Coluna | Cidadania Reativa
Willes Silva Geaquinto
Psicoterapeuta Holístico, Consultor e Palestrante Motivacional, Escritor - Autor dos livros "Cidadania, O Direito de Ser Feliz” e Autoestima – Afetividade e Transformação Existencial

Interatividade: Os textos desta coluna expressam apenas a opinião do autor sobre os assuntos tratados, caso o leitor discorde de algum ponto ou, até mesmo, queira propor algum tema para futura reflexão, fique a vontade para comentar ou fazer a sua sugestão.

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E por falar em corrupção...
13/10/2009

Estamos vivendo um tempo onde a hipocrisia ja se incorporou à nossa cultura social, é algo assim tão corriqueiro que, parece-me, já nos acostumamos a ela. Presentemente, assistimos uma demonstração evidente disso com todo o alarido formado contra o senador José Sarney pelo uso da “máquina administrativa” do senado a favor dos seus familiares e de outros apaninguados. Não resta a menor dúvida que ações como as que foram denunciadas merecem a todo tempo o nosso mais veemente repúdio, mas, querer sataniza-lo como se ele fosse o único corrupto que este país já teve ou tem, como se ele fosse o único a usar e abusar de seu poder político, aí já é maniqueismo.

A bem da verdade, não se pode tapar o sol com a peneira e fazer de conta que isso tudo é novidade, quando é público e notório que polulam por estados e municípios um cordão sem fim de políticos ou de detentores de cargos públicos que, ao arrepio da lei e da boa ética, vivem a se beneficiar do bem público. Quem não sabe de alguma história sobre um prefeito, governador, vice, deputado, senador, vereador, secretario, assessor de qualquer natureza, dirigente de entidade de classe, de clube social, de clube esportivo, de entidades ou instituições dos mais variados generos, etc., que, além de empregar ou beneficiar, direta ou indiretamente, familiares ou amigos, ainda aumentou seus bens depois depois que assumiu algum poder ou comando? Onde há tráfico de influência há corrupçao. Tanto aqui na nossa aldeia como alhures, muitos desses indefectíveis personagens agem o tempo todo sob a égide da astúcia e sem punição alguma. E o que é pior, não é incomum vermos moralistas de todos os credos e estirpe os reverenciando.

Corrupção não é só política, não se faz apenas com retribuição pecuniária ou troca de qualquer natureza. A origem da corrupção está no ato de transgredir valores, princípios, normas morais e legais. Em termos comportamental todo indivíduo praticante de algum tipo de corrupção é portador de um marcante desvio de caráter. Não é a política ou o poder que o corrompem, é ele que os corrompe, é ele que faz mal uso destas ferramentas quando as detém. Ser corrupto é um traço da má formação da personalidade da pessoa, origina-se da sua formação educativa inadequada, é uma falha na sua estrutura de valores. Todo indivíduo que burla de algum modo as normas vigentes na sociedade, que age contra a ética idependente do tamanho de sua ação, participa da corrupção. Por exemplo, quem se elege manipulando, mentindo, coagindo, distorcendo a vontade do eleitor, comprando ou trocando votos seja lá pelo que for, é tão corrupto quanto aquele que desvia o dinheiro público. Da mesma forma, é corrupto todo aquele que se utliza de qualquer cargo ou poder para favorecer parentes ou amigos, ou aquele que afere benefícios pecuniários para si ou para outrem burlando regras ou requisitos legais.

Como vimos, em termos de corrupção o buraco tanto poder ser mais embaixo como mais em cima. O que está por detrás da corrupção é a chamada “lógica da esperteza”, onde o indivíduo se autoelege o mais astuto, o mais esperto que os outros. Seu objetivo é levar vantagem em tudo, é um egoísta de carteirinha, não está nem aí para os outros, o que conta são apenas os seus interesses individuais. Sob os mais diversos disfarces e argumentos esse pérfido camaleão, às vezes, se colore de caridoso, de religioso, de bonzinho, de defensor da moralidade e dos bons costumes, de salvador dos fracos, mas, tudo é só astúcia para atingir os seus fins. Vale lembrar ainda que onde há um corrupto provavelmente existe uma rede formada por aqueles que podemos chamar de corruptos menores que se comprazem com as sobras do botim. Corrupto, ativo ou passivo, é tudo farinha do mesmo saco.

Atualmente existe até um movimento contra a corrupção, cujo maior feito até agora foi o de encaminhar à Câmara Federal uma Lei de iniciativa popular a favor da inelegibilidade dos chamados políticos de ficha suja, ocorre que isso, se aprovado, será apenas um paliativo, pois, existem muitos políticos de caráter sujo que não constam dos acervos do judiciário. Além disso, só na Câmara dos Deputados existe mais de uma centena de Deputados com pendências judiciais; pura igenuidade acreditar que alguém vá cortar o próprio pescoço. Em sendo assim, creio que os cidadãos de bem precisam ser mais inteligentes nessa luta a favor da ética, posto que a lógica da astúcia tem funcionado de modo a beneficiar aqueles que usufruem da corrupção, seja ela política ou não.

Vale alertar ainda que a corrupção é apenas um dos tantos desvios morais que encontramos em nosso convívio social. Portanto, se desejamos realmente mudar essa situação temos que reconhecer que devemos ir à raiz do problema, mudar o nosso foco. Muito além da superficialidade vigente, faz-se necessário admitir que a corrupção na política é resultado da corrupção de valores da nossa sociedade, que é o nosso quadro social doente que produz esse desvio comportamental e, a partir daí, buscarmos meios de saná-lo. Por outro lado, não podemos também nos iludir de que será uma tarefa fácil, a mudança não virá como num passe de mágica. A nossa sociedade que, presume-se, seja formada por uma maioria de pessoas de bem, tem que estar motivada para enfrentar o desafio de se autoeducar, posto que não há outro caminho que não seja o da educação para transformarmos a ética da esperteza na ética da cidadania consciente, da honestidade e da solidariedade.

No mais, se quem cala consente ou se toda a omissão implica em conivência, nada mais claro de que o combate à corrupção e a instituição de uma ética renovada em seus valores fundamentais é uma responsabilidade de todos que verdadeiramente lutam por uma sociedade fraternalmente mais justa.

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