Coluna | Prosa Caipira & Cia
Sátiro dos Reis
Jornalista e Filósofo caipira formado nas barrancas do Rio Verde, é contador de causo e gosta duma boa pescaria de beira de rio. Jura de pé junto que em vidas passadas já foi violeiro, peão boiadeiro e sanfoneiro nordestino. Atualmente cultiva abobrinhas, e outras sátiras a mais, no terreno fértil do humor descompromissado e da livre imaginação. * Preste atenção: qualquer semelhança com fatos ou pessoas pode não ser mera coincidência, hein!
Num vem di marolinha, não!
05/08/2009
O qué qui o povo das imprensa i dos tucano quiria qui u cumpadi Lula diséssi? Qui nóis tava a pirigo cum a crise? Qui a vaca tava ino pro brejo? Qui nóis tava na bera du abismo? Quiacontecê uma quebradera pá mais di metro na nossa economia? Meió infrentá as marolinha uma de cada veiz, duquê causá desespero nu povo, num é memo? Cumpadi Irineu diz qui pros pissimista num percisa crise não: sempre tá tudo ruim i pó piorá; tá tudo ino pás cucuia ou pá argum lugá lá onde o chifrudo perdeu as meia, pruque as butina já tinha perdido pá lá di maracangaia....

Óia, nóis aqui na roça num tá nem aí pa quem ganhô o bigbrode, ou que fim vai dá o Caminho das Índias, purcausdiquê Negócio da China é nóis vivê nu Paraíso fazeno Caras i Boca juntim da natureza pescano uns lambari e, veis pur ôtra, comeno uma traíra sem ispinho e tomanu uma birita, já qui ninguém é di ferro. Alinhais quem mais sabe o caminho das índia só pódi sê os índio, uai! Tái, cumpadi Lula é o cara, si o Obama falô tá falado, i nem adianta o Efeagácê, tamém conhecido lá pás banda di Ibiúna como boca mucha, ficá morreno dinveja. Querdite quem quisé querditá, inté hoji eli inda só sabe falá du rear, si eli é o pai du rear, a mãe devi sê o Itamar. Como diz um conrintianu amigo meu, lá di Sumpaulo, acorda véio!

Conta um causo proceis, o povo brasilero é meisquisito, oceis num acha? Óia só, si nóis tem a Giseli Bunchem qui é a muié mais bunita du mundo, si tem o tar de Rodrigo Santouro, qui já bejô um monti di artista di oliúdi, purcausdiquê nóis vai elegê um bicho feio dimais da conta pá presidente? Arrespondi pá nóis, ocê levaria o Zé Serra, cum toda aquela feiúra qui mais pareci o Etê di Varginha, pá uma festa na sua casa? Já imaginô o susto das criança quando eli chegassi? Elas ia ficá trarmatizada pô resto da vida, aí nem o dotô Drauzio qui intendi di tudo ia dá jeito. Proceis pensá: si o Lula é o cara, o serra cum toda aquela feiúra é o que? Cumpadi Hilário, tava falano qui na hora di nasce o Serra deve tê entrado uma dúzia di veis na fila da feiúra, ô coitado! Qué sabê Dilma coisa, aqui na roça nóis já decidiu: nóis vai votá numa muié!

Aqui na roça nóis tamém tem os nosso cientista, inquanto us gringo invento o Ipodi, cumpadi Gilhermi qui é isperto dimais da conta cabô di criá o Uaipódi! Nada di mp3 ou mp4, cum nóis mvc3 e mvc4(pá quem num sabi vc é módiviola caipira, tem tamém msfc3 e msfc4 qui é módisanfona caipira). Fala im novela, logo nóis vai criá a nossa novela aqui na roça, vai si chamá Ataio pô Brejo. Vai conta a istória dum cabocro qui era paixonado por uma vaca i qui vivia quereno levá ela pô brejo contra a vontade du pai dela qui era um toro di rodeio da mió qualidadi. É aguarda pá vê. Pur inquanto nóis tá buscano pratocínio pa podê porduzi im arta fidelidadi. Oceis tá rino, né! Pó aguarda!

Essa prosa é uma daptação dum causo di artoria du cumpadi Leomar Baraldi, um contadô di causo lá das banda di Monte Azul Paulista. Diz qui o sobrinho du seu Gonçarves um tar de Eurico foi passá as féria na fazenda, i ondi o tio ia o rapaiz ia atrais, inté parecia aquela musica aondi a vaca vai o boi vai atraiz. Como o rapaiz era metido a istudado purcausdiquê tava fazeno faculdadi, eli deu di querê testá a inteligência do tio. Elis ia andano no pasto io rapaiz ia puxanu uns assunto de físca quântica, otros de físca num sei das quantas, bomba tômica, pressão tromosférica, priguntava si o tio sabia o qui era cárcio, i como o tio num sabia elia ia gozano cum a cara do tio. O rapaiz ia zoano e o tiu só oiano eli di rabo di ôio. Inté qui quanno elis ia passano perto di uma árvre bem foiada i frondosa o tiu parô i falô: - Sobrim, tá veno essa arve?

-Estou sim, tio.

-Essa arve dá caneta.

-Ah, tio, é invenção sua!

-Tô ti falano, essa arve dá caneta.

-Não acredito!

-Tô ti contano. Ocê acha qui ieu ia minti procê! Vai lá di baxo e conféri. Imbora já passô u tempo das caneta, mai das veis ocê consegui vê arguma qui num caiu.

O sobrinho foi inté dibaixo da arvre qui era uma amoreira nu fim do tempo di amora e tinha só umas espaiadas aqui e ali. Deu qui tinha um sanhaço num gaio acima qui deu uma cagada daquelas, sabe cumé né, passarinho num sabi segura a vontadi. Tpéf! Foi uma daquelas borrada di acertá im cheio. Bem nu ombro du sobrinho qui formô uma roda grandi i azulada da frementação das amora que ele tinha cumido.

Veno a cara dispanto du sobrinho, o seu Gonçarves num guentô e já foi logo gritano:

-Ói sobrinho, ispanta não, das veiz contéce di arguma caneta tá sem tampa, viu!

Si oceis gostarô num sei, ieu já tô gostano muito, manda um emeio pá nóis ou prô Yorkuti(sem víru), quieu tô ino cumê uma traira das boa lá no Cumpadi Ernesto, ocê já foi? Inda não? Ô coitadu! Cumpadi Irineu é quem diz: “Adispois da tempestadi é qui vem o perjuizo”. Nóis é bão di filosfia tamém! Larga meu pé narfabeto ambientar! Sô brasileiro, uai! Nóis votô manóis xinga. Quem polui o meiambienti acaba cum a vida da genti. Pópará di poluí, sujão! Òia os musquito da dengui di novo! Bem quieu tô avisano, hein!Tempocabô!

Pódi ôiá u Brógui du Sátiro:

http://www.conexaocaipira.blogspot.com

Psiu: quarqué erro qui oceis notá, num arrepára não!

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