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Situação de bares e restaurantes é crítica, reafirma Sindicato de Hospedagem e Alimentação de Varginha; pagamento de salários em abril está comprometido

Iago Almeida | 09/04/2021 - 12:40:55

Mais de 90% dos estabelecimentos confirmaram dificuldade para pagar salários em abril no país. Como agravante, empresários reclamam demora da Caixa, principal banco emissor do Pronampe, para adesão à prorrogação da carência dos empréstimos.

Os fechamentos impostos por estados e municípios em fevereiro e março emparedaram os bares e restaurantes. De um lado, o faturamento caiu ou até mesmo zerou. De outro, as dívidas acumuladas em 2020 têm de ser pagas. Com isso, a esmagadora maioria se vê em situação crítica, sem ter como honrar dívidas e com enorme problema até mesmo para pagar funcionários. É o que aponta a mais recente pesquisa da Abrasel, realizada entre os dias 1 e 5 de abril, com mais de 2 mil respostas de empresários do setor de alimentação fora do lar em todo o Brasil.
 
Nada menos do que 91% disseram enfrentar problemas para pagar os salários de abril – sendo 76% já tiveram dificuldades para pagar a folha de março. Além disso, 73% tiveram de demitir empregados nos três primeiros meses do ano. Isso é resultado direto do faturamento baixo (82% trabalharam no prejuízo em março) e do alto endividamento: 76% dos respondentes têm algum tipo de pagamento em atraso, principalmente impostos, aluguéis e fornecedores – 70% destes estão com parcelas do Simples vencidas.
 
“Estamos há mais de dois meses na espera de uma nova MP dos salários, que permita a suspensão de contratos ou redução de jornada, com a contrapartida do Bem, o benefício emergencial. Em janeiro nós já alertamos o governo federal de que a situação ficaria crítica. Sem isso, mesmo caminhando para a reabertura, muitos estabelecimentos não irão aguentar. As ajudas em alguns estados e municípios foram bem-vindas, mas insuficientes”, diz o presidente da Abrasel, Paulo Solmucci.
 
A Abrasel estima que a demora para reedição da medida, contribuiu fortemente para o encerramento definitivo de mais 35 mil empresas do setor alimentação fora do lar, de dezembro até o momento, o que teria impactado cerca de 100 mil postos de trabalho.
 
Situação em Varginha
 
Em entrevista ao Varginha Online nesta quinta-feira (08), o presidente do Sindicato Empresarial de Hospedagem e Alimentação de Varginha (SEHAV), André Yuki Yoshikai citou o momento delicado que o setor está passando e afirmou que a pandemia atingiu de forma dura todas as atividades econômicas. 
 
´´Nós, do setor de hospedagem e alimentação estamos tomando todas as medidas de precauções de higiene e segurança, dia após dia contra o novo coronavírus. Mas com tristeza e extremo desconforto, estamos demitindo funcionários, contraindo dívidas para quitar outras dívidas, endividamentos bancários, tributos, com fornecedores e serviços. Todas as reservas já se foram. Estamos vendendo hoje para pagar amanhã´´, afirmou o presidente. 
 
O presidente citou ainda duas reflexões sobre o momento enfrentado por profissionais do ramo, questionando a diferença em que as autoridades tratam os serviços essenciais para com os restaurantes, que, segundo ele, é uma hipocrisia e falta de bom senso. Atualmente, devido à Onda Roxa em Minas Gerais, os restaurantes estão funcionando apenas em sistemas de entregas, não podendo os clientes consumirem dentro dos estabelecimentos. 
 
´´Primeiramente se estão sendo feitas as ações de restrições para conter a disseminação do vírus no primeiro setor, onde estão as medidas de exceção? Onde os bancos, as casas lotéricas, supermercados, e transporte público entra? Supermercado vende alimentos prontos para escolher no balcão e levar, mas restaurante não pode? Açougue vende frango assado na vista do cliente, o restaurante não pode? Bancos e lotéricas com filas, mas bares e restaurantes não podem? E transporte público lotado! Isso é uma hipocrisia e falta de bom senso das autoridades. Não estamos solicitando para que volte ao normal neste momento onde a saúde está em colapso, mas sim restringir na mesma proporção todos os setores, tem que haver um equilíbrio. Não é justo um setor ser prejudicado e outro se beneficiar´´, questionou André. 
 
´´A segunda reflexão é: com as restrições severas, como fechamento do comércio, a situação de Belo Horizonte e São Paulo seria bem confortável na saúde? Os gestores públicos tem que entender que estão criando um círculo negativo, empresas quebrando, são mais desempregados, aumenta a criminalidade, mais pessoas doentes, mais gastos na saúde, menos arrecadação, onde em breve a própria máquina pública irá parar. Existem formas de equilíbrio de economia e saúde, só basta ter vontade e coragem´´, encerrou o presidente. 
 
Prorrogação das parcelas do Pronampe
 
Uma das questões que agrava a situação do setor de bares e restaurantes se refere à demora para prorrogação do prazo de carência do Pronampe, a principal linha de crédito para micro e pequenas empresas. A prorrogação por três meses já foi aprovada pelo Governo Federal, no entanto, os bancos tem autonomia para aderir ou não à decisão. Uma das maiores críticas dos empresários é que a Caixa Econômica Federal, instituição financeira ligada ao Governo e a maior nas concessões de empréstimo pelo Programa - responsável por cerca de 41,5% do valor total emitido - ainda não liberou as prorrogações.
 
“O empresário se sente como a vítima de uma enorme jiboia: a cada vez que ele tenta respirar, o aperto vem mais forte e o fôlego diminui. A onda de fechamentos em fevereiro e março agravou demais uma situação já muito difícil. Além da queda no faturamento, que dificulta o pagamento de compromissos, a carência dos empréstimos feitos em 2020 começa a vencer, e os bancos não têm piedade, ignorando até mesmo a determinação do governo em postergar por 3 meses a cobrança”, diz Solmucci.
 
Dos estabelecimentos que solicitaram empréstimo pelo Pronampe, 80% declaram não ter prorrogado o vencimento das parcelas - sendo que, destes, 55% alegam ter tentado mas receberam negativa do banco, por estarem fora dos requisitos do decreto de prorrogação ou pelos dos próprio requisitos do banco, apesar da determinação do governo federal. “É muito urgente resolver a questão do crédito. Fomos impedidos de trabalhar, portanto, o mínimo esperado é a prorrogação da carência e que se destrave novas linhas. Nosso levantamento aponta que 77% dos empresários pretendem contratar novo empréstimo do Pronampe caso o programa seja reaberto”, afirma o presidente da Abrasel.
 

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