar com ideais coletivos e interesses coletivos, que precisam ser prioritários. Assim que vou sempre trabalhar! Naturalmente eu tenho perdas por seguir isso a risca, mas é assim que se mostra (descobre) as pessoas e as ideologias de cada um, e desejo boa sorte (para aqueles que deixaram a oposição e passaram a apoiar o novo governo).

ENTRE LINHAS

Como faz com todos os entrevistados de Fatos e Versões, este colunista conversou em off com o ex-prefeito Eduardo Carvalho – Corujinha, após a entrevista. Neste outro papo, menos formal e mais descontraído, o político falou com minúcias sobre sua situação política e de suas expectativas para o futuro da cidade, do novo governo e de seu próprio futuro. Como sempre, o Entre Linhas, é uma parte da entrevista onde este colunista faz uma analise política pessoal sobre o papo informal com o entrevistado, para tentar fazer uma previsão ou antecipar eventuais ações políticas ou como possivelmente pensa o entrevistado. O Entre Linhas pode ser visto como uma análise subjetiva deste colunista sobre o possível pensamento do entrevistado. Muitos entrevistados que passaram por Fatos e Versões mostraram que grande parte das projeções e análises políticas e muito dos prognósticos feitos pela coluna se tornaram realidade na política de Varginha, que embora complexa e difícil de se prever, pode ser antecipada quando se sabe dos Fatos e Versões do que acontece nos bastidores do poder.

Para quem conhece Corujinha sabe que o “baque político” pela derrota nas urnas foi grande! Embora esperada, a derrota nas urnas não era vista ou imaginada como real pelo PT e os seus. O próprio Corujinha chegou a acreditar na vitória em alguns momentos! Ainda atordoado com a derrota, mas se recuperando rápido, o ex-prefeito vai se recompor, dar tempo ao tempo, tentar encontrar quem são e foram seus verdadeiros amigos para tentar construir verdadeiramente um grupo. Desta vez, o seu grupo político, não o grupo do PT, mas o grupo do Corujinha. O ex-prefeito tem mais mágoas daqueles que estavam com ele, e o abandonaram pelo meio do caminho, do que a oposição que nunca o apoiou! Mas com a saída do poder, o político começa a se preocupar com os opositores que chegaram ao poder. Existem muitos “esqueletos no armário”, nem todos gerados pelo governo Corujinha, mas grande parte deles criados durante os governos do PT e começam a ser descobertos pela aparente rancorosa oposição que venceu nas urnas. Talvez por isso, Eduardo Carvalho não deve dar trabalho ao novo governo. Não vai “atirar contra a nova gestão nem fazer política de bastidores contra o governo Antônio Silva”, mas também espera não ser atacado pelo novo governo. Coisa difícil de se prever em se tratando de Antônio Silva que tem histórico de ser algoz dos opositores e de “gostar de arrancar e expor os esqueletos administrativos eventualmente encontrados nos armários do Executivo”, ao modo como fez com o também ex-prefeito Aloísio Ribeiro de Almeida.

Corujinha pode ate voltar a se candidatar e entrar novamente na política do “dar a cara para bater”, mas não será agora, nem tão cedo. Corujinha foi muito “ferido como profissional, pai, marido e cidadão”, nunca almejou ser prefeito e sacrificou sua família e vida pessoal pelo sonho que não era seu, mas do saudoso Mauro Teixeira! Ainda assim, convencido pelo saudoso amigo, aceitou entrar na política, sendo colocado por Mauro no poder, e agora em 2012, tendo perdido o poder para o mesmo grupo político que sempre combateu Mauro e o PT. Por certo Corujinha não vai deixar de ser “ouvido” nas políticas de bastidores do PT para esta legislatura e estará a disposição, nos bastidores, sempre que o PT e seus amigos precisarem, mas o ex-prefeito não vai mais se “aventurar na política”, a menos que tenha o verdadeiro comando de um grupo político fiel, verdadeiro e forte, e seja chamado para voltar com certeza de vitória, coisa difícil de acontecer! Outra possibilidade seria a gestão atual fracassar de tal modo que o povo venha a “sentir saudades de Corujinha”, também algo difícil de ocorrer, tendo em vista a experiência e boa equipe recrutada pelo atual prefeito.

Desta feita, é quase certo que Corujinha vai mesmo retomar sua vida de médico pelos próximos anos, porém com um “plus” que nem mesmo os mais graduados e abastados médicos da cidade com seus modernos consultórios possuem: amizades poderosas e conhecimento técnico da burocracia política deste governo federal petista. Atualmente Corujinha sabe onde e como buscar recursos para a saúde, além de possuir amizade com o ministro da saúde e toda sua equipe direta. Os boatos de que Corujinha seria secretário de saúde em qualquer das grandes cidades da região administradas pelo PT, como Pouso Alegre e Poços de Caldas, tem sua razão. Corujinha seria um “achado” para qualquer destes prefeitos petistas em início de carreira, que não conhecem o “caminho das pedras, já percorrido por Corujinha, para trazer recursos do Ministério da Saúde”. De tal forma que, possivelmente, Eduardo Carvalho, como médico, seria um excelente lobista da saúde para ajudar seus companheiros da região e por certo será consultado por outros prefeitos em início de carreira ou para contato com o governo federal. Corujinha vai se recolher aos bastidores, mas não aposentou, nem pendurou as chuteiras, vai se “curar das feridas políticas” e seus “deslizes administrativos” serão esquecidos pelo povo, que infelizmente tem memória curta para todos os políticos, prova disso é que o atual prefeito esta no terceiro mandato no Executivo! Eduardo Carvalho – Corujinha, ainda vamos ouvir falar neste nome, talvez mais cedo do que se imagina...!

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