Coluna | BRASILzão
Fábio Brito
O editor e jornalista Fábio Brito é responsável pela edição e publicação de centenas de títulos voltados às realidades do Brasil. Durante anos esteve à frente de selos editoriais importantes e renomados e no presente momento impulsiona, através de consultorias específicas nas áreas editorial e cultural, os selos Bela Vista Cultural e FabioAvilaArtes. A coluna Brasilzão, inicialmente através do Jornal Correio do Sul, de Varginha, foi iniciada em 11 de julho de 2004 e tem contado com a importante parceria do Varginha Online na disponibilização de vivências de Fábio Brito por todo o Território Nacional e por países por onde perambula em suas andanças.
Sabará: o primeiro destino turístico de Minas Gerais. Utopia?
20/08/2011

“Caro Fábio, preliminarmente desculpe-nos pelo que possamos ter deixado a desejar com relação à nossa hospitalidade. Certamente a dimensão de seus projetos para a melhoria e divulgação de nossa Sabará nos encabulou. Sua auspiciosa visita proporcionou-nos, além de agradabilíssimas tarde e noite, o avivamento de nossas certezas com relação ao potencial turístico desta nossa querida e inusitada cidade”.

- Quem disse isso?

- Ângelo Heliodoro

- Quem é Ângelo Heliodoro?

- É um apaixonado por Sabará, responsável pelo Parque Quinta dos Cristais.

- Antes de alongar-me ao descrever a personalidade, o encantamento e a ansiedade desse novo amigo, descrevo esta minha última curta vivencia na belíssima cidade histórica do ciclo do Ouro. “Dos telhados em terra e barro, descortinam-se as torres da igreja secular, de semblante ocre alaranjado contrastando com o branco caiado, das paredes aonde o azul faz contraponto nos chamando de volta à mãe Portugal. Bêbados, mendigos, meliantes, desocupados, desempregados se encontram nos espaços públicos e são tão inoportunos quanto o som estridente da música vulgar e sem melodia que ncanta esta nação empobrecida de cultura musical.

- Calma!!! E a nossa bossa nova, o samba canção, as cantigas de roda, o chorinho, o baião ... ???

- Foi tudo para a cucuia. Apoderou-se de todos, o nada sofisticado gosto da periferia somado aos atrozes gêneros axé e brega. Esse é o Brasil de hoje. Os jovens estudantes mineiros já não sabem quem é Milton Nascimento, Cacaso, Edu Lobo, Pixinguinha, Ivan Lins ... Reina o desconhecimento e surgem raras propostas novas que contemplam a minguante alma brasileira. Em oito anos corridos de mediocridade, o Brasil implodiu a sua criatividade intelectual e artística e explodiu para a busca desenfreada de bens de consumo pela grande massa desavisada e egocêntrica. “Seja feliz, compre, consuma, adquira ...”. Pouco importa se você tem educação, sensibilidade ou

necessidades imediatas de cuidar de sua saúde, do bem estar da comunidade onde mora, da educação de seus semblantes. O modelo político caracterizado pelo excesso de propaganda pessoal e auto-deslumbre fez com que os brasileiros retrocedessem várias décadas em termo de educação e de cultura. Não conseguimos, mundialmente, estar entre os primeiros nas áreas de educação, de turismo, de cultura ou de segurança. Que país é esse? Que povo é esse que não sabe escolher os seus dirigentes? Para onde estamos caminhando? Invadem-se propriedades alheias, áreas protegidas, mananciais, edificações históricas, beiras de rodovias, terrenos baldios.... Tudo isso com a conivência pública dos malditos representantes das comunidades, seres eleitos por pessoas não comprometidas com o bem estar coletivo e com o espírito de nação.

- Ai que lindo!!! É meio dia e após dirigir por uma estrada tortuosa e esburacada chego à Quinta dos Cristais. A cozinha no meio do mato. O fogão a lenha da cozinha no meio do mato. As mesas de madeira no refeitório ao lado da cozinha com seu fogão a lenha no meio do mato. As mangueiras parecem entrelaçadas com as bananeiras, com as aineiras, com os coqueiros do mato. Mato é natureza. Desmatar é agredir a vida no Planeta.

As telhas da antiga casa, escurecidas com o passar do tempo pelo musgo, pela fumaça do fogão a lenha e pela poeira que se assenta após os dias ensolarados do outono e do inverno resistem às intempéries dos tempos chuvosos que inundam os córregos, riachos e rios que percorrem a região e engrossam a sua presença caudalosa e generosa após o despencar das águas celestes. Dezenas, centenas e milhares de desabrigados, habitantes invasores e incautos maldizem a natureza mineira e os deuses que deixam soltas as energias e os poderes da divina Mãe Terra. Me detenho nos detalhes: o canto das cigarras, o sussurrar do vento, as trovoadas, os pingos da chuva nas poças d’água, o cheiro da lama.

- O que as suas sensações têm a ver com o representante da Quinta dos Cristais?

- Ambos nos uniremos para sensibilizar mais pessoas interessadas no desenvolvimento do turístico e cultural da deliciosa Sabará.

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