Coluna | BRASILzão
Diego Gazola / Fábio Brito
Diego Gazola,(MTB-SP-44.350), é repórter-fotográfico.Graduado em Comunicação Social pela UMESP-SP, tem se especializado em fotojornalismo de viagens. Em cinco anos, já percorreu mais de um mil municípios em todo o Brasil para avaliação dos atrativos e documentação fotográfica dos Guias Turístico-Culturais da editora Empresa das Artes.As fotografias de Brasilzão são de sua autoria.
diegogazola@uol.com.br

Fábio Brito. Presidente da Empresa das Artes, editora com mais de 160 obras publicadas nos segmentos de turismo, meio-ambiente e cultura; de guias de viagem a livros de arte. Os textos de Brasilzão são de sua autoria.
fabiobritocritica@yahoo.com.br
A agonia do rio Tietê
14/04/2008

Mesmo com todos os esforços para coibir, o acúmulo de lixo é enorme

Parte do grupo de idealizadores do Projeto NavegaSP

Segundo o artista Eduardo Srur, ao término da exposição o material será transformado em mochilas

Condutor da embarcação

Crianças incentivadas a expressar o seu olhar sobre o rio

Durante o passeio, foram sorteados guias da Empresa das Artes

- Que loucura!

- Por quê? Você achou interessante?

- Passear pelo rio Tietê em uma tarde de domingo? Nem pensar! Infelizmente, esta porção de águas na cidade de São Paulo está morta! E o cheiro? Deve ser insuportável!


Projeto Navega São Paulo já transportou mais de 3 mil pessoas, entre estudantes e público em geral   

- Quanto preconceito e ignorância, meu amigo! Estamos todos engajados no salvamento do rio...

- De que forma? Diariamente, ali são despejadas toneladas de detritos, sujeiras, esgoto e objetos de todo tipo, descartados pela população. E os córregos que desembocam no Tietê acabam sendo os condutores dessa porcaria toda, agravando ainda mais a situação das sofridas e poluídas águas do nosso grande rio...


Ônibus transportam os viajantes até o terminal de embarque

- Pois é! Voltemos ao passeio. Neste último domingo, 6 de abril, navegamos pelo Tietê entre sacos de lixo, lodo, cheiro forte, e afligidos por uma garoa fina e constante, para admirar as esculturas de garrafas expostas ao longo das margens, entre as pontes do Limão e da Casa Verde. Cada uma daquelas imensas garrafas de plástico, medindo 10 metros, atiçava um pouco mais a nossa curiosidade visual...

- Interessante! Quem teve essa idéia de jerico?


Antes da partida, uma palestra sobre normas de conduta e segurança

- Idéia de jerico?! Vejo que você não está a par do trabalho do artista Eduardo Srur, que, de maneira inteligente e criativa, nos leva a admirá-lo e a ter uma maior – e real – consciência da morte lenta e gradativa do rio.

- Estava apenas brincando, provocando você. Também concordo que é um desastre a falta de consideração e de respeito para com os nossos rios. E o Tietê é uma das vítimas do despreparo do brasileiro em conviver em harmonia com a natureza. A poucos quilômetros de São Paulo, em Salesópolis, encontramos a sua nascente. Aos poucos o rio vai-se formando, se avolumando de forma generosa. Até num passado recente, ele foi vital para a formação e desenvolvimento de arraiais e povoados que, mais tarde, se tornaram grandes cidades ao longo de seu curso de 1.100 quilômetros dentro do Estado de São Paulo.

 


 “O rio Tietê fede”, título do desenho de Victor B.

A previsão é de que 1.500.000 pessoas assistam à intervenção diariamente

- Felizmente temos pessoas engajadas, como o Douglas Parisi, que numa parceria com o Instituto Itaú Cultural nos leva a passear e navegar pelo Tietê, lembrando-nos de seu passado sadio e incutindo-nos sonhos com o seu futuro em águas saudáveis.

- Como no rio Tâmisa, em Londres, né?


"PETS, 2008" intervenção urbana com 20 infláveis monumentais em forma de garrafas pet coloridas
O trecho navegado é um dos mais degradados deste patrimônio dos paulistanos

- Sem dúvida! Deixe-me citar para você parte do texto de Cauê Alves, curador da exposição Quase Líquido, que começou no dia 27 de março e que ocorrerá até o dia 25 de maio, em São Paulo: “Basta olhar para o Rio Tietê na altura da marginal. Um rio que possui uma consistência gelatinosa e cuja matéria orgânica acumulada em seu fundo atrapalha o fluxo. A densidade atual do rio talvez seja um modo de caracterizar parte do mundo contemporâneo e de nosso atraso, um símbolo de nosso estágio de modernização. Uma modernidade contraditória, que não é plenamente líquida, que não engata e que só a duras penas se realiza. Ao mesmo tempo em que São Paulo possui um dos piores trânsitos do mundo, e se locomover de automóvel na cidade exige paciência, nela há uma grande circulação de motos e um dos mais intensos tráfegos de helicópteros do planeta”.

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