Coluna | BRASILzão
Diego Gazola / Fábio Brito
Diego Gazola,(MTB-SP-44.350), é repórter-fotográfico.Graduado em Comunicação Social pela UMESP-SP, tem se especializado em fotojornalismo de viagens. Em cinco anos, já percorreu mais de um mil municípios em todo o Brasil para avaliação dos atrativos e documentação fotográfica dos Guias Turístico-Culturais da editora Empresa das Artes.As fotografias de Brasilzão são de sua autoria.
diegogazola@uol.com.br

Fábio Brito. Presidente da Empresa das Artes, editora com mais de 160 obras publicadas nos segmentos de turismo, meio-ambiente e cultura; de guias de viagem a livros de arte. Os textos de Brasilzão são de sua autoria.
fabiobritocritica@yahoo.com.br
Barra Bonita e o Rio Tietê
13/09/2008

Em média 50.000 m3 de água são movimentados durante oprocedimento de eclusagem

Hélio esan, um dos anjosda guarda do Rio Tietê

As embarcações comportam de 100 a 300 pessoas

Igreja Matriz São José

Lazer na hidrovia onde as águas não estão contaminadas

Uma bóia sinaliza lentamente a elevação do barco até atingir os
26 metros de desnível

Uma região, outrora pacata, se transformou em destino turístico

- O Rio Tietê...

- O Rio Tietê nasce em Salesópolis, na Serra do Mar do Estado de São Paulo, de forma tímida, saudável, cristalina e...

- E... Morre no meio do caminho, sofre agressões contínuas, diárias, irracionais e maléficas. Concorda comigo?

- Você tem esse péssimo hábito de estar sempre cortando minhas frases. O Rio Tietê passa pela cidade de São Paulo, segue adiante, terras paulistas adentro, até alimentar a espetacular Barragem de Barra Bonita após receber as águas do Rio Piracicaba e de outros afluentes.


Turismo em águas do Tietê

- Posso continuar a minha frase iniciada lá em cima?

- Pode. Vamos lá!

- O Rio Tietê faz parte da minha história de vida. Muitas vezes, à noite, meu pai buzinava sutilmente e acordava o balseiro, que ia nos buscar na outra margem para que voltássemos para casa. Isso nos idos dos anos 50. Às vezes tínhamos sede, e meu pai, que carregava uma caneca de alumínio no fordeco – um automóvel Ford preto, modelo 29 – mergulhava essa caneca no rio, ali mesmo, e assim nós saciávamos a nossa sede. Outras vezes, durante as enchentes, os aguapés que proliferavam naquela região agarravam-se aos cabos de aço que prendiam e norteavam a balsa e, naquele momento, a travessia do rio era bastante complicada.

- Quantos anos você tinha nessa época? Hoje os mundos são outros! O rio represado formou uma imensidão líquida onde as pessoas – seres urbanos – aprenderam a conviver com o elemento precioso. Em Barra Bonita, por exemplo...

- Barra Bonita? Castilho, Araçatuba, Pereira Barreto, muitas foram as cidades que conheci em minha infância, hoje submersas em recordações. São águas passadas no rio de minhas lembranças. Um dia minha mãe me chamou e disse: “Meu filho, do lado de lá, onde está a fazenda de Nhonhô Almeida Prado, parece que tem um projeto do Governo e tudo isso vai ser inundado”.

- “Até a nossa casa, mamãe?” – perguntei.

- “Tudo, tudo...” – ela respondeu. E eu ficava triste e acabrunhado, imaginando que a colônia, com suas humildes casinhas de madeira, coloridas por jardins floridos, o curral, o córrego onde eu pescava lambaris e pequeninos bagres ágeis e escurinhos, as bromélias que nos desdenhavam agarrando-se em galhos altíssimos e que nós chamávamos de parasitas, os lírios amarelos ou rosados que despontavam no gramado do campo de futebol antes de serem massacrados pelas peladas entre os garotos, a fazenda inteirinha do Doutor Aerobaldo, e até a mula-sem-cabeça, tudo, tudo seria afogado por essa insensatez. “Por quê?” – perguntava eu. “Por quê?”  


Memorial do Rio Tietê mantido pela ONG Mãe Natureza

-“Porque a água é um bem precioso, meu filho. A água alimenta, gera energia, contribui para o bem-estar da humanidade” – respondia minha mãe. E eu ficava sem compreender nada.

- Pois é, meu amigo. Hoje convivemos com outro universo. Deixe-me dessa vez, finalmente, falar sobre Barra Bonita. Sem interrupções, por favor. Hoje uma grande atração turística é visitar a Usina Hidrelétrica ali existente.

- Hidroelétrica ou Hidrelétrica?

- Tanto faz! Não me interrompa! Trata-se de um espetacular resultado da ação da mente e da engenharia humanas. Muitas pessoas vêm de fora para conhecer a Eclusa de Barra Bonita. É fascinante! Algumas competentes empresas de turismo oferecem passeios pelas águas do Tietê, e seus navios chegam a transportar 300 pessoas de uma só vez.

- Sem dúvida, deve ser interessante. Entretanto, fico sonhando com as areias alvas que margeavam o córrego que outrora desaguava no Tietê. Era a Barra Bonita, local idílico onde o contato com a natureza era intenso, singelo e profundo.


Visitantes de todo o Brasil se deslumbram com Barra Bonita

- Não seja tão nostálgico! Depois da inauguração da eclusa de Barra Bonita, em 1973, a cidade soube de maneira inteligente desenvolver o turismo na região graças à hidrovia. Você sabe o que é uma eclusa? Talvez, dessa maneira, compreenda o meu entusiasmo. “A eclusa nada mais é do que um elevador de águas, que serve para subir ou descer as embarcações”. Todo o processo de enchimento e esvaziamento é feito por gravidade; não requer motores de bombeamento. Assim que a embarcação entra na eclusa, ela é atracada nas bóias laterais num procedimento de segurança durante a operação. Entendeu?

- Acho que entendi, já que você está lendo essa informação de terceiros. O Aurélio diz...

- Acalme-se. Não vamos duelar novamente. Convido-o a ir comigo a Barra Bonita, a aceitar a evolução, o progresso e o presente, a conhecer o trabalho sério e admirável da ONG Mãe Natureza, a conversar longamente com Hélio Palmesan, um dos guerreiros que lutam para recuperar e salvar o Rio Tietê.

- E eu aceito seu convite com prazer! Falou em recuperar o Tietê, eu topo qualquer parada!

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