Coluna | BRASILzão
Fábio Brito
O editor e jornalista Fábio Brito é responsável pela edição e publicação de centenas de títulos voltados às realidades do Brasil. Durante anos esteve à frente de selos editoriais importantes e renomados e no presente momento impulsiona, através de consultorias específicas nas áreas editorial e cultural, os selos Bela Vista Cultural e FabioAvilaArtes. A coluna Brasilzão, inicialmente através do Jornal Correio do Sul, de Varginha, foi iniciada em 11 de julho de 2004 e tem contado com a importante parceria do Varginha Online na disponibilização de vivências de Fábio Brito por todo o Território Nacional e por países por onde perambula em suas andanças.
Catira e o "Violeiros do Parque "
19/09/2011

- Cheguei de Paris exausto às 5 horas da manhã após um vôo tumultuado e cansativo. Às nove voltei à normalidade e durante dez horas corridas de trabalho procurei retomar as atividades após viver dias ensolarados na capital francesa.

- E o "Violeiros do Parque" ?

- Nosso querido amigo Sidney, um defensor da cultura popular paulista conseguiu motivar-me, apesar do cansaço e do fuso horário, a seguir logo cedo para Extrema, em Minas Gerias. De lá continuamos a viagem - o fotógrafo Fabio Knoll e eu - para o aprazível bairro "Campo Verde", no Município de Camanducaia.

- Entendo a sua empolgação. Deixar a Cidade Luz e seguir para o interior de Minas Gerais é um verdadeiro choque de civilizações.

- Nem tanto. Alimentou minha alma voltar à região da Serra da Mantiqueira onde apreciaria o belíssimo evento com lanternas iluminadas na noite fria do inverno que se anunciava. Minha alma ainda estava aquecida pelo verão principiante do país europeu e meus sentimentos estavam aconchegados com a fogueira, o quentão, o som das violas e a dança folclórica, comandada pelo amigo paulista Sidney, em terras mineiras. Emocionou-me vê-los dançar a catira e ouvir a batida de pés e de mãos dos dançarinos felizes ao apresentar-se ao público amante de nossas raízes culturais.

- Dizem que a catira surgiu quando das andanças dos bandeirantes e seus peões pelos sertões do Mato Grosso, Paraná, Minas Gerais, Goiás, São Paulo e Mato Grosso do Sul. Dois violeiros comandam o grupo de dez dançadores que animam a todos com o som rítmico provocado pelos movimentos de seus pés e de suas mãos.

"Diversos autores, entre eles Mario de Andrade, nos contam que a catira no Brasil, se originou entre os índios e que o Padre José de Anchieta, entre os anos de 1563 e 1597, a incluiu nas festas de São Gonçalo, de São João e de Nossa Senhora da Conceição, da qual era devoto. Teria Anchieta composto versos em ritmo de catira para catequizar índios e caboclos e a considerava própria para tais festejos, já que era dançada somente por homens, fato que se observa, ainda hoje, em grande parte do país. Atualmente, ela é dançada também por homens e mulheres ou só por mulheres".

- Interessante esta versão da catira vou ler para você o que encontrei sobre a evolução da dança: " A catira em algumas regiões é executada exclusivamente por homens, organizados em duas fileiras opostas. Na extremidade de cada uma delas fica o violeiro que tem à sua frente a sua "segunda", isto é, outro violeiro ou cantador que o acompanha na cantoria, entoando uma terça abaixo ou acima. O inicio é dado pelo violeiro que toca o "rasqueado", toques rítmicos específicos, para os dançarinos fazerem a "escova", bate-pé, bate-mão, pulos. Prossegue com os cantadores iniciando uma moda viola, com temática variada em estilo narrativo, conforme padrão deste gênero musical autônomo. Os músicos interrompem a cantoria e repetem o rasqueado. Os dançarinos reproduzem o bate-pé, bate-mão e os pulos. Vão alternando a moda e as batidas de pé e mão. O tempo de cantoria é o descanso dos dançarinos, que aguardam a volta do rasqueado.

Acabada a moda, os catireiros fazem uma roda e giram batendo os pés alternados com as mãos: é a figura da "serra abaixo", terminando com os dançarinos nos seus lugares iniciais. O catira encerra com Recortado: as fileiras, encabeçadas pelos músicos, trocam de lugar, fazem meia-volta e retornam ao ponto inicial. Neste momento todos cantam uma canção, o "levante", que varia de grupo para grupo. No encerramento do Recortado os catireiros repetem as batidas de pés, mãos e pulos. É uma dança trazida pelos boiadeiros, eles iam tocando o gado, rancho a fora quando descobriram que no assoalho daquele rancho fazia um barulho interessante, eles brincavam de bate palmas e pés. Eles eram caipiras".

- E o Violeiros do Parque ?

- " O "Violeiros do Parque" é um grupo de amantes da viola que em abril de 2009 se reuniram e decidiram iniciar um trabalho de organização, resgate e divulgação da cultura cabocla raiz".

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