Coluna | Expressão
Fabricio Serafim
34, é economista e ativista social em Varginha-MG, escreve às quintas-feiras neste espaço, no jornal Correio do Sul (Varginha) e no Jornal do Estado (Pouso Alegre).
O Papa que não é pop
10/05/2007
O Brasil recebe, esta semana, o Papa Bento XVI, cuja visita oficial terá celebrações monumentais e eventos magníficos, bem à moda da Igreja Católica e, mais recentemente, à moda das igrejas evangélicas... Pelas cidade onde Bento XVI passará, milhões de reais foram gastos em mega-estruturas, para que tudo saia a contento! Boa parte destas obras, financiadas com dinheiro público, oriundo dos bolsos de contribuintes judeus, muçulmanos, espíritas, umbandistas, evangélicos e até católicos!

A agenda de Joseph Ratzinger conta com a 5ª CELAM (Conferência do Conselho Episcopal Latino Americano), transferida às pressas do Equador para o Brasil (?); com a canonização de Frei Galvão - o primeiro santo legitimamente brasileiro - e, entre outros espetáculos, com um grande "Encontro com os Jovens", no estádio do Pacaembu.

Cabe aqui uma consideração importante sobre as entrelinhas desta visita e sobre o pensamento de Bento XVI:

- Conservador de carteirinha, Ratzinger não vem ao Brasil por acaso. Preocupado com o crescimento estrondoso de outras crenças, com as vozes cada vez mais retumbantes de setores sociais organizados em defesa do aborto, das pesquisas genéticas com células tronco, dos homossexuais e ainda com os avanços sociais observados em toda a América Latina, o Papa tem a importante missão de reforçar e reorientar a política conservadora de sua igreja, resgatando a influência do catolicismo sobre o povo brasileiro e latino-americano. Tem por objetivo interferir diretamente em políticas públicas, contra o uso de métodos contraceptivos, com foco no "pecado" que é, para o Vaticano, o uso dos preservativos.

Preocupante é a posição da Igreja de Roma contra alguns destes temas! Mas valioso é o poder de provocar discussões, que esta visita instiga!

Poucas vezes verificamos discursos tão acalorados! Para Ratzinger, baseado na "tradição cristã", o divórcio "é uma praga", os deputados mexicanos favoráveis à legalização do aborto são passíveis de excomunhão, os povos da amazônia devem ser catequisados, os relacionamentos afetivos entre pessoas do mesmo sexo é algo "intrinsecamente mau", o sexo deve ser feito somente para reprodução e as pesquisas com células tronco são pura e simplesmente "assassinatos". Já para a sociedade organizada, diversas são as razões para debater contrariamente! O divórcio é algo consolidado, como direito de escolha. O aborto deve ser uma opção da mãe, soberana sobre seu corpo e sua consciência. A população amazônica tem o direito de escolher a que deus pretende seguir. Os homossexuais provam, dia após dia, a normalidade de seus relacionamentos. Se pratica sexo por prazer! E isto faz bem à saúde, tanto quanto faz bem usar camisinha, como forma de prevenção à gravidez indesejada e às doenças sexualmente transmissíveis. E a pesquisa com células tronco? Isto é ciência, é evolução!

É a discussão entre "o bem e o mal"! Entre pensadores de vanguarda, representando uma expressiva parte da população ao sul do mapa mundi e o "Papa que não é pop", representando dois milênios de tradição cristã, genocídio de povos indígenas, silêncio sobre o holocausto, fogueira às bruxas e um incontável número de outras "banalidades"...

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