Minas Gerais sempre foi conhecida como a terra da comida boa, mas o que ninguém imaginava é que o estado mineiro também ficaria famoso pela produção de vinho. Já há algum tempo o Estado vem inovando e buscando produzir outros tipos de bebida, tanto que hoje é um dos que mais produz cerveja artesanal no Brasil. Porém a sua história com o vinho é bem recente, mas não de menor sucesso.
A consagração da bebida veio através do “Decanter World Wine Awards 2017”, uma competição internacional que avalia os melhores vinhos do mundo. Esse ano um dos prêmios foi para o “Maria Maria Bel Sauvignon Blanc 2015”, produzido na cidade de Três Pontas e ganhador de um título na categoria Bronze. A prova dos vinhos aconteceu no dia 3 de Julho no Vintner’s Hall em Londres, uma elegante casa de eventos que, embora não figure na lista dos principais pontos turísticos da cidade, é um lugar bem conhecido dos locais. Lá, os convidados e jurados puderam provar vinhos de todos os cantos do mundo. Mais de 17.200 rótulos foram avaliados por 219 especialistas, incluindo 65 mestres do vinho e 20 mestres sommeliers.
A competição, organizada pela revista britânica Decanter, é uma das maiores e mais respeitadas do mundo e conta com os juízes mais bem preparados. Sua credibilidade é tão alta que o resultado da competição influencia diretamente o mercado mundial de vinho. A DWWA (Decanter World Wine Awards - em inglês) também faz parceria com um grande projeto de caridade, o “WaterAid”, instituição que luta pelo direito de acesso de todos ao saneamento básico e à água potável, e juntos já arrecadaram mais de 2 milhões de reais para esses fins.
A ideia de produzir o vinho premiado veio por meio de Eduardo Junqueira. Proprietário da Fazenda Capetinga, que já é bem conhecida na região por produzir café, resolveu investir na produção de vinho após uma recomendação médica. Tendo em vista o fato de que tomar uma taça por dia faz bem à saúde, ele quis tomar uma do seu próprio vinho e foi aí que tudo começou. A primeira safra, produzida em 2013, no entanto, foi bem pequena e as garrafas foram distribuídas apenas para os amigos. Então a enviada para o concurso foi a de 2015, e ela conseguiu se colocar dentre as melhores do mundo.
O nome “Maria Maria” foi escolhido em homenagem ao cantor Milton Nascimento, a conterrâneo. De acordo com o filho do produtor, Eduardo Junqueira Nogueira Neto, Milton Nascimento não acreditava que a bebida faria sucesso a ponto de ser comercializada, então decidiram nomear o vinho a partir da música do cantor quando alcançaram essa meta.
A uva responsável pelo vinho vencedor é plantada na fazenda de seu produtor, que possui um inovador processo de cultivo conhecido como “dupla poda”, o qual inverte o ciclo produtivo da videira, alterando para o inverno o período de colheita das uvas. Essa iniciativa foi desenvolvida por Murilo Albuquerque Regina da Epamig, que também é parceira na produção da bebida responsável pelo processamento da uva.
A ideia é de continuar investindo forte na produção, de acordo com Eduardo Junqueira. Hoje, Junqueira já possui 19 hectares de plantação e quatro tipo diferentes de uvas. A safra de 2015 foi responsável por produzir 18 mil garrafas que estão sendo comercializadas no Brasil inteiro. O futuro do Estado de Minas Gerais em relação à produção de vinho também é bastante promissor, sendo que as videiras com tão pouca idade já foram responsáveis por produzir uvas de tamanha qualidade.
