Coluna | BRASILzão
Fábio Brito
O editor e jornalista Fábio Brito é responsável pela edição e publicação de centenas de títulos voltados às realidades do Brasil. Durante anos esteve à frente de selos editoriais importantes e renomados e no presente momento impulsiona, através de consultorias específicas nas áreas editorial e cultural, os selos Bela Vista Cultural e FabioAvilaArtes. A coluna Brasilzão, inicialmente através do Jornal Correio do Sul, de Varginha, foi iniciada em 11 de julho de 2004 e tem contado com a importante parceria do Varginha Online na disponibilização de vivências de Fábio Brito por todo o Território Nacional e por países por onde perambula em suas andanças.
Mundo Rural. Meu passado submerso nas águas do Rio Tietê
27/11/2019
Ouço a ventania sacudir os galhos das frondosas árvores do jardim da Sede velha de madeira. Escuto o coaxar dos sapos, o cantar dos grilos, a sinfonia das pererecas no infinito da noite. Percebo o piado de um pássaro desgarrado prenunciando a chuva, o temporal, as águas abençoadas que alimentarão as terras férteis da Fazenda Santa Marina.

Adormeço à luz da lamparina, que diminui ao consumir o querosene que a abastece. Ouço ao longe o mugir de uma vaca, o ladrar de um cão sonolento, o abrir e fechar de uma porteira.

Assusto-me com o raio todo-poderoso; percebo o seu clarão no horizonte, pelas frestas de uma janela entreaberta; mergulho em um sono profundo e sonho com as águas límpidas do córrego cercado de vegetação intensa, exuberante, mato fechado, com dezenas de espécies nativas, pequenas flores singelas, cipós entrelaçados e torcidos que parecem testemunhar a força da mãe Natureza.

Acordo, repleto de energia, com o levantar do sol. Tomo banho de bica, saboreio o leite morno fresquinho, tirado na hora. Acompanho o apartar do gado, percorro as plantações de milho e os cafezais.

Cavalgo pelos pastos, converso com o colono, ouço os seus causos, as suas história e o seu saber como Homem do Campo.

Colho frutas do pomar. A laranja apetitosa, a manga madura, a mexerica docinha, o abacaxi suculento, a banana quase madura de um cacho esquecido ao relento de uma bananeira generosa; sinto o cheiro do frango caipira na panela de barro, descanso na rede da varanda em uma tarde calorenta...

Naquela época não se falava em ''turismo rural''. Estávamos em 1968, a 80 quilômetros de Araçatuba e a algumas léguas de Pereira Barreto. São recordações (imersas em um passado longínquo) submersas nas águas do Rio Tietê, as quais inundaram as terras outrora férteis que deram lugar à Barragem de Três Irmãos.

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