A major Karla Lessa Alvarenga Leal apresentou sua trajetória de sucesso no Corpo de bombeiros Militar de Minas Gerais (Foto: Divulgação)
O "Ciclo Mulheres que Inspiram Pessoas e que Superam os Desafios da Atualidade", uma iniciativa da Escola Judicial Desembargador Edésio Fernandes (Ejef), apresentou nesta quinta-feira (19) a palestra virtual: A carreira da mulher bombeiro militar em Minas Gerais: conquistas e desafios vivenciados ao longo dos anos.
A major do Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais (CBMMG), Karla Lessa Alvarenga Leal, foi a palestrante, sob a mediação da desembargadora do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, Teresa Cristina da Cunha Peixoto. Ela apresentou relatos pessoais de experiências adquiridas em sua carreira, com foco em como conciliar o trabalho e a vida pessoal, em um contexto da ética social e da sustentabilidade nas dimensões econômica e antropológica-cultural.
A major entrou na Corporação com 18 anos de idade. Iniciou sua trajetória profissional como cadete, tendo feito quatro anos de curso de Formação de Oficiais. Ela conta que depois desse curso exerceu diversas atividades, até chegar à aviação e se tornar a primeira mulher comandante de helicóptero de bombeiros militar do Brasil.
Atuou com a equipe de salvamento quando do rompimento da barragem Mina do Córrego do Feijão em Brumadinho. Foi a primeira militar que sobrevoou o local.
Contexto histórico
A major Karla Lessa destacou que o Corpo de Bombeiros teve as primeiras mulheres em seu quadro de militares a partir de 1993, momento em que a corporação não estava preparada para receber mulheres. "Era um ambiente predominantemente masculinizado".
Com a reestruturação, em 1999, após o Corpo de Bombeiros se desvincular da Polícia Militar de Minas Gerais, a corporação passou por mudanças para receber de forma mais adequada as mulheres, disse.
Karla Lessa ingressou na carreira em 2001 e foi direcionada para atividades administrativas. Pensou em desistir do trabalho até que fez um curso de formação de piloto em 2010. Somente em 2013 passou a integrar a equipe de pilotos do Corpo de Bombeiros. Cedida pelo CBMMG, hoje ela presta serviços à Secretaria de Estado de Saúde do Estado de Minas Gerais.
Sobre as conquistas das mulheres, especificamente no Corpo de Bombeiros, ela destaca que, passados mais de dez anos, houve uma valorização da imagem feminina na corporação, conquistada pelo trabalho entregue com qualidade.
Segundo a major, atualmente, há várias iniciativas voltadas para tratar e solucionar questões específicas das mulheres no trabalho enquanto bombeiras, como adaptação aos testes físicos e campanhas para promoção da igualdade de gêneros e evitar a segregação. "E, o principal, respeito ao trabalho da mulher. Hoje, não temos problemas em comandar uma equipe", disse.
Desafios
Como administrar a dupla jornada - em casa e no trabalho - é um desafio que a major Karla Lessa aponta para as mulheres que atuam no corpo de bombeiros.
Outro, diz respeito a questionar estereótipos que associam às mulheres bombeiras uma proteção diferenciada se comparadas aos homens. "Todos e todas merecem respeito e tratamento adequado, de acordo com a execução das atribuições definidas para a rotina de trabalhos".
A major defende a necessidade de adequar e adaptar as habilidades das mulheres no trabalho a ser realizado, inclusive, distribuí-las mais em atividades operacionais.
Nesse sentido, a major Karla Lessa fala sobre a necessidade de serem adquiridos pela corporação equipamentos de trabalho, fardamento e alojamentos combinados com o biotipo feminino.
A palestrante abordou a importância de questionar posicionamentos que passam pela discriminação de gênero no ambiente profissional, afastar a condição da mulher como vítima e assumir o protagonismo de suas ações.
A desembargadora Teresa Cristina da Cunha Peixoto elogiou a trajetória da major Karla Lessa pela "valentia, determinação e perícia no trabalho".
A magistrada lembrou que a major Karla Lessa, além de comandante de aeronave, é instrutora de voo, examinadora da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), entre outras.
A desembargadora registrou que a atuação da major Karla Lessa pode ser comparada a de uma heroína pela coragem e bravura para solucionar situações críticas, tendo como base princípios morais e éticos.
A palestra foi conduzida pela superintendente adjunta da Escola Judicial Desembargador Edésio Fernandes, desembargadora Mariângela Meyer.
O juiz auxiliar da 3ª Vice-presidência, José Ricardo Véras e a juíza auxiliar da Corregedoria-Geral de Justiça, Aldina de Carvalho Soares participaram do evento, representando, respectivamente, o 2º vice-presidente do TJMG, desembargador Tiago Pinto, e o corregedor-geral de Justiça, desembargador Agostinho Gomes de Azevedo.
Ambos, ressaltaram a história inspiradora da major Karla Lessa que assumiu desafios em sua carreira profissional e se destacou por concretizar seus objetivos.
