Imagem

Pedro Coimbra

Quem me conhece bem sabe que sempre fui apaixonado pela imagem. Na fotografia ou no cinema. Prova disso são as fotos da família, como as que vi recentemente no sítio do meu cunhado Reginaldo. Ou o testemunho do meu amigo Luiz Carlos Frizo, que participou junto comigo da reorganização do clube de fotografia de Poços de Caldas.

Mas neste mundo digitalizado em que vivemos aposentei minha Nikon convencional e adotei uma Sony que preenche minhas necessidades.

A imagem no nosso texto de hoje vem a ser a representação do conceito que uma pessoa goza junto a outrem. O que tem a ver essencialmente com o marketing pessoal.

O pessoal do entretenimento brasileiro tem se esforçado para ultrapassar os feitos dos artistas de Hollywood na década de 50. Tornam-se conhecidos, quase todos, pelo escândalo e não pelo mérito artístico.

Mas nem sempre foi assim. Naquele ano de 1968, que Zuenir Ventura diz não ter acabado fui convidado para uma reunião na Associação Comercial de Minas Gerais, em Belo Horizonte. Presentes todos os cineastas mineiros e Cássio França, que seria o grande incentivador do cinema novo em Minas Gerais. E mais o ator Paulo José e a atriz Dina Sfat.

No mesmo dia fui a uma festa em que o celebrado casal estava presente.

Dina Sfat tinha uma beleza diferente e assim como o companheiro era muito articulada. Trajando um vestido longo, preto, com um grande decote em “vê” ela fez muito sucesso, passando de uma rodinha a outra e atendendo a todos com muita simpatia. No final da festinha ficou estabelecido que Cássio França providenciaria um veículo para levá-los no dia seguinte para visitar Ouro Preto.

Dina Sfat nasceu em São Paulo. Era uma atriz que adorava desafios, exercendo sua arte de maneira visceral. Foi um dos poucos artistas a assumir as reivindicações nacionais contra a injustiça e a opressão durante o período da ditadura. Estreou profissionalmente no Teatro de Arena, em Os Fuzis da Senhora Carrar, em 1962. Participou dos elencos de O Melhor Juiz, o Rei, (1963); Tartufo, (1964); Arena Conta Zumbi (1965). Em 1967, participa de Arena Conta Tiradentes. Substitui Ítala Nandi no papel de Heloisa de Lesbos de O Rei da Vela, num espetáculo que tive o prazer de assistir.

Filma Corpos Ardentes; Macunaíma (1969). Trabalha em Dorotéia Vai à Guerra (1973); A Mandrágora (1975); O Santo Inquérito (1976); Seis Personagens à Procura de um Autor (1977); Murro em Ponta de Faca (1979); As Criadas (1981), e Hedda Gabler (1982). Seu último trabalho é Irresistível Aventura (1984).

Na televisão, protagoniza várias novelas de sucesso. Selva de Pedra (1972); Os Ossos do Barão (1973); Saramandaia (1976); O Astro (1977); Bebê a Bordo (1988); além das minisséries Avenida Paulista (1982), e Rabo de Saia (1984).

Participa dos filmes Jardim de Guerra (1970); Tati, a Garota (1973); Álbum de Família e Eros, o Deus do Amor (1981); Das Tripas Coração, Tensão no Rio e O Homem do Pau Brasil (1982).

Um programa de televisão que fez um grande sucesso na época foi com o comandante do 2.º Exército de São Paulo, o general Dilermando Monteiro, e que uma das entrevistadoras era Dina Sfat, que ao fazer a pergunta, dizia: “Eu tenho medo de general.”

Pouco antes de morrer, no Rio de Janeiro, em 1989, vitimada pelo câncer, aos 51 anos, lança uma autobiografia, Dina Sfat - Palmas pra que Te Quero.

Dina Sfat, Cacilda Baker, Bibi Ferreira, dentre outras atrizes brasileiras são exceções que nunca precisaram de revistas de fofocas para se firmar na área artística, como tantas outras por aí na atualidade...

(05/09/2007)

 

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