Coluna | Fatos e Versões
Rodrigo Silva Fernandes
Advogado e articulista político do Jornal Gazeta de Varginha. Escreve todas as quartas e sextas.
Toda soberba será castigada; Caindo atirando?; Primeiro escalão; Aliados contemplados; Desafios futuros
06/01/2021

Toda soberba será castigada

Passada as festas de fim de ano e ressaca eleitoral do ano político mais atípico das últimas décadas, a Coluna retorna à ativa com os bastidores da política regional. Logo no começo do ano, com a posse dos eleitos no Legislativo e no Executivo municipal tivemos a primeira lição (da vida) política que todo homem público sábio deveria conhecer: toda soberba é castigada! Digo isso porque as apostas e truculência do secretário de Governo que apostou (e pressionou) na eleição de um petebista para a presidência da Câmara de Varginha deu errado, e a derrota foi pública e sonora! Mesmo usando o nome do chefe do Executivo para pressionar novatos e interferir em outro poder, o Legislativo soube dar outra aula cívica na política. Zilda Silva descobriu que “a humildade precede a honra”. E assim buscou forças políticas plurais e diversas para construir uma chapa que conseguiu maioria e saiu vencedora. Zilda comandará o Legislativo em 2021. O vereador petebista Dudu Ottoni perdeu a disputa, mas marcou território, certamente vai tentar outra vez. Pode até voltar a ocupar a presidência da Câmara, por onde passou fazendo uma boa gestão, mas vai precisar conseguir um “cabo eleitoral mais eficiente e humilde”. Alguém que não ameace jornalistas e nem seja imprudente nas palavras. A coluna fez um raio X de todos os eleitos da Câmara nas edições passadas e aposta que esta legislatura tem tudo para ser melhor, mais plural e diversa. Mas é preciso que os edis novatos tenham sabedoria e que os vereadores reeleitos ou que retornam a casa, sejam humildes. Afinal, as lições (e disputas) da política, sejam doces ou amargas, são públicas. E todos sabem agora que o “bater o pé” de um secretário que se acha forte, não significa necessariamente que “exista poder invencível”, pelo contrário, o que vimos foi o despontar independente do Legislativo sobre a arrogância. Vida que segue...

Toda soberba será castigada – 02

A coluna ouviu dois secretários municipais desta nova gestão nomeada pelo prefeito Vérdi Melo. Que aceitaram falar sobre o caso em anonimato. Fatos e Versões perguntou se a eleição de Zilda Silva para o comando do Legislativo era positiva para o governo. A resposta foi unânime: Vérdi não teve candidato na disputa! Além disso, Vérdi e Zilda são amigos e possuem ótima relação institucional. Sim, é verdade! Pelo menos em parte! Afinal, mesmo o prefeito não tendo candidato preferido para o comando do Legislativo, o dito “homem forte” do governo trabalhou forte (mas sem eficiência) nos bastidores contra a agora presidente Zilda Silva, trazendo um claro constrangimento para o prefeito. Tanto assim que a coluna ouviu dois dos 8 vereadores que apoiaram Zilda. Os vereadores aceitaram falar, sob sigilo, para não melindrar, ainda mais, o sentimento de “invasão”, sentido pelos edis que participaram da eleição da mesa diretora da Câmara. Os dois vereadores disseram que não viram com bons olhos a articulação política externa na casa. Segundo eles, já há na casa certo “incomodo” de alguns vereadores com o secretário de Governo. Estes mesmos vereadores dizem que no relacionamento com o Executivo, vão procurar diretamente o prefeito Vérdi e o vice Ciacci, evitando tratar com o secretário. A situação ilustra bem a “semente” plantada com articulação política mal sucedida. Será preciso muito “cafezinho, cerveja, tapinha nas costas e simplicidade” para o secretário mudar sua imagem para alguns membros do Legislativo. A conferir.

Caindo atirando?

Uma semana antes do início do governo Verdi, ainda em dezembro, a coluna destacou uma “baixa” na numerosa equipe política que elegeu Vérdi e Ciacci. Falávamos do ex-vereador e ex-presidente da Fundação Cultural Leandro Acayaba, que inclusive é filiado ao Avante, mesmo partido do prefeito. Leandro Acayaba teria se afastado da administração por discordar de “caminhos e nomeações” na área cultural. O ex-vereador Acayaba começou a campanha já com embates políticos com o então coordenador da campanha majoritária Carlos Honório Ottoni Junior (Honorinho), hoje secretário de Governo. O descontentamento de Acayaba se seguiu com sua derrota nas urnas, ainda mais amarga tendo em vista não ter atingido os votos que esperava. Não se espera que Leandro Acayaba vá deixar de vez a política. Ele é jovem e possui boas ideias, foi forjado em boa escola política municipal e possui caráter e honestidade ímpar no mundo político. Contudo, a exemplo de outros que também já perderam eleições e depois retornaram, Acayaba precisa se reinventar, mudar a forma de atuar. Vale lembrar que Vérdi Melo também perdeu muitas eleições antes de chegar a legítima vitória para comandar a cidade. Leandro não vai “atirar pedras” no governo que se inicia, isso não é do seu perfil. Mas certamente o político e professor universitário vai se afastar do governo municipal e da própria política por um tempo. Sua reclusão e distanciamento do governo que se inicia é um claro sinal da profecia da coluna que começa a se cumprir: “a dificuldade de Vérdi nunca foi vencer as eleições, mas sim manter seu grande e heterogêneo grupo político unido”. Leandro não vai atirar pedras, mas certamente é a primeira pedra que se quebra do grande rochedo político que levou Vérdi e Ciacci a vitória! Quem será o próximo?

Caindo atirando? – 02

Outro nome importante dos bastidores políticos que se “desgrudou” do governo municipal foi Aristides Ribas Filho, que foi exonerado do comando da Rádio Melodia, parte integrante da Fundação Cultural de Varginha. O responsável pela “degola” e também por levar a notícia a Ribas Filho teria sido, mais uma vez, o secretário de Governo Honorinho. Se bem que é mesmo função do secretário de Governo tais ações, além disso, dizem nos bastidores, que Ribas e Vérdi já não eram “bons amigos” desde a gestão de Antônio Silva. Ribas Filho teria ficado no cargo até dezembro de 2020 em respeito ao fim do mandato que, em tese, deveria ser finalizado por Antonio Silva, que gostava do trabalho do servidor. Aristides Ribas é professor universitário, foi presidente de partido, passou por várias legendas, escreve muito bem. De suas palavras publicadas nos mais diversos órgãos de comunicação de Varginha (inclusive a Gazeta) pode se extrair o doce do mel ou o amargo do fel, dependendo da pessoa que fosse abordada. Não se sabe se Ribas Filho “guardou mágoas” pela demissão, mas certamente o professor universitário e articulador político não deixará de “observar com carinho e atenção” para as ações deste governo municipal, com foco para o gabinete e para a secretaria de governo!

Perguntar não ofende

O secretário de Governo perdeu força no Legislativo ao apostar errado e perder a aposta no comando da Câmara? Qual o efeito disso para o governo Vérdi? A presidente da Câmara e os vereadores vão “cortar caminho” e buscar diretamente o prefeito em suas ações?

Passada as eleições municipais a “guilhotina política” se volta para os parlamentares estaduais, federais, para o governador Zema e para o presidente Bolsonaro. Quais as obras de Zema e Bolsonaro em Varginha? Existe algo a ser apresentado? Merecem a reeleição?

A obra de duplicação da BR 491, que liga Varginha a Rodovia Fernão Dias, continua paralisada, causando acidentes, prejuízos e atrasando o desenvolvimento de Varginha e região. Quando o governador Zema vai atentar para isso? Cadê o DER/MG, ele existe?

Com centenas de indústrias em Varginha e ao longo da Rodovia Fernão Dias precisando de gás natural para modernizar suas produções, a Gasmig (estatal do Governo de Minas) caminha a passo de tartaruga sua expansão. Zema, cadê a novidade do Partido Novo?

Primeiro escalão

O prefeito Vérdi Melo (Avante) e seu vice Leonardo Ciacci (PP) fizeram poucas mudanças no time que ocupava o primeiro escalão. A maioria dos secretários dos cerca de 9 meses de mandato tampão de continuaram nesta nova gestão para mais 4 anos. O prefeito já tinha em mente todo o mapeamento de quem queria na sua assessoria direta. Faltava era conciliar com os aliados políticos. O secretário municipal de Saúde, Dr. Luiz Carlos Coelho, médico de carreira do serviço público municipal, talvez tenha sido o que mais se esperava como certo na nova equipe, por conta do bom trabalho que vem realizando frente a pandemia do Covid-19 em Varginha. Contudo, Vérdi Melo também inovou ao trazer para o governo o administrador e empreendedor Juliano Cornélio, reconhecido pelos trabalhos que realizou a frente do Sebrae na região. Em entrevista a Coluna Fatos e Versões, ainda na campanha eleitoral, o prefeito antecipou em primeira mão aos leitores da coluna o desejo de trazer Cornélio para a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico. Dentre os cargos administrativos estratégicos temos maioria de técnicos e servidores de carreira, como o Secretário Municipal de Planejamento, Ronaldo Gomes de Lima Junior entre outros. O que não significa que Vérdi Melo tenha deixado a política de lado, pelo contrário. Conseguiu aliar força política a pessoas técnicas que ocupam secretarias importantes como Marcos Foresti, na Secretaria Municipal de Agricultura, e Sergio Takeishi, na Secretaria de Habitação e Desenvolvimento, entre outros como Joadylson Barra Ferreira, na Secretaria de Meio Ambiente, e Barry Charles Sobrinho, na Secretaria de Turismo. Ambos nomes de conhecimento técnico, mas que também agregam liderança e apoio político. Claro que houve descontentes, afinal, são “poucas cadeiras para muitos bumbuns”! Mas não resta dúvida que o prefeito e o vice tiveram sabedoria na montagem do time direto de assessores. Agora é esperar e cobrar resultados!

Aliados contemplados

Na construção do novo governo se viu claramente as “cotas” de aliados contemplados, com nomeações de pessoas próximas, por exemplo, ao vice Leonardo Ciacci, o deputado federal Dimas Fabiano e legendas como PTB, PSC, MDB e PP. Contudo não ficou claro a participação do PSD do deputado federal Diego Andrade, que também apoiou a reeleição de Vérdi Melo. Será que todos os aliados foram contemplados? Não se sabe! Mas certamente o caminhar do governo vai mostrar se algum dos “grandes” ficou descontente! O prefeito vai precisar contar muito e ter “afinamento político absoluto” com seu vice Leonardo Ciacci na condução da política municipal. Como profetizou a coluna, Vérdi tem o desafio de manter unido seu grupo político e muitos desafios vêm pela frente. O prefeito deve fazer viagem internacional em breve. Vai a Dubai nos Emirados Árabes Unidos onde pretende consolidar a vinda de investimentos estrangeiros à Varginha. O projeto inicial começou com o ex-vereador Zacarias Piva (que disputou as eleições contra Vérdi) que também foi a Dubai no ano passado para tentar garantir a “paternidade” do projeto. A missão de Vérdi Melo será trazer datas e prazos para a vinda dos recursos e, claro, garantir para sua ficha política a paternidade dos investimentos. No período que estiver fora do Brasil, Leonardo Ciacci vai experimentar (e deliciar-se) com a caneta de prefeito. Provavelmente todos os cargos e espaços já terão sido definidos quando Ciacci sentar na cadeira de prefeito, mas por certo, o “eterno presidente da Câmara” vai viver momento ímpar em sua vida política. Afinal, “descansar por alguns dias, na cadeira que sempre desejou sentar por quatro anos” vai causar êxtase! Será que isso vai dar-lhe ainda mais fome de buscar seu sonho em 2024? A conferir.

Desafios futuros

Já na montagem do novo governo, Vérdi e Ciacci enfrentaram o primeiro desafio para manter a unidade do governo. Era certo que alguns ficariam descontentes! Depois disso tivemos a eleição da Mesa Diretora da Câmara, que embora seja outro poder, afeta diretamente o governo municipal. Neste episódio o prefeito saiu ileso politicamente, embora um de seus principais secretários tenha se queimado ao se envolver na disputa legislativa. O caminhar deste primeiro ano de governo será outro desafio. Afinal o prefeito prometeu muito e terá muito a entregar, “mostrar serviço”. E para isso sua equipe direta de secretários precisa apresentar resultados. É certo que o prefeito deve adotar o mesmo ritmo administrativo de seu antecessor e “professor” Antônio Silva, que realizava reuniões semanais para acompanhamento dos trabalhos e cobranças pontuais dos secretários. Vérdi precisa ter precisão cirúrgica, pois, não terá “desculpas externas” se falhar. Está pegando uma prefeitura saneada, com contas em dia e altos recursos a receber dos governos estadual e federal. Tem projetos importantes em andamento e equipe técnica que ele mesmo conhece e nomeou. Desta forma, seu sucesso depende da eficiência do próprio comando que fará no governo. Vérdi Melo já entrou para a história por assumir após a primeira renúncia na Prefeitura de Varginha, depois por enfrentar, até aqui, com sucesso, uma sombria e desafiadora pandemia mundial. Agora terá a chance de nos próximos anos fazer Varginha despontar no desenvolvimento estadual. Mas vale ressaltar que no meio disso tudo, teremos uma eleição estadual em 2022, quando diversos dos partidos da base do governo Vérdi vão lançar candidatos. Alguns, possivelmente, poderão sair de sua relação próxima de secretários o que certamente vai, também, influenciar no esforço de manter sua base unificada. Vida que segue...vamos conferindo ao longo do caminho!

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