Coluna | BRASILzão
Diego Gazola / Fábio Brito
Diego Gazola,(MTB-SP-44.350), é repórter-fotográfico.Graduado em Comunicação Social pela UMESP-SP, tem se especializado em fotojornalismo de viagens. Em cinco anos, já percorreu mais de um mil municípios em todo o Brasil para avaliação dos atrativos e documentação fotográfica dos Guias Turístico-Culturais da editora Empresa das Artes.As fotografias de Brasilzão são de sua autoria.
diegogazola@uol.com.br

Fábio Brito. Presidente da Empresa das Artes, editora com mais de 160 obras publicadas nos segmentos de turismo, meio-ambiente e cultura; de guias de viagem a livros de arte. Os textos de Brasilzão são de sua autoria.
fabiobritocritica@yahoo.com.br
Barretos. Sem rodeios.
04/09/2008

Tudo começou em 1845...

- Barretos é uma cidade planejada. Ali as avenidas – identificadas por números ímpares – e as ruas – identificadas por números pares – se cruzam graciosamente, lembrando muitas histórias do passado.

- Vamos lá, sem rodeios: direto ao assunto.

- São muitos assuntos, meu amigo. A começar pelo surgimento das fazendas dos Barreto e dos Marques, que deram lugar àquela aprazível urbe paulista.

- Por que você ia tanto para lá em sua infância?


 O zebu é símbolo na região

- Para mim, sinônimo de felicidade era passar férias em Barretos. Tenho saudades enormes da modesta casa da Vó Lotinha – Carlota de Brito Ávila –, na 24, entre a 25 e a 27! Uma acácia-real debruçava seus cachos de flores amarelo-douradas sobre o pequeno jardim de entrada e sobre uma varanda alongada, que dava espaço às portas que adentravam a casa antiga e fresquinha. Pé-direito alto, um relógio de pêndulo que sistematicamente anunciava as horas e, no fundo, à direita, um galinheiro onde os frangos pareciam desconfiados e ariscos. São águas passadas...

- Por que tanta emoção ao falar de Barretos?


Atrás da Igreja, a especulação imobiliária na verticalização inoportuna 

A ferrovia foi de extrema importância para a cidade de Barretos 

- Porque um prefeito “espírito de porco” resolveu, com sua equipe, asfaltar a cidade, que perdeu a sua elegância ao ter sufocado os centenários paralelepípedos que calçavam suas ruas. A praça principal perdeu os seus bancos originais e abrigou outros de cimento, sem personalidade e duros, desagradáveis. Casarões antigos foram destruídos para ver surgir imóveis horizontais, prédios de extremo mau gosto que parecem espiar com desdém os quintais verdejantes que ainda restam pelos quarteirões da antiga Barretos.


 Poucos percebem a elegância das igrejas de Barretos

- E a poluição visual! Fiquei impressionado pela falta de controle e o descaso das autoridades, que permitem aos comerciantes emporcalhar o visual da cidade.

- Pois é. É uma lastima! Felizmente, ainda é possível abrir os olhos dos barretenses – literalmente – para que o seu patrimônio histórico seja dignificado.

- É verdade. O próprio Grêmio, clube local, é uma construção interessante! As igrejas são bonitas; Barretos tem uma mesquita imponente, ar saudável interiorano, gente simpática – quase mineiros – e bastante história para contar. O ruído estridente da araponga, o apito dos amoladores de facas, o assovio do sorveteiro que alegrava a criançada nos dias ensolarados de verão, a casa da fada Dindinha – Maria Carlota de Ávila Lima –, o espírito aventureiro de Orestes Ávila e José de Ávila Lima, solteiros, independentes, que encontraram suas almas gêmeas para viver e conviver com a realidade interiorana paulista. Ah, que bons tempos aqueles!


Máscara. Um personagem inesquecível

- Você disse “independentes”? Já ouviu falar dos Independentes?


A presença da cultura árabe é forte em Barretos

- Já. Em 1956, um grupo de amigos solteiros e, portanto, ainda independentes, criou a primeira Festa do Peão em Barretos. Era algo singelo, com danças do folclore brasileiro, música ao som de violas, queima do alho, pau-de-sebo e o passeio espetacular dos carros de bois.


Resquícios de um passado elegante

- Pois é, meu caro! Tudo isso ficou apenas na memória de alguns. A Festa do Peão de Boiadeiro cresceu e, de forma inacreditável, tem em sua programação manifestações nada folclóricas, de extrema deselegância, com as apresentações dos grupos Batom na Cueca ou Calcinha Preta, Banda Uncle Trucker (Rock Fast), entre outras aberrações que vieram para destruir o espírito verdadeiro da festa. É um caos!

- E bagunça aumenta com a exposição excessiva de logomarcas; a Brahma emporcalha os postes da cidade. A Cervejaria Crystal, entre outros desavisados, veio para destruir a identidade brasileira. Você sabe o que é que está massacrando a verdadeira Festa do Peão de Barretos?

- A ganância, a desorganização, o desrespeito aos fundadores e apresentadores da Festa, Orlando Araújo e Orestes Ávila. Beto Junqueira, Ismar Jacinto, Alaor de Ávila e a querida Gedália, esposa de Orestes, presenciaram a verdadeira manifestação cultural de outrora.


O Brasil brasileiro– um Brasil americanizado

Sede dos Independentes. Um belo casarão antigo

- É! Estão matando a Galinha dos Ovos de Ouro por pura falta de sensibilidade!

- Falta de sensibilidade e carência absoluta de inteligência!

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