Coluna | Fatos e Versões
Rodrigo Silva Fernandes
Advogado e articulista político do Jornal Gazeta de Varginha. Escreve todas as quartas e sextas.
Prioridades e obrigatoriedades; Promessas requentadas e líderes fracos; Retomada gradual
29/07/2020

Varginha mostra empresários com baixa confiançaA nona pesquisa do Índice de Confiança do Conselho Empresarial do Sul de Minas – Regional Varginha, referente ao 2° trimestre de 2020 e às perspectivas para o terceiro trimestre deste ano, demonstrou a opinião dos empresários em pleno período da pandemia de Covid-19, abrangendo desde a época do maior isolamento social até as primeiras flexibilizações mais amplas. O índice apresenta a percepção dos empresários no que se refere a seis quesitos intimamente ligados ao desempenho das empresas, são eles: vendas, contratações, investimentos, inadimplência, segmento empresarial e economia nacional. Os resultados podem atingir três situações: confiança em alta (índice acima de 100), estável (índice igual a 100) e confiança em baixa (índice abaixo de 100). O índice geral de confiança, que engloba a situação atual e futura (obtido através de uma média simples), alcançou o patamar de 88,42, uma queda de 17,58 pontos em relação à pesquisa anterior, representando o menor resultado apurado para esse índice desde o início da pesquisa no segundo trimestre de 2018. O empresariado local não está seguro para investir diante das incertezas do futuro. Varginha vive momento de eleições e não se tem um projeto institucional de desenvolvimento. A cidade nem mesmo tem um plano diretor, não há perspectiva do que é preciso fazer, tudo vai depender do próximo governante, o que seria um erro. A cidade precisa ter um projeto de desenvolvimento e investimento, debatido com a sociedade e empreendedores e organizado pelo governo, para orientar o crescimento da cidade e dar segurança aos empresários para investir. Do contrário ficaremos amarrados aos desejos apenas do governo do momento que pode levar a cidade ao atraso.

Emendinhas e emendões

O deputado federal Dimas Fabiano (PP) continua sendo o parlamentar que mais recursos trouxe para Varginha nos últimos anos, contudo já pingam na cidade parlamentares forasteiros de olho nos 100 mil votos de Varginha. Com a pandemia ainda assolando a economia local, Dimas Fabiano conseguiu recentemente novo recurso para Varginha, desta vez, um milhão de reais para a Prefeitura de Varginha através de recurso liberado pelo Governo Federal aos municípios e destinou, por emenda, R$ 500 mil para o Mercado do Produtor e, recentemente, conseguiu R$ 260 mil para investimentos e melhorias na Rodoviária. O deputado do PP estuda conseguir mais R$ 500 mil, por emenda, para investimento no estádio do Melãozinho, que esta inacabado e poderia tornar-se uma quadra de areia para torneio de vôlei, por exemplo. Já a deputada federal Greyce Elias, com o apoio do vereador Dudu Ottoni (PTB), conseguiu uma verba federal de R$ 1.280.000,00, que serão pagas ao município em quatro parcelas de R$ 320 mil mensais. Este recurso vem do mesmo fundo federal de apoio aos municípios de onde Dimas Fabiano conseguiu hum milhão de reais e agora, Greyce Elias conseguiu mais hum milhão, duzentos e oitenta mil. Ou seja, somando as emendinhas e emendões, Varginha vai conseguindo recursos para investimentos. Resta saber se há no governo municipal um projeto de onde investir e o que fazer com o recurso? E também se o Legislativo está fiscalizando a execução dos gastos referente aos recursos públicos que estão chegando, será?

Perguntar não ofende

O colégio Catanduvas mudou seus planos de fechar em Varginha após mobilização dos governos e da sociedade para manter a instituição. Será que o mesmo tem sido feito quando diversas empresas locais fecharam na cidade? Como está o desemprego local?

Prefeitura e Câmara querem multa para quem estiver sem máscara na cidade. A medida é coerente se valer para todos. Será que servidor público que for pego, durante o trabalho sem máscara a multa será paga pelo governo e o servidor terá processo administrativo?

A Drogaria Araújo, rede de farmácias de MG, chega a Varginha e já abriu seleção para 40 vagas de emprego na cidade. Quais as vantagens e facilidades que o município oferece para captar novos investimentos locais? Será que existe este trabalho de prospecção?

Pesquisas apontam que haverá mais de 50% de renovação no Legislativo. Quem serão os novos vereadores eleitos pelo povo no Legislativo no ano que vem? Teremos um grupo dominante na Câmara? Como será o Legislativo sem o “Barão Ciacci” em 2021?

Independente ou subserviente?

O Projeto de Lei Complementar nº 02/2020 que faz a revisão do Plano Diretor do Município de Varginha começou a ser discutido e votado, novamente, pelos vereadores na última quarta-feira (22/07). Após já ter sido discutido e aprovado no ano passado, o Plano Diretor foi vetado pelo Executivo e voltou este ano para a Câmara. De novo, o Legislativo estudou o projeto, fazendo reuniões e colhendo sugestões de técnicos, da sociedade, da Comissão formada para auxiliar o Legislativo neste projeto, além de realizar audiência pública antes de colocar o texto em votação. Resta saber se o governo municipal quer mesmo a participação da sociedade e do Legislativo para aperfeiçoar o projeto inicial ou apenas quer a “chancela oficial” para vigorar a vontade do Executivo, pois foi isso que ocorreu o ano passado quando o Executivo enviou o projeto do Plano Diretor, que foi mudado pelo Legislativo e sociedade e, em razão disso, foi descartado pela Prefeitura de Varginha. Desta vez, se o Legislativo e a sociedade fizerem, novamente, papel de palhaços, o Legislativo terá a coragem de derrubar o veto e fazer a vontade do povo? Ou o Legislativo vai continuar sendo subserviente? A conferir!

Prioridades e obrigatoriedades

A relação entre Legislativo e Executivo municipal sempre foi cercada de animosidades. Hora eles estão bem, hora estão em contenda, de modo geral, pouquíssimas vezes o Legislativo “levantou sua voz”, seja para defender o interesse do povo ou mesmo a própria dignidade da Câmara frente ao desejo do Executivo, notadamente o prefeito do momento. O projeto do Aterro Sanitário, o Plano Diretor e muitos outros mostram a subserviência da Câmara de vereadores e que a vontade do Executivo prevalece ou é vetada, simples assim! Depois da aprovação e regulamentação das emendas impositivas do Legislativo ao orçamento, (que foi a maior conquista do Legislativo nas últimas décadas), é que os vereadores conseguiram uma maior independência. Ainda assim, os pedidos corriqueiros de melhorias pela cidade, pequenas obras e os “favores comuns” que o Executivo fazia no atendimento de solicitações dos vereadores á suas bases caíram muito após o advento das emendas impositivas ao orçamento. O Executivo que “tinha como prioridade atender as solicitações dos vereadores da base, agora parece que não tem mais compromisso com as cobranças e reclamações feitas em plenário, depois que tem obrigação dos gastos das emendas impositivas”. As poucas demandas atendidas são basicamente problemas graves em alguma região da cidade e nem mesmo são capitalizadas politicamente pelo vereador solicitante. Afinal, o Executivo tem deixado claro o “foco” nestes últimos tem pos. Tod as as obras realizadas, grandes ou pequenas, são precedidas de “prospecção eleitoral por parte do prefeito candidato, que costuma ir no local na entrega do serviço, tudo isso acompanhado de assessoria de imprensa para registro digital e capitalização política”. Pode isso Ministério Público?

Promessas requentadas e líderes fracos

As estradas rurais são extremamente importantes para as comunidades rurais, tanto para o acesso à cidade quanto para o escoamento da produção agrícola. A atual situação das vias públicas da zona rural causa preocupação quanto aos riscos de acidentes diante das atuais condições de mata-burros, sinalização inexistente, estradas ruins etc. Em meio a esta reclamação constante quanto as vias rurais, os articuladores políticos se lembram da promessa deste governo de asfaltar as principais vias rurais de Varginha, promessa de campanha de Antônio Silva e Vérdi Melo. Será que o prefeito vai prometer isso novamente no palanque ou vai arrumar uma nova neste ano”? De qualquer forma, a poderosa “elite rural local” tem representantes que se dividem no apoio ou não ao atual governo. Conversa reservada e sigilosa nos “corredores da Cooperativa” dão conta que os “barões políticos do café e da elite rural” podem apoiar a reeleição de Vérdi Melo, não por desejo, mas por falta de opção, pois a imensa maioria dos líderes rurais almejam renovação das forças políticas da cidade, (mas como não são mais os mesmos do passado) não tem mais coragem e força pra dizer!

Retomada gradual

O grande embate da Prefeitura de Varginha e as autoridades públicas de saúde quanto a forma e grau de retomada da abertura da cidade está entrando em capítulos cada dia mais conflituosos. A cidade precisa reabrir, mas a saúde não pode ser esquecida e a sociedade não contribui pois não usa corretamente a máscara e não toma os cuidados necessários. O governo municipal não tem fiscalização eficiente e, na verdade, nem sabemos se o município quer mesmo “multar os comerciantes que estão angustiados pela necessidade de trabalhar honestamente para pagar seus impostos e sobreviver a pandemia”. De qualquer forma, o crescimento da pandemia na região parece imediato e real e não pode ser desprezado, sob pena de que as mortes causadas sejam um péssimo legado para governantes e empresários. Mas como fazer diante do impasse? O governo municipal já ampliou o horário de funcionamento do comércio e do Shopping Via Café e estuda a liberação de atividades esportivas. Há realmente fortes argumentos de ambos os lados: Governos e comerciantes que querem voltar de um lado e médicos e instituições de saúde que pregam a necessidade do afastamento social ou mesmo o fechamento total da cidade. Em meio aos dois lados que estão digladiando, está a população irresponsável, os moradores que estão a fazer churrasco, os bares lotados de pessoas sem máscara e que não se previnem! Curiosamente, são os mesmos cidadãos que ficam doentes e carecem da estrutura pública de saúde ou que, quando perdem algum parente para a Covid-19, culpam os “governantes irresponsáveis ou o empresário ganancioso”. Vivemos um mundo onde o cidadão está cobrando muito seus direitos (alguns inexistentes ou sem fundamento), mas não se compromete com seus deveres como cidadão! A classe política municipal, por interesse de manterem-se no poder ou chegar até ele, não tem coragem de falar a verdade ao eleitor, cobrar sua parte e seus deveres como cidadão! E pelo visto, tudo vai continuar assim, políticos covardes e parte da população irresponsável.

Palanque pesado

Chega à coluna informação de que o PSD do deputado federal Diego Andrade não vai lançar candidato a prefeito. A legenda cansou de tentar e não conseguir apoio para lançar candidato próprio e vai lançar apenas candidatos a vereador. O PSD estaria com fortes negociações para apoiar a reeleição de Vérdi Melo, o que, neste caso, colocaria os deputados Dimas Fabiano (PP) e Diego Andrade (PSD) no mesmo palanque. Claro que a chegada do PSD fortaleceria o palanque da reeleição, mas criaria um problema futuro para uma eventual gestão Vérdi Melo e Leonardo Ciacci. Haveria secretarias suficientes para a “gula política” de tantos aliados? Quem seria o “federal oficial” da futura gestão? Em 2022, há expectativas de que Vérdi Melo defenderia Stefano Gazzola para Federal, Ciacci defenderia Dimas Fabiano para federal, e Diego Andrade, teria quem para defender seus interesses políticos na cidade? Da última vez que um palanque ficou “tão pesado assim, ele caiu”! Foi na eleição onde Antônio Silva tinha apoio de 14 legendas e dois deputados que se uniram e perderam para o então frágil e raquítico PT que tinha o saudoso Mauro Teixeira como candidato a prefeito. Alguma coincidência com 2020? Aliás, Geisa Teixeira já teria definido seu vice?

 

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