Notícias | Opinião

Democracia de Plateia: entre o real e o oficial

Da redação | 30/08/2016 - 10:31:20

Por Wender Reis

No balaio das representações políticas é fácil identificar a existência de dois mundos bem definidos: um mundo do sistema, o oficial e, outro, o mundo real, o vivido. 
 
Com início da campanha eleitoral na TV, me lembrei de um filme da minha lista de "a se assistir". Em "Especialista em Crises" (2015), Sandra Bullock vive uma consultora política mestre na arte de contornar situações complicadas. O filme debruça-se sobre os bastidores da campanha presidencial boliviana (enfim outro produto da Bolívia em Hollywood) com foco na atuação da marqueteira que transforma o desfecho das eleições. A personagem de Bullock consegue manipular a tal ponto a imagem de seu candidato que promove uma revolução na maneira dos eleitores enxergarem o sujeito. 
 
Não é de hoje que vivemos tempos onde muitas vezes o que vence uma eleição não é o melhor candidato e sim a melhor campanha. Não é de hoje que os marqueteiros exercem significativa pressão sobre a balança eleitoral. Contudo há quem diga que o marketing político não é tão perverso assim e que o povo também não é isento de percepção e capacidade de decisão. 
 
Bernard Manin, professor francês, doutor em Ciência Política, cunhou em uma de suas obras o conceito de "democracia de plateia". Ainda não tive a oportunidade de lê-la, mas tomei conhecimento através de um ensaio que li a propósito deste artigo. Segundo Manin, em uma simplificação bem chula de minha parte, na democracia de plateia a mídia de massa substitui as instituições políticas como principais meios de discussões públicas. Deste modo, os candidatos passam a se relacionar com seus eleitores através da mídia e não mais pelos partidos. A partir daí, campanhas políticas voltam suas ações para uma personalização de seus ideários na figura exclusiva de determinado líder. Os partidos políticos, assim, se transformam em meros instrumentos a serviço de um figurão que precisa estimular os eleitores (plateia) para que correspondam aos seus estímulos. Espetáculo.
 
De volta a "Especialista em crises", a marqueteira coloca o político na posição de fantoche para que este possa convencer os eleitores de sua diferença para os demais, portanto, merecedor de seus votos. Em política, geralmente, o mundo oficial, aquele que se apresenta idealizado, principalmente por nossos políticos, tem um oceano de distancia do mundo real, aquele que vive quem não tem acesso as políticas públicas que o mundo oficial não é capaz de promover. O mundo oficial, o mundo que é dito, é mestre na arte de se dizer, mas como diria minha mãe, palavras não enchem barriga. 
 
Eu, como eleitor, quero acreditar sim que o povo não é isento de percepção e capacidade de decisão. Se a mídia que o professor Manin tomou como referência para o seu conceito de democracia de plateia tinha a TV como principal veículo, hoje temos o universo ainda selvagem da internet, que permite muitas explorações, e mesmo não tendo superado ainda a televisão, pode questioná-la como nenhum outro meio de comunicação. 
 

* Wender Reis, 28, Pedagogo e Orientador Social 
 

Siga o Varginha Online no Facebook, Twitter e no Instagram.

Receba gratuitamente nossas notícias no seu celular, escolha o aplicativo de sua preferência:

 
Últimas Notícias
PUBLICIDADE
PUBLICIDADE
PUBLICIDADE
PUBLICIDADE
SIGA O VARGINHA ONLINE Curta a Página do VOL no Facebook Siga o VOL no Twitter Fale conosco
Página Principal | Expediente | Privacidade | Entre em Contato | Anuncie no Varginha Online
Site associado ao Sindijori

Todos os direitos reservados 2000 - 2023 - Varginha Online - IPHosting- Hospedagem de Sites (Parceiro Varginha Online)