Coluna | BRASILzão
Diego Gazola / Fábio Brito
Diego Gazola,(MTB-SP-44.350), é repórter-fotográfico.Graduado em Comunicação Social pela UMESP-SP, tem se especializado em fotojornalismo de viagens. Em cinco anos, já percorreu mais de um mil municípios em todo o Brasil para avaliação dos atrativos e documentação fotográfica dos Guias Turístico-Culturais da editora Empresa das Artes.As fotografias de Brasilzão são de sua autoria.
diegogazola@uol.com.br

Fábio Brito. Presidente da Empresa das Artes, editora com mais de 160 obras publicadas nos segmentos de turismo, meio-ambiente e cultura; de guias de viagem a livros de arte. Os textos de Brasilzão são de sua autoria.
fabiobritocritica@yahoo.com.br
Pereira Barreto, cercada de água por todos os lados
30/09/2008
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Água abundante para todos os lados

- Como foi sua viagem a Pereira Barreto? 

- Andei por aquelas bandas, em uma viagem a cavalo, há muitos anos. Saímos, meu primo José Carlos de Brito, o Zé, e eu, a perambular pela região, indo da Fazenda Santa Marina, distante 80 quilômetros de Araçatuba, até Andradina. Acompanhamos uma comitiva que levava o gado de uma propriedade para a outra. Passamos muito frio dormindo ao relento em nossas redes, que não eram abrigo seguro contra o vento que parecia atravessar os nossos corpos cansados. Apreciamos o tereré – bebida inicialmente amarga, pois a mistura de mate com a água fria dos córregos resultava numa poção sem graça –, que constituía a alegria dos peões quando relaxavam por momentos durante a dura jornada. Isso nos idos dos anos 70, quando Pereira Barreto ainda era uma localidade pacata, quase esquecida dos demais centros urbanos, que viviam a "febre zebuína" de criação e aprimoramento da raça nelore. Tinham surgido então os reis do gado em Araçatuba: Ovídio Miranda Brito e Tião Maia, os todo-poderosos do Noroeste Paulista, que desbravavam o Brasil em busca de terras férteis para estabelecer os pastos que engordariam o seu gado e alimentariam as suas fortunas. Faz muito tempo, meu amigo! Muito tempo... Naqueles dias, éramos dois guris apaixonados pela mesma garota, a inesquecível araçatubense Elaine Benez. 


Prática de basquete às margens do rio

No cemitério, indícios da relação entre a história da cidade e a imigração japonesa

 Pedalada diária saudável até a escola

A pescaria convencional movimenta a economia local

Prainha, orgulho dos pereira-barretenses

Design futurista de bar em praça central

- Ufa!!! Como você fala! Deixe-me, então, relatar como foi minha experiência por lá. Mas por que pensar em Pereira Barreto, logo hoje? Você se encontra em Londres e me parece bem distante dessa nossa realidade, concorda? 

- Sim, concordo em parte: encontro-me fisicamente, sem dúvida, distante do Brasil. Estou jantando em um pequeno restaurante italiano, no nervoso centro da capital inglesa – Picadilly Circus –, onde os jovens, em grupos barulhentos e alegres, buscam viver o "saturday night fiever" (a febre do sábado à noite). Percebo várias tribos e legiões urbanas que passam pelas ruas movimentadas, enquanto ouço o saudoso tenor Pavarotti executando uma conhecida peça de seu repertório, criando um adorável clima romântico no salão, e aguardo pacientemente o prato que solicitei ao garçom. Volto a pensar em Pereira Barreto. 

- Pereira Barreto, Pereira Barreto... Hummm... Quem foi Pereira Barreto? 

- O doutor Luís Pereira Barreto foi um médico renomado e muito competente, a quem homenagearam quando o distrito de Novo Oriente foi elevado à categoria de município. A Companhia Colonizadora do Brasil, empresa responsável pela introdução de imigrantes japoneses na vasta extensão de terras por ela comprada, entre os rios Tietê e São José dos Dourados, foi quem fundou a localidade que mais tarde se tornaria esta cidade paulista. Localidade, aliás, que abrigou multidões de pessoas vindas de longe para tentar a sorte em solo americano, distante, muito distante da realidade oriental da Terra do Sol Nascente. 

- Pereira Barreto tem, então, sua história muito ligada à cultura japonesa, não é mesmo? Basta prestar atenção aos nomes dos logradouros públicos e das personalidades locais. 

- Como assim? Não entendi o seu raciocínio. 

- Praça Carlos Kato, senhor Sérgio Massuda, entre outros nomes, são exemplos da perfeita integração entre os povos que hoje representam a perfeita harmonia nipo-brasileira. 


Relógio de quatro faces construído em um cruzamento

- Você foi à Praia do Pôr do Sol? 

 - Sim, fui. O sol continua presente como símbolo nesse local aprazível aonde você pode banhar-se nas águas claras e limpas da Represa. Outros atrativos como o templo de madeira Goju-No-Moto-Risaburo Murai, uma réplica do local onde os samurais deixavam livros sagrados e jóias; o Canal Pereira Barreto – segundo dizem, o segundo maior do mundo e importante elo entre as águas dos reservatórios de Três Irmãos e da Ilha Solteira –, os passeios de barco, os pesqueiros, as embarcações que deslizam pelo tramo norte da Hidrovia Tietê-Paraná, a qual interliga os Estados de São Paulo, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Goiás; a Casa de Cultura... 

- Espere! Deixe-me salientar que tudo mudou nessas últimas quatro décadas: hoje, Pereira Barreto é uma “ilha”. Isso para nós era impensável, inadmissível, pois a agropecuária reinava absoluta como a principal atividade econômica da região. Era uma pequena cidade pacata, arborizada, um lugar bom para se viver... 

- E ainda é, meu amigo. Aparentemente os prefeitos eleitos têm prestado bastante atenção às questões ecológicas, relativas à preservação da natureza, em respeito ao imenso patrimônio ali existente: a água! É uma urbe sossegada, um local turístico ainda autêntico, embora, como já dissemos, o presente seja resultado das mudanças enormes provocadas pela engenharia humana.


Final de tarde na aprazível cidade

- Quem naqueles tempos poderia imaginar que Pereira Barreto ficaria, com o passar dos anos, rodeada de águas por todos os lados? 

- Que seja também uma ilha de prosperidade!

- Oxalá!

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