Coluna | Fatos e Versões
Rodrigo Silva Fernandes
Advogado e articulista político do Jornal Gazeta de Varginha. Escreve todas as quartas e sextas.
Fiscalização e compromisso; Promessas e capacidades; Fundo Eleitoral; Virada de chave; Entrevistas com os candidatos
23/10/2020

Fiscalização e compromisso

A população esta mesmo descrente da política! É público e notório que a sociedade está preocupada com a pandemia, seus efeitos econômicos, com emprego, boletos a pagar etc. Poucos estão mesmo acompanhando as eleições municipais e as propostas que estão sendo apresentadas. E olha que nestas eleições temos uma “vantagem” sobre os demais anos, que muitos candidatos não estão indo até as residências “incomodar”, não temos comícios barulhentos e nem mesmo a intensa distribuição de “santinhos” nas ruas. Boa parte das eleições e disputas migrou para o digital e redes sociais. Isso era natural de acontecer e pode trazer, inclusive, uma vantagem para o eleitor: a facilidade de fiscalização. Mas para isso é necessário que o eleitor tenha o compromisso de verdadeiramente buscar informações (que são públicas) junto a instituições legais e mesmo junto a imprensa séria e regular que temos em muitos municípios. Uma boa sugestão de acesso é a própria Justiça Eleitoral onde todos os candidatos são obrigados a postar sua relação de declaração de bens/patrimônio. Tivemos vereadores que cresceram o patrimônio outros candidatos que não apresentaram qualquer bem e muitos que parecem ser “pobres coitados, com vida muito boa”. Ou seja, a diferença de vida de muitos candidatos entre a vida que levam no Facebook da vida que dizem ter na declaração de rendas! E para quem quiser saber mais, os candidatos ao Executivo também são obrigados a apresentar à Justiça Eleitoral o Plano de Governo que se comprometem a seguir, caso sejam eleitos. No caso de candidato que busca a reeleição, no Executivo, dá até para conferir o que ele cumpriu do que prometeu nas eleições passadas. Basta ir lá no portal da Justiça Eleitoral e conferir!

O “Novo” jeito de fazer a “velha política”?

Vemos a todo momento o Governo de Minas e suas “estrelas” do Partido Novo pregando o “nós contra eles”, num estilo bem parecido com o que o PT fazia no passado, dividindo a sociedade, quando pregava que petistas eram diferentes dos demais e que, os políticos “não petistas” seriam inferiores, desonestos etc. O tempo passou e vimos muito bem o que o PT fez com o Brasil e o “nível ético e moral da maioria dos petistas”. Ou seja, não se pode generalizar! Não há instituição ou muito menos partido político que tenha o “monopólio da honestidade e da eficiência”. Por essa razão, infelizmente, vemos escândalos e maus exemplos em todos os partidos e instituições. Os dedos da mesma mão não são todos iguais! Tivemos um presidente mineiro honrado como Tancredo Neves e não tivemos a mesma sorte de seu neto Aécio ter herdado os “contornos morais e éticos do avô”. Todavia, o governador Zema e boa parte de sua equipe pregam a “excelência moral e ética do Partido Novo de forma pejorativa em relação a outras legendas” a todo momento! Isso tem, por exemplo, apenas segregado o Partido Novo no Legislativo estadual. Como se a legenda fosse “filha única da honestidade” e todas as demais legendas fossem “diferentes, para não dizer desonestas”. Pois bem, não custa lembrar que boa parte dos filiados graduados do Partido Novo são “viúvas políticas oriundas do PSDB e outras legendas que apresentaram inúmeros escândalos” e nem todas manteriam de pé a “ilibada história e arrogância se tivessem a vida observada atentamente”. Além disso, o “establishment” do governo estadual do Partido Novo tem os mesmos vícios de outros governos como: não aceitar críticas, dificuldade de melhorias em diversas áreas, protegidos e queridos em diversos setores, entre outras ações que a imprensa vem monitorando e noticiando aqui e acolá. Com o tempo, o Partido Novo tem verificado que “o que é prometido, nem sempre e possível cumprir”. Prova disso são os aviões do governo que Zema disse que não usaria! Ele está usando! E bom que use pois é necessário para que as tomadas de decisão e ações do governo sejam rápidas. Mas isso ilustra bem como o governador e principalmente sua equipe precisam ficar atentos ao modo de fazer política. Afinal, não existe “política velha ou nova, mas sim política boa (eficiente) e política má (ineficiente) e ambas sempre existiram e vão continuar ai”.

Promessas e capacidades

Uma das promessas que sempre vemos nas eleições municipais é a de “escola em tempo integral”. Um projeto realmente interessante e necessário, onde a criança fica em tempo integral no ambiente escolar e não apenas um período da tarde ou da manhã. Isso ajuda para que a criança aprenda mais, se alimente melhor, além de tirar a molecada da rua fazendo, muitas vezes, o que não deve. Fora o fato da criança ter maior envolvimento com esportes, cultura e outras boas atividades no ambiente escolar, o que libera os pais para trabalharem em período integral e assim também ajuda a reduzir a fila de vagas para creches na cidade. Contudo, embora a ideia no papel seja maravilhosa, é preciso lembrar que nem todas as escolas possuem estrutura para funcionar em período integral. Aliás, isso traria um problema para o sistema porque atualmente muitas das escolas atendem em dois ou três turnos, se passem a atender em apenas um turno integral, teríamos que ter mais escolas, bem como em alguns casos mais profissionais da educação. Sem falar que em muitas áreas da educação não temos planos de carreira estabelecidos, além de insatisfações salariais e falta de estrutura para que muitos profissionais desenvolvam suas habilidades. Faltam equipamentos de informática, pesquisa, recreação entre outros. Nem todas as escolas possuem a mesma estrutura o que desnivela o aprendizado. Trocando em miúdos, a promessa de uma rede escolar municipal em tempo integral é algo necessário e acredito que promessa de boa fé quando dita pelos candidatos, contudo. É preciso perguntar aos mesmos, como fazer? E para quando? A exemplo do Hospital da Criança, promessa de quatro anos atrás que, apenas agora, por várias razões, começa a sair do papel!

Perguntar não ofende

Qual o apoio político e atuação concreta a AMBASP realiza em prol dos municípios que a compõe? A instituição tem a fidelidade política de seus integrantes para atuação conjunta entre municípios, como ocorria no passado? Quanto tempo mais a AMBASP tem de vida?

A Associação Mineira de Municípios – AMM foi uma das grandes articuladoras do acordo entre Governo de Minas e municípios para o pagamento dos repasses atrasados do governo estadual. Este trabalho está virando tranpolim político para o presidente da AMM?

Os candidatos à Prefeitura de Varginha vão dar entrevista ao Conselho Político Empresarial do Sul de Minas, ligado ao UNIS. Essa é uma contribuição do UNIS na escolha do próximo prefeito ou começo de uma ação de escolha do deputado federal por Varginha em 2022?

Começaram os ataques virtuais a candidatos em Varginha? Quem são os responsáveis por ataques e distribuição de notícias falsas nas redes digitais? A Justiça Eleitoral e o Ministério Público tem estrutura para combater isso? Ou vão esperar denúncias para agir?

Fundo Eleitoral

Na primeira informação da Justiça Eleitoral sobre os valores disponíveis para os candidatos a prefeito de Varginha, referentes ao Fundo Eleitoral, tivemos uma surpresa pelos valores apresentados. Segundo o Tribunal Superior Eleitoral, Rogério Bueno e Verdi Melo terão o mesmo valor: R$ 70 mil cada. Seguidos por Zacarias Piva, com R$ 51 mil do Fundo Eleitoral disponível para campanha. Em seguida aparece Maria da Penha, do PSOL, com R$ 6.580 declarados do Fundo Eleitoral, que trata-se de recursos públicos para que candidatos possam fazer campanha política, tendo em vista que as empresas (pessoa jurídica) não podem mais fazer doações. Os valores apresentados, para quem conhece um mínimo de política, sabem que é um engodo. Ou seja, os gastos não ficaram restritos aos valores gastos do fundo eleitoral. Primeiro porque os candidatos locais não vão receber grandes somas em dinheiro, que são necessárias para uma campanha do porte que a cidade de Varginha exige. Acredita-se que uma candidatura “competitiva” em Varginha precise gastar algo em torno de R$ 500 a R$ 600 mil para disputar. Pagar gastos como mão de obra, alugueis, combustível, material gráfico, agência de publicidade etc. Claro que os candidatos locais não vão confirmar estes números ditos pela coluna, mesmo porque, muitas das contribuições dadas as campanhas serão “doações”, que não entram na conta do Fundo Eleitoral. Além disso, é possível que a pessoa física faça diação em dinheiro dentro de um percentual do que informou ao Imposto de Renda. Assim, o mundo político vai caminhado como sempre foi, “o dinheiro é a força motriz que faz funcionar as campanhas e que também atiça os políticos a entre e permanecer no mundo político”. Quem quiser conferir os dados do Fundo Eleitoral, junto ao TSE pode verificar no site divulgacandcontas.tse.jus.br Vale lembrar que estes números do Fundo Eleitoral informados pela Justiça Eleitoral ainda podem ser alterados.

Virada de chave

As eleições municipais começam a entrar em sua fase decisiva e as pesquisas mostram que a maioria das cidades onde estão sendo disputada a reeleição, a população caminha para permanecer com o governo que estão. Estão preferindo continuar com a gestão que já conhecem a arriscar com outras propostas desconhecidas. Isso quando a atual proposta de gestão tem um mínimo de eficiência ou simpatia popular. Segundo os analistas da situação, a pandemia afetou o eleitor nestas escolhas, visto que a pandemia trouxe muitas incertezas a sociedade. Muitas áreas estão sofrendo, outras estão se redescobrindo e todos estão sendo afetados . O home office está destruindo profissões e inventando outras, e tudo isso impacta o cidadão que prefere não ariscar com mudanças políticas neste momento. A leitura parece real, contudo, sabemos que isso vai mudar a qualquer tempo. E esse tempo, dizem também os analistas, será em 2022, quando espera-se já se tenha uma vacina para a Covid-19 e que a economia tenha se estabilizado. Neste mesmo ano teremos as eleições de presidente da República, governadores, senadores e deputados estaduais e federais. É bem provável que o eleitor guarde sua “fúria/cobrança e desejo de mudança” para esta oportunidade. Ou seja, assim que fecharem as urnas da campanha eleitoral municipal, começa a “assar a batata” de deputados, do governador Zema e do presidente Bolsonaro. Suas atuações é que estarão em análise pelo eleitor e sob o olhar atento da mídia. Espera-se que também Bolsonaro, quanto Zema tenham mudança de atuação neste período, pois em que pese o esforço de cada um, há uma chuva de insatisfações que vai surgir com maior intensidade, será a virada de chave que ocorrerá em 2021.

Entrevistas com os candidatos

A Coluna Fatos e Versões da Gazeta de Varginha e o Portal Varginha Online estão divulgando as entrevistas realizadas com os candidatos a Prefeitura de Varginha. Já foram publicadas as entrevistas dos candidatos Anderson Martins (PSDB), Demétrio Junqueira (Rede Sustentabilidade), Jonas Loureiro (PCdoB) e Maria da Penha (PSOL), que por ordem alfabética foram postadas nas redes sociais da Gazeta de Varginha e no Portal Varginha Online. Milhares de internautas já assistiram, curtiram e comentaram as entrevistas. Na ocasião os candidatos tiveram a oportunidade de falar sobre seus planos de governo, sua história e vivência política, bem como sua análise de como está Varginha e o que precisa ser feito. A última rodada de entrevistas será na semana que vem, quando os três últimos candidatos, Rogério Bueno (PSB), Verdi Melo (Avante) e Zacarias Piva (PSL) terão suas entrevistas publicadas. A Coluna Fatos e Versões vai publicar as perguntas realizadas a cada candidato no Jornal Gazeta na quarta feira. Em seguida, na quinta feira, nas redes sociais (Facebook e site da Gazeta) e portal Varginha Online serão postadas as entrevistas. Nesta última rodada, a entrevista dos três últimos candidatos serão postadas juntas para que não ficasse apenas um candidato numa quarta postagem. Além disso, em razão da disputa verificada nas pesquisas eleitorais, Rogério, Verdi e Zacarias foram os que mais receberam perguntas, bem como as indagações mais “desafiadoras”, o que se viu principalmente com o candidato Verdi Melo, que busca a reeleição. Contudo, todos os três candidatos não deixaram de responder nenhuma pergunta e o resultado você poderá verificar na próxima semana. As perguntas serão publicadas aqui na coluna já na próxima quarta. As entrevistas com os candidatos realizada pela Gazeta e Varginha Online já se tornaram uma tradição eleitoral, pois há 12 anos os dois veículos de comunicação realizam este trabalho que tem ajudado o eleitor a conhecer melhor os candidatos e escolher quem vai comandar a cidade. As últimas entrevistas com candidatos a prefeito de Varginha, realizadas em parceria Gazeta e Varginha Online nas eleições de 2016, já foram assistidas por mais de 600 mil pessoas, o que mostra a força desta parceria e o crescente interesse do internauta pelo assunto. A política local é a base do que teremos nas demais esferas de poder. Assim, o Brasil que vai surgir das urnas em 2020, será o começo da construção do Brasil que vamos escolher em 2022 quando poderemos trocar ou manter o presidente da República, senadores, governador, deputados federais e estaduais.

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