Coluna | BRASILzão
Fábio Brito
O editor e jornalista Fábio Brito é responsável pela edição e publicação de centenas de títulos voltados às realidades do Brasil. Durante anos esteve à frente de selos editoriais importantes e renomados e no presente momento impulsiona, através de consultorias específicas nas áreas editorial e cultural, os selos Bela Vista Cultural e FabioAvilaArtes. A coluna Brasilzão, inicialmente através do Jornal Correio do Sul, de Varginha, foi iniciada em 11 de julho de 2004 e tem contado com a importante parceria do Varginha Online na disponibilização de vivências de Fábio Brito por todo o Território Nacional e por países por onde perambula em suas andanças.
Alta noite, céu tristonho: a queda do Rio de Janeiro
24/01/2018

 - Noite mal dormida em um ônibus cujo afoito motorista parecia estar apressado para chegar ao seu destino. Sete horas após deixar para trás a mal cuidada e maltrapilha Capital Paulista, encontro-me na Estação Rodoviária do Rio de Janeiro. Minha primeira atitude foi buscar o local onde teria a oportunidade de utilizar o transporte público VLT que me levaria de forma precisa até o Aeroporto Santos Dumont onde ocorreria o primeiro encontro da jornada.

Para a minha grande surpresa, havia falta de energia no bairro próximo à Rodoviária e o moderno meio de transporte urbano não estava funcionando. Busquei então encontrar um ponto de ônibus porém não havia nada visível que indicasse onde deveria esperar pelo veículo que seguiria para o centro carioca e que poderia deixar-me próximo ao Aeroporto.

Finalmente consegui entrar em um ônibus que lembrou-me os meios de locomoção da Índia, onde estive há mais de 30 anos. O "monstro" parecia estar destinado a uma sucata e ouvia-se barulhos e ruídos bizarros por todos os lados. Os passageiros, mal-humorados, reclamavam do precário estado físico deste meio de locomoção.

Pouco depois desci em frente ao Real Gabinete Português de Leitura, que é uma das mais belas edificações existentes no Território Brasileiro. Em frente à sua fachada encontrava-se um belo e antigo prédio, imundo, com suas fachadas pichadas e mendigos ou meliantes estendidos pelo chão. Resolvi seguir caminhando pela Rua do Ouvidor que está presente em inúmeras obras do genial escritor Machado de Assis. Devagarinho e apreciando as fachadas, cheguei ao Paço Imperial onde alguma árvores frondosas me permitiram refugiar-me do sol escaldante e ao longe avistei a Ilha Fiscal onde ocorreu o famoso baile, poucos dias antes, da queda do Império.

Nas televisões dos espaços públicos, todas ligadas sem que ninguém prestasse atenção às imagens ou mensagens transmitidas, senti nas veias o tremor da revolta ao perceber que o ser brasileiro é politicamente alheio e intensamente ignorante.

- Ignorante por que?

- Anunciava-se com alarde as bravatas do ex presidente da república que levou a nação à ruína através de um discurso demagógico, populista, mal intencionado e desonesto...

- Como foi a continuidade do seu dia nesta terra de contrastes? O Rio de Janeiro está falido e tanto o estado quanto a capital estiveram como representantes gangsters que certamente deverão responder pelos malfeitos de suas temerosas gestões.

Fui diretamente para o primeiro encontro que ocorreria no Aeroporto Santos Dumont. Em seguida estive em vários locais: Academia Brasileira de Letras, Biblioteca Nacional, hotéis no entorno dos Arcos da Lapa e, finalmente, no espetacular Museu Edison Carneiro que contém o mais completo acervo de Arte Popular do Território Brasileiro.

À noite resolvi jantar em um restaurante do Grupo Amarelinho - Choperia Cinelândia Verdinho. O prato estava bem servido porém fiquei extremamente incomodado com o excesso de lixo no chão do estabelecimento. A comida que nos era trazida da cozinha, por garçons da terceira idade, passava por um estreito corredor onde havia galões com detrito e sujeira recolhida no restaurante. Além de chocado, fiquei novamente revoltado.

- Por que você não se manifesta? Todos nós sabemos que o poder civil tem força para modificara as ações com pequenas ou grandes atitudes. Eu jamais aceitaria uma situação dessas sem pelo menos dialogar com o gerente responsável pela ordem, equilíbrio, gestão e higiene do negócio.

- Resolvi não dizer nada, porém pedi ao gerente um cartão de visitas, pois desejo minuciosamente descrever o que presenciei com cópia para pelo menos  100pessoas habitantes da Capital Fluminense. Estarão constrangidos a tomar uma atitude, não só de limpeza e higiene, como também para evitar o desperdício pois a porção servida para uma pessoa era o suficiente para alimentar no mínimo três outros famintos. Pedi para levar a comida que sobrou e na rua de paralelepípedos, em frente ao restaurante, já haviam pessoas sentas no chão, todas elas negras, disputando pela sobra de alimento que eu estaria levando para oferecer a alguém nas ruas.

- Pois é meu amigo, o número de pessoas famintas no Rio de Janeiro é enorme. Por todo lado existem corpos cujo horizonte é a calçada, cujo destino é morrer faminto, e cuja a ameaça real para todos eles é o roubo descarado que ocorre pelas mãos de falsos políticos que se empenham em sucatear o País.

Voltei para São Paulo e me preparo para ter mais um choque, que é o de ver a vulgar cantora Anitta em um espetáculo que deverá homenagear os 464 anos da Capital Paulista.

- O atual prefeito, mau zelador e péssimo gestor, escorregou pela lama do populismo e oferece aos paulistanos o que há de pior em termos musicais, enquanto toda e nação sofre traumatizada pela falta de educação, pela falta de respeito e pela falta de cidadania...

- Eu, hein???

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