Coluna | Novas Fronteiras
Pedro Coimbra
Natural de Lavras, 55 anos, é aposentado de Furnas Centrais Elétricas, jornalista e escritor. Fez cinema novo em Minas Gerais e foi crítico de O Estado de Minas. Autor do romance “Sonhos da Noite” e segundo colocado no Iº Concurso de Contos Pena Aymoré., prepara-se para editar a coletânea de uma poesia e alguns textos publicados na imprensa, no livro “Navio Pirata”
Um passo de mágica
05/11/2012
M. não chegou ao mundo de maneira tranquila, mas literalmente caindo no chão frio de terra batida do casebre em Vai e Vem.

Tão fraco e esquálido nem mesmo deu seu primeiro choro e passou a viver as dificuldades deste grande mundo de Deus.

Dolores, sua mãe apenas o contou como mais um dos seis filhos, todos de pais desconhecidos.

Por milagre de Nossa Senhora da Conceição sobreviveu se arrastando pelos lugares mais fétidos, beirando esgotos, bebendo água poluída

Vai e Vem era um lugar perdida no sertão do Brasil, com um pequeno amontoado de gente que vivia de expedientes e sobras dos mais abastados.

No passado fora uma importante cidadela na colonização portuguesa e em seu território ocorreram importantes lutas.

Já garoto, fugido da escola, M. andava por todos os morros, serras e campinas, livre e solto.

Certo dia, deitado debaixo de uma grande árvore, viu formarem-se nuvens de muita chuva, com raios e o estrondo de trovoadas.

Um grande clarão de luz caiu sobre M. que foi atirado a distância.

Ficou desfalecido por muito tempo e quando voltou a si, sentiu que coxeava de uma das pernas.

O mais importante é que o incidente parecia ter aberto a inteligência de M., como dizia o Dr. Clarismundo, um advogado beberrão, que vivia na porta do Boteco do Nêgo Véio.

M. disparou a trabalhar a partir daquela data, usando principalmente um dom que todos desconheciam para seduzir as pessoas e fazer bons negócios.

Começou a comprar imóveis e logo diziam que se transformara num agiota de mãos cheias e já acumulava casas, terrenos e mais de vinte fazendas.

Aproximou-se de Gilda, filha de um político arruinado, e conquistou-a com promessas.

“M. é o homem mais rico de Vai e Vem e não para mais”, diziam os falastrões do lugarejo.

Preocupava-se cada vez mais com os negócios e muito pouco com a mãe Dolores e os irmãos.

Só uma coisa chamava sua atenção: os circos mambembes que as vezes apareciam em Vai e Vem ou na região.

M. sentia-se fascinado com os espetáculos, muito mais do que com os programas de televisão onde participavam atores reconhecidos e milionários.

Seus olhos brilhavam com as fantasias das bailarinas, o humor acido dos palhaços, os equibristas e os trapezistas.

O que mais o encantava e deixava sem fôlego era o mistério dos mágicos.

Tantas fez que acabou aprendendo algumas mágicas num dos circos: desaparecendo com o pano; carta furada do espectador e o copo que atravessa a mesa.

M. descobriu que viera ao mundo para se dedicar as mágicas e truques

Numa manhã de um mês de novembro, fechou seu escritório em Vai e Vem, e desapareceu.

Tornou-se Órion, o mágico e sua especialidade tornou-se o número em que serrava a assistente ao meio, até o dia em que tudo acabou terminando em tragédia!

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