Coluna | Prosa Caipira & Cia
Sátiro dos Reis
Jornalista e Filósofo caipira formado nas barrancas do Rio Verde, é contador de causo e gosta duma boa pescaria de beira de rio. Jura de pé junto que em vidas passadas já foi violeiro, peão boiadeiro e sanfoneiro nordestino. Atualmente cultiva abobrinhas, e outras sátiras a mais, no terreno fértil do humor descompromissado e da livre imaginação. * Preste atenção: qualquer semelhança com fatos ou pessoas pode não ser mera coincidência, hein!
Uma chuvinha em cima
08/02/2007
Oceis fica pensanu qui é fácil inscrevinha né? Óia vô contá um causo proceis, as veiz ieu fico anssim meio pensativo prumódiquê tem genti qui fica caçoanu di nóis, inté incomendei uma missa pru padre Zé Antoim i pedi prele qui as reza fossi feita só pela caipirada, ias músca fossi tocada na viola mesmu. Já penso qui maravia, a caipirada toda rezano painosquitánuncéu, tendi misericórdia di nóis! Si eli vai aceitá ieu num sei, mas pedi num custa nada, num é mesmo? Inquantu issu nóis vais dispertandu pro bão humor e deixanu di ladu os pessimismu dos filósfo existenciar. Ieu sô anssim cumo Cumpadi Irineu diz: “caipira dusbão nunca adesesti du seu sonho, si acaba numa padaria eli precurá notra”.

Mais qui chuvaréu meu Pai du Céu da gotera pereni! Inté pensei qui tinha derretidu tudu lá pras riba du céu, ié inchenti prá lá e acolá. Qui coisa maidanada di si vê. Aqui o riu ta cheim qui só, a sorti é quieu mais Cumpadi Irineu fizemu as casa mais no arto da serra, só as roça quinundô tudo, fazê o que? nem tudo dá prá preveni, né. Cumpadi Tom inté teve qui transferi correnu o xiquerô dos porco, sinão tinha afogado a porcada toda. Jaquetamo falano di porco, num sei si oceis tá sabenu, mais o bixo vai pegá pucausdiquê os homi num para di polui o praneta. O tar di efeito istufa vai istufá mesmu. I ocê aí qui anda poluinu e sortanu carbonu tem curpa disso, viu!

Jaqui a desgraça tá feita, vô conta um causo proceis. Prestenção, quano eu tô falano ocê vai ovino, e vê si num fica inguar bocó di fivela, viu! Tem genti qui fica pensano qui caipira minero é bobo, e óia qui num é não. Ói procevê, um caipira minero lá ia andano estrada afora carregano um quejo na mão, quando derrepente vem um caminhoneiro si achano muito du isperto e diz: Ô minero, vamo cumê esse redondo? E o minero mais qui depressa arrespondeu: Uai, e quem sigura o quejo? Tá venu? Cada um cum sua sabidoria, né.

Cumadi Jandira tamém sabi dus causo bão, asturdia ela mi contô qui um caipira meio manguassa cumpadi dela qui morava im sumpaulo e foi atravessá a Avinida Paulista e quasi foi tropelado por um artomóve. E o motorista cuma baita duma raiva, grito: "sai da frente mineiro; quer morrer?" O minero anssim meicabrero, pensô: cumué qui essi paulista sabi quieu que eu sô minero, uai? Pê da vida foi pra casa, vistiu uma ropa di gaúcho, bota, lenço, chapéu, bombacha e foi prá avinida e atravessou di novu na frente du carro, io motorista di novu gritô: "sai da frente gaucho, tá parecendo mineiro, uai". Oi procevê, cada causo, hein!

Ieu cunheço uns homi qui são chatu dimais, mais ieu vô contá uma coisa proceis, Cumpadi Saulo, um caipira bão nas cantoria e nus goli, tinha uma muié qui era cardipescoço, chata quinté duia. Um domingo eli saiu di casa bem cedinhu cumo quem vai a missa e vortô quasi na hora do armoço, e anssim qui botô os pé pra dendicasa a muié já veio amolanu e disse:

- Ocê já foi bebê, né?

Eli oiô prela coçô as oreia i arrespodeu assim, na lata cumu se diz:

- Ocê qué sabê muié, ieu Já fui bebe, já fui criança, já fui moço e agora to véio e di saco cheio docê, sô!

Jáquetamu nessa di contá uns causo inquantu a chuva vai passanu, nas costa di argúem quiesqueceu o guarda-chuva, vô contá essi causo acuntecido lá prás banda di Monti Verdi qui, numsei si ocêis conhece, mais é bão di visitá, intão vamu: Todo pessoar da vizinhança sabia qui Cumpadi Zéca era doidim pra coisá cá cumadi Erza, um dia bem cedim, anssim qui eli assuntô qui u Cumpadi Nerso tinha saido di casa, o danadu tratô logo di i pra casa do cumpadi, pra módi atentá a cumadi. Chegano lá bateu parma inté qui a cumadi atendeu ele.

Muitio iducada, mais cum oiá mei sapeca, ela tratô di cunvidar ele pra módi entrar. Comu era uma situação da quar eis num tava custumado, fico os dois qui nem bobo oiano um pra cara du outro, inté qui a cumadi quebro u silêncio, e priguntô: - será qui chovi hoje cumpadi? Eli ainda muitio sem graça, arrespondeu: - sei não, cumadi.

Passo-se mais uns cinco minuto di silêncio na sala, inté qui o cumpadi criou corage, istufo bem o peito e dissi: - Intão cumadi: imo prá cama ou tomemo um café? Ela qui tamém já tava cheininha di vontadi, arrespondeu: - Puis é cumpadi, num é qui o sinhô mi pegou disprevinida sem pó hoji...

Ce oceis gostarô num sei, ieu já tô gostano muito, manda um emeio pra nóis ou prô Yorkuti(sem vírus), quieu tô ino comê uns tirágostu dusbão lá nu GERAES du Cumpadi Tomais & Cia, ocê já foi lá? Já ixprimentô? Inda não? Ô coitadu! Prestenção! Cumpadi Irineu é quem diz: “Quem disdenha tá cum inveja, ou ta quereno ganhá; e quem ispera sentadu cria calo na bunda”. Larga meu pé, muquirana! Sô brasileiro, uai! Nóis votô manóis xinga. Vamu cria a Borça Carbonu prá distribui pros poluidô. Pópará di polui, sujão! Tempocabô! Nóis tarda manum faia.

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