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Músicos apontam descaso e reclamam de decreto que proíbe apresentações em Varginha; secretário de Turismo e diretor da Fundação Cultural se posicionam

Iago Almeida | 09/06/2021 - 15:06:25

Na última quarta-feira (02), o prefeito Vérdi Melo baixou um novo decreto, restringindo apresentações ao vivo em estabelecimentos de Varginha. O documento tem validade até dia 16 de junho e deixou muitos músicos descontentes, afirmando que a medida traz prejuízos, uma vez que eles estão entre as classes que mais vêm encontrando dificuldades desde o início da pandemia.

"A proibição de música ao vivo nos bares só traz prejuízos, tanto pros bares e, principalmente, para os músicos, que já vem sofrendo a pandemia inteira com as restrições e totalmente sem auxílio da prefeitura, mesmo tendo um recurso destinado para essa finalidade e não é repassado para os artistas da cidade", afirmou o cantor Negronssa.

 
Em entrevista ao Varginha Online, o secretário de Turismo e Comércio de Varginha (Setec), Barry Charles Sobrinho, afirmou que a cidade ainda está sofrendo o reflexo do Dia das Mães e apontou uma preocupação com feriados e o Dia dos Namorados. "Entendo a necessidade dos artistas, mas também entendo a necessidade de ações preventivas no momento", citou. 
 
"Escolheram uma semana de feriado, a qual nós arrecadamos muito mais, para simplesmente nos informar (a proibição) sem nenhum fundamento. Ao invés das nossas autoridades reforçarem a fiscalização (sou totalmente a favor), foi tomado essa medida ridícula. Não acredito que nossas autoridades estejam preocupadas como deveria para com a Pandemia. Porque não foi aderido a onda vermelha já que teve um aumento considerável de casos?! Ah é!! Os cantores que transmitem o vírus...", questionou o cantor Joel Júnior.
 
"Gostaria de expressar minha solidariedade a todos os artistas de Varginha, pois sabemos que este é um momento muito delicado para todo o setor artístico, cultural e de eventos. A pedido do Sr. Prefeito, desde que assumi o cargo de diretor superintendente, em janeiro de 2021, não medimos esforços para amenizar a situação que a cultura vem passando. Nos reunimos com os representantes do setor e escutamos todas as demandas", afirmou Marco Aurélio da Costa Benfica, diretor-superintendente da Fundação Cultural de Varginha.
 
O que dizem os músicos
 
Em entrevista ao Varginha Online, os cantores Joel de Oliveira Júnior (conhecido como Joel Júnior), de 34 anos, e Regismar de Paula Tobias (conhecido como Negronssa), de 30 anos, relataram descontentamento com o decreto que proíbe músicas ao vivo em estabelecimentos comerciais de Varginha. Os cantores, que possuem muito tempo de caminhada na carreira, apontam descaso e falta de diálogos com a classe.
 
"No último decreto da nossa cidade, ficou proibida a música ao vivo. Só de pensar que o salário dos envolvidos são pagos do nosso bolso. Só de pensar que houve uma reunião para chegar a essa solução, é inacreditável. Nossas autoridades entenderam que a solução para controlar a Pandemia na nossa cidade foi a restrição de horários e parar a música ao vivo. Desconheço qualquer estudo que cite o contágio do vírus por ondas sonoras. No mais, todos estabelecimentos continuaram lotados de acordo com as regras sanitárias e os palcos vazios", comentou o cantor Joel Júnior.
 
 
"Tenho total consciência da doença e por mais que a maioria pense que não (contém muita ironia), os cantores também se contaminam, também tem famílias e também tem contas pra pagar, se alimentar, oxi. Eu particularmente não mais me reúno com colegas de profissão de vários gêneros musicais para tais reuniões. Em todas oportunidades de possíveis situações, sempre tivemos 2 ou 3 espertões para tirar vantagens políticas usando a imagem de artistas com mais destaque na cidade. Espero que nossos líderes tenham consciência e mudem esse decreto o mais rápido possível. Foram eleitos pela maioria mas são pagos para cuidar de todos", completou Joel.
 
Além disso, Negronssa, que tem 22 anos de carreira e canta desde os 08 anos de idade, ainda questionou a intimidação aos clientes, segundo ele, feita pelas fiscalizações. O músico afirma que os fiscais deveriam atuar mais nas festas clandestinas que vêm acontecendo na cidade e aponta um descaso por parte das autoridades. 
 
 
"Sem contar que a fiscalização ainda chega intimidando os clientes dos estabelecimentos, sendo que enquanto os bares abrem sem música, seguem as restrições, e com a falta de música ao vivo eles acabam tendo um lucro de quase zero. Tem acontecido várias festas clandestinas, com grandes aglomerações, sem regras e sem fiscalização, com som mecânico. Seria muito mais eficaz fiscalizar esses clandestinos, que de fato acabam sendo mais perigosos, e liberar a música nos bares que estão seguindo todos os protocolos e nos possibilita trabalhar com mais segurança. É um descaso total, afinal não estamos pedindo nenhum favor, estamos pedindo apenas para prefeitura fazer o trabalho que é responsabilidade dela junto, com o secretário de cultura e a fundação cultural", completou Negronssa.
 
O que diz o secretário de Turismo e Comércio
 
Por outro lado, o secretário de Turismo e Comércio de Varginha, Barry Charles Sobrinho, afirmou que o momento é crítico para a saúde e enalteceu as decisões do prefeito Vérdi Melo, apontando que os decretos são elaborados por um comitê com mais de 20 integrantes. Ele afirmou ainda, entender que o setor de cultura necessita de programas de apoio.
 
"O momento é crítico para a saúde. As decisões para o prefeito Vérdi devem ser dinâmicas no sentido de prevenção e na minha opinião ele tem acertado! Enquanto o estado entrava em onda roxa, ele segurou a cidade com o comércio aberto de maneira que as pessoas pudessem continuar trabalhando diminuindo o agravo na parte econômica. Os decretos geralmente são elaborados em um comitê com mais de 20 integrantes de diversos setores, sempre prezando pela saúde e bom senso. Acredito que o setor da cultura e eventos são os mais afetados pela pandemia! Inúmeros profissionais estão sem atividades há mais de uma ano. O setor realmente necessita de programas de apoio. Em relação à música ao vivo nos bares, foi uma decisão provisória do comitê, acatada pelo prefeito com objetivo de diminuir aglomerações", afirmou Barry.
 
"Importante ressaltar que estamos sofrendo o reflexo do dia das mães e existe uma preocupação com feriados e o dia dos namorados. Entendo a necessidade dos artistas, mas também entendo a necessidade de ações preventivas no momento. A fiscalização do município está intensa para evitar aglomerações e eventos clandestinos. Na minha opinião o mais importante no momento é a conscientização da população para prevenção! Estamos perdendo amigos e parentes, os hospitais estão lotados e muitos ainda não enxergaram a gravidade da situação!", completou o secretário.
 
Falta de auxílio?
 
O cantor Negronssa ainda questionou a falta de auxílio aos artistas da cidade, afirmando que houve dinheiro que teria retornado ao Governo Estadual. Entretanto, segundo a Fundação Cultural de Varginha, o restante do valor destinado à Lei Aldir Blanc está em caixa, aguardando uma sansão presidencial para que o dinheiro seja aplicado.
 
"R$ 75.000,00 em 2020 para fazer live, esse dinheiro não chegou nos músicos, voltou pra contabilidade da prefeitura. A solução era simplesmente atualizar esse decreto e repassar o dinheiro. Porém não foi feito. Veio do estado R$900.000,00 da lei Aldir Blanc, além de ter sido mal divulgado e repassado para poucos músicos, o restante foi devolvido para o Governo Estadual. A solução é o prefeito, junto com o governo, resolver atualizar para 2021 e repassar novamente para os músicos, coisa que não foi feito até hoje", afirmou Negronssa.
 
Segundo Marco Aurélio da Costa Benfica, diretor-superintendente da Fundação Cultural de Varginha, os R$900 mil que foram repassados para a cidade, através da Lei Aldir Blanc, e os editais foram amplamente divulgados pelos veículos de comunicação da cidade (foram dois, devido ao grande número de artistas que se inscreveram).
 
"Agora, aguardamos liberação de recursos federais para aplicação na área cultural: cerca de R$ 248 mil que vão beneficiar os artistas do município impactados pela pandemia da Covid-19. O recurso é proveniente de um saldo remanescente da Lei Federal de Emergência nº 14.017, conhecida como Lei Aldir Blanc, recebido em 2020, num valor total de R$ 929.625,40. Deste valor, R$ 681.920,00 foram distribuídos em 2020. O edital municipal já foi elaborado pela equipe da Fundação Cultural, mas, por questão legal, necessita da autorização federal para ser lançado", explicou o diretor-superintendente da Fundação Cultural.
 
"Lembramos ainda que, no ano passado, Varginha foi um dos primeiros municípios do país a aplicar os recursos da Lei Aldir Blanc. Foram elaborados dois editais, beneficiando cerca de 258 profissionais, dentre eles muitos músicos. Muitos artistas varginhenses também participaram do edital feito pelo Governo de Minas. As propostas contempladas receberam cerca de R$ 700 mil no total.
 
Continuaremos trabalhando em prol da cultura em Varginha e garanto que, assim que o município for autorizado, serão abertas as inscrições para o recebimento dos recursos remanescentes da Lei Aldir Blanc", completou. 
 

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