Coluna | Fatos e Versões
Rodrigo Silva Fernandes
Advogado e articulista político do Jornal Gazeta de Varginha. Escreve todas as quartas e sextas.
Fiscalização e responsabilização; Do apogeu a derrota; Exércitos definidos; Caixa gordo; Traições anunciadas
23/09/2020

Fiscalização e responsabilização

Chega a coluna informações sobre a mortandade de peixes no encontro com Ribeirão São Jose com o Rio Verde, próximo a Empresa Coleção, em Varginha. A constatação ocorreu no dia 13/09 e as autoridades (i)responsáveis ainda não deram notícia de quem será responsabilizado por mais este crime ambiental. O caso é antigo pois remonta às ações da Copasa na região, a construção da PCH em Varginha e a falta de fiscalização ambiental na bacia hidrográfica que corta a cidade. Sabemos que o controle da Copasa sob a qualidade da água despejada no Rio Verde não é das mais confiáveis, bem como, também repercute fato que os impactos ambientais da construção da PCH Boa Vista em Varginha foram minimizados por conta do alto investimento daquela construção. Mas é preciso que as autoridades locais possam encontrar um equilíbrio entre preservação ambiental e investimento para o desenvolvimento da cidade. Não é preciso devastar para desenvolver e está provado que temos bons empresários que desenvolvem, investem e ainda preservam o meio ambiente! Assim, se ocorre algum crime ambiental em Varginha, ligado a novos empreendimentos e investimentos ou falta de ação/eficiência da Copasa é porque não estamos tendo eficiência dos órgãos ambientais locais e estaduais. A conferir!

Do apogeu a derrota

A decisão do Partido dos Trabalhadores de Varginha de não lançar candidatos ao Executivo nem Legislativo nas eleições municipais em 2020 é um claro sinal do desgaste a “anemia política” da legenda na região. O partido está encontrando dificuldades em todas as grandes cidades do Sul de Minas, mas em Varginha, esperava-se que o PT se uniria em torno de uma candidatura, pelo contrário, o partido acabou de ruir ao não lançar nomes nas eleições municipais. Nem mesmo candidatos a vereadores foram lançados. A coluna falou com um dos líderes da legenda, que não quer se identificar. Segundo conta, a perda da reeleição de Geisa Teixeira, que teria sido abandonada por petistas locais, seguida da desfiliação de “medalhões como Rogério Bueno e da depois da própria Geisa, reduziram a legenda a um “amontoado de descontentes e desconfiados entre si”. Segundo a fonte ouvida, uma grande “babel se seguiu para definir quem sairia candidato em 2020, mas os poucos líderes locais da legenda não chegaram a um consenso, o que culminou com o afastamento total do PT as eleições de 2020”. Também segundo a fonte ouvida, os petistas não ficarão fora das eleições, pois informalmente, diversos deles devem apoiar candidatos já lançados. Por certo o não lançamento de candidatos pelo PT vai beneficiar todos os demais candidatos, pois o tempo de rádio e TV do PT será dividido pelos demais concorrentes. Já o apoio de petistas que se envolverem ou forem votar nestas eleições municipais deve ser herdado por candidatos do PSB, PSOL, PCdoB e Rede. A coluna aposta que o candidato do PSB deve “herdar o maior pedaço” do PT, contudo, vai negar este apoio pois não quer ser visto como o “candidato petista” destas eleições. Curioso ver a trajetória local do PT, que chegou a fazer o prefeito em Varginha, na virada surpreendente que levou o saudoso Mauro Teixeira à Prefeitura de Varginha sendo reeleito e fazendo sucessor com Corujinha, logo depois elegendo Geisa Teixeira como deputada estadual. Das estrelas ao chão o PT levou menos de 20 anos, pouco tempo em comparação de outras legendas como MDB, PSDB, etc! Será que este efeito “meteoro” (muito brilho e pouca existência prática) vai contaminar outras legendas como Novo e PSL? Afinal, tanto Partido Novo quando o PSL, começaram a vida política com a mesma pregação do nós somos superiores aos outros”, como o PT fez no início, e vejam no que deu! A conferir!

Exércitos definidos

Depois do enorme movimento partidário e político de bastidores antes do fechamento dos prazos convencionais, 26 legendas estão aptas a lançar candidatos nas eleições de Varginha, mas nem todas lançaram, a exemplo do PT e PDT. Além disso, muitas outras não conseguiram lançar chapa completa para a disputa do Legislativo. Em Varginha cada legenda pode lançar até 23 candidatos, sendo reservada a cota de mulheres, conforme determina a legislação. Ao todo teremos cerca de 420 candidatos a vereador, número que pode mudar até o dia 26 de setembro, prazo final para a conferência e juntada de toda a documentação legal. Muitos nomes podem não ser aprovados e outros podem vir a ser inscritos. O maior número de legendas e candidatos a vereador ficou sob a liderança do Avante, que tem como candidato a reeleição Vérdi Melo. A segunda maior “tropa” ficou com Zacarias Piva, que concorre pelo PSL, seguido por Rogerio Bueno do PSB. Ao todo teremos sete chapas disputando a Prefeitura de Varginha, um recorde para eleições municipais! Não me recordo se em algum momento da história recente da cidade tivemos tantos grupos políticos disputando o controle do município. Isso mostra a proatividade das legendas que estão mais confiantes na disputa e pode indicar que haverá também em 2022 um grande número de candidatos a deputados estaduais e federal em Varginha. Na “bolsa de aposta” que já corre a cidade, muitos apostam em quem, dos sete concorrentes será o “segundo e o último na disputa, pois pelo que se comenta, o primeiro colocado já é esperado e conhecido”. Será mesmo?

Caixa gordo

Como disse a coluna nas semanas passadas, o caixa da Prefeitura de Varginha está “gordinho e deve ficar mais obeso no ano que vem”. Ocorre que o empréstimo de R$ 26,5 milhões na Caixa Econômica Federal – CEF/Finisa já teve uma primeira parcela liberada. Além disso, temos outro empréstimo do município junto ao BDMG, no valor de R$ 4.4 milhões, que é destinado a compra de veículos e equipamentos para as Secretarias Municipais de Obras e Meio Ambiente. Muitos destes equipamentos e novos veículos já foram adquiridos por meio de concorrências públicas realizadas. Vale destacar que o município também recebeu cerca de R$ 16 milhões do Governo Federal para aplicar nas ações de combate ao novo coronavírus e seus efeitos na economia local. É sabido que parte dos recursos já chegou e nem tudo será efetivamente gasto. Sem falar que com que a pandemia o município economizou com redução de jornada de servidores terceirizados e outros benefícios fiscais e ou econômicos decorrentes da redução de ações e serviços públicos. Outro grande bônus econômico para o Executivo municipal, talvez o maior deles, é o crédito junto ao Governo de Minas, orçado em quase R$ 70 milhões, o qual o Governo de Minas, até aqui, vem pagando mensalmente sem atraso. Assim, os empréstimos que o ex-prefeito Antônio Silva fez no final de sua gestão, já estão irrigando a administração de Vérdi Melo, sendo, sem dúvida um poderoso instrumento de propaganda para o candidato a reeleição. Mas, sobretudo, será um “maná” para quem vencer as eleições municipais em 2020 e administrar Varginha pelos próximos 4 anos. Vale também destacar que, o indigesto aumento de IPTU realizado por Antônio Silva, também vai começar a desaguar no caixa de 2021 da próxima gestão!

Fake News e a insegurança do mundo digital

Na esteira das muitas “ondas de notícias” que chegam todos os dias, muitas delas fake news, uma em especial chamou a atenção dos políticos locais: a possível mudanças da Escola de Sargento das Armas – ESA, pertencente ao Exército Brasileiro, que poderia deixar a cidade de Três Corações e ir pra o Sul do Brasil. A informação já soava estranha porque não trazia nenhuma razão razoável para tal mudança, bem como não tinha nenhum “defensor ou padrinho” para tal medida. Além disso, a ESA em Três Corações desempenha bom trabalho e já conta com a “simpatia” do presidente Bolsonaro, que inclusive já esteve em formatura na ESA. Nas últimas semanas, o deputado federal Diego Andrade (PSD), aproveitando seu bom trânsito no Palácio do Planalto em razão da liderança da bancada mineira que ocupa, gravou vídeo assegurando que o comando do Exército Brasileiro havia garantido que a ESA fica no Sul de Minas e que não há risco de mudança. A mobilização política do parlamentar foi rápida, mas mostra uma preocupação urgente das autoridades quanto a crescente onda de notícias falsas que se multiplicam no meio digital. Como pode um “boato sem fundamento, bater no Palácio do Planalto, mobilizar o staff federal e regional em alguns dias sem que se encontre e puna os culpados pela lorota”? Chegamos ao ponto de que o mundo digital está perdendo credibilidade e ganhando importância a cada dia! Não podemos ficar mais sem os serviços bancários, de entrega e mobilidade disponíveis no celular, contudo, não se tem qualquer credibilidade nas informações advindas do whatshap, Facebook, Twitter e Instagram!

Perguntar não ofende

Qual dos candidatos a prefeito vai assumir o compromisso de não dar cargo de confiança para parentes, em até terceiro grau, de qualquer um dos vereadores que forem eleitos em 2020? Ou será que a distribuição de cargos na Prefeitura a parentes de vereador é ético?

Quais serão os candidatos a vereador que vão se comprometer a, pelo menos nos dias de reunião da Câmara, trabalharem por oito horas e atender a população? Será que teremos algum “malandro” prometendo doação do salário? Afinal essa é antiga e nunca cumprida!

O governador Zema vai apoiar oficialmente algum candidato a prefeito nas três maiores cidades do Sul de Minas, onde o Partido Novo nem lançou candidato? Aliás, o resultado das urnas nos municípios em 2020 vai apontar se Zema tem ou não chance de reeleição em 22?

Sem Dilzon Melo no mundo político e fora da disputa direta por cargos, o empresário Jefferson Melo, filho de Dilzon, vai abandonar a política e poderemos vê-lo no secretariado em 2021 ou mesmo disputando vaga na ALMG em 2022? Ou Jefferson também aposentou?

Retomada e Segurança

Aos poucos a cidade vai reabrindo e retomando a economia, mesmo sem a descoberta da cura ou vacina para o covid-19. Em Varginha o comércio já reabriu, ainda em horário reduzindo, mas já dá um fôlego aos comerciantes que amargam enormes prejuízos. Os parques municipais e a estrutura pública dos governos municipal, estadual e federal já retomam as atividades, também com alguma restrição e sempre com medidas de proteção. A população precisa ficar atenta e os governos precisam tomar cuidado para não dar ideia de falsa proteção, a economia precisa ser reativada, mas não é hora de “abrir a guarda”, descuidar da máscara e do distanciamento. O Covid-19 não tem cura e nem vacina e pode matar, principalmente pessoas mais velhas e com problemas de saúde anteriores. Em Varginha mais de 30 pessoas já morreram e mesmo com os sinais de melhora da curva de contagio a doença já voltou a crescer em diversas partes do mundo. Como disse a coluna no passado, o caminhar da Covid-19 na cidade vai influenciar fortemente o resultado das urnas. A ação rápida do atual governo municipal no fechamento do comércio, ações de proteção e preparo para o enfrentamento da doença melhoraram a imagem pública de Vérdi Melo. Mas não se enganem, pois a eventual existência de uma nova onda de contagio em Varginha, provocada por “relaxamento da fiscalização e da população pode produzir novas mortes e basta apenas um caso chocante ou dramático para que boa parte da população mude de opinião sobre a eficiência do trabalho do Executivo e seu comandando”. Avisar antes é sempre bom!

Traições anunciadas

A coluna já identificou diversos candidatos a vereador que estão em plena campanha. Fruto da falta de fiscalização da Justiça Eleitoral e do Ministério Público, que já havíamos preconizado, não possuem estrutura para fiscalizar esta eleição diversa, complexa e repleta de ações digitais. Neste caso, muito da atuação da Justiça Eleitoral e do Ministério Público se baseia em denúncias, que podem ou não ser “justas e de boa fé”. Isso porque não se mede ações entre concorrentes políticos e não é incomum a existência de denúncias vazias ou forjadas. Mas o ponto crucial das campanhas políticas que já estão nas ruas, mesmo antes do prazo, é que muitos candidatos a vereadores estão fazendo campanha apenas para si, ou para outro candidato a prefeito, que não o apoio pelo partido. Ou seja, tem candidato a vereador de uma chapa pedindo votos para candidato a prefeito de outra chapa. Mas a maioria está mesmo é pedindo votos apenas para si e esquecendo o candidato ao Executivo. Isso já era esperado, mesmo porque os partidos montaram primeiro as chapas proporcionais, voltadas aos candidatos ao Legislativo, para depois se dedicarem as composições que escolheria os nomes a apoiar pelo Executivo. Traduzindo em miúdos, muitos candidatos a vereador não têm qualquer sintonia com o candidato a prefeito, nem mesmo o conhece, ou até não gosta do nome escolhido! As traições eleitorais deste tipo são mesmo muito comuns e não será diferente nestas eleições. A mudança agora é que não haverá tempo nem oportunidade para que se promovam grandes eventos para “costurar amizades e facilitar o famoso “tapinha nas costas” antes das eleições.

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